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MANU MONTENEGRO   

[ MANUEL CARLOS MARQUES MONTENEGRO LOPES DA CRUZ ]

 

Como um bom jornalista Manu Montenegro  sempre tem a mão um papel e caneta para fazer anotações rápidas e usou esse método para criar os versos de Boemia suicida e Corda bamba. "Os dois livros nasceram na mesma época. Bem quando eu era um jovem adulto, entre os 20 e 35 anos. São poesias que foram escritas em blocos, anotações, guardanapos e que nasciam de uma palavra ou experiência na rua", explica o poeta. 

Texto extraído de: www.correiobraziliense.com.br

 

 

MONTENEGRO, ManuBohemia suicida.    Brasília, DF: AVÁ editora artesanal, 2018.  32 p..  13,5 x 20 cm.   Designer da capa e diagramação: Marcelo Rodrigues. Foto da capa: Gláucio Dettmar.    ISBN 978-85-54295-01-1   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

DISFARÇO ANSIEDADES

disfarço ansiedades
tentando
disfarço ansiedades
tentando parecer
disfarço ansiedades
tentando parecer

para ser                 

o mais tranquilo


Meu amigo sobreviveu
ao ódio, àquela faca, ao Brasil.
Meu amigo sobreviveu
a três ladrões, doidões, talvez.

Meu amigo sobreviveu
sangrando,
à indiferença da gente ocupada
se fazendo de trânsito.

Meu amigo sobreviveu
na ambulância, nas asas da anja
que deixava a Marina da Glória
e parou.

        Meu amigo sobreviveu a sua hora.  

 

 

MONTENEGRO, Manu.  Corda bamba.  Brasília, DF: AVÁ editora artesanal.  2018.  28 p.  13,5 x 20 cm.   Designer da capa: Romont Willy.  Diagramação: Marcelo Rodrigues.  Consultoria, conceito e artesania: Natália Cristina. 
ISBN 978-85-54295-00-4    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Que culpa tenho eu
se confundem
nosso amor

com

 

graves atentados ao pudor?

 

Escrevo para voltar a escrever.

Escrevo de saudade. Escrevo, sim, mas não a
você.

Escrevo. Pronto.

Não conto nada, deixo à caneta
o poder de eleger
livre qualquer caminho.

Traço estas linhas sujas pela maldade de ferir o
papel,

lhe tirar a virgindade da alvura.

Escrevo outra vem e me vem,
o tempo dos guardanapos rabiscados, que ar-
quivamos
entre amassos em compartimentos invioláveis,

do bolso das nossas calças à dobradiças do
coração.

Escrevo.

Cansei de esperar um porquê.

 

 

Página publicada em abril de 2019


 

 

 
 
 
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