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Sobre Antonio Miranda
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

LUIZ MANZOLILLO

(1930-2007)

 

 

O escritor Luiz (José Henrique Scala) Manzolillo nasceu na cidade do Rio de Janeiro aos 26 de junho de 1930 e faleceu em Brasília aos 28 de marco de 2007. Era filho do comerciante Antônio Manzolillo e da renomada artista plástica Paola Scala Manzolillo. Foi o primeiro presidente do PSB no Distrito Federal, tendo sido o principal incentivador da carreira política do deputado Rodrigo Rollemberg. Outro político de sua relação de amizade é Sebastião Abreu, antigo companheiro de militância. Entre seus amigos escritores, contava sempre com as presenças marcantes dos poetas João Carlos Taveira, José Santiago Naud e Newton Rossi. Em todas as carreiras que desenvolveu, no Banco Central, nos esportes, no jornalismo e na política, Manzolillo era figura popular. Ultimamente, dividia-se entre Brasília e Miami (EUA), onde foi uma espécie de divulgador cultural do Brasil.

 

 Manzolillo escreveu 22 livros, que vão do ensaio ao romance, passando pelo conto, pela novela e pela poesia. Entre eles, destacam-se Pão de Barro, Cultura – Um Salto na Era Cibernética, Sonetos de Outono e A Barca de Ceres (Prêmio Afonso Arinos de literatura, da Academia Brasileira de Letras, em 1991). Em 2006, o escritor perdeu seu único filho homem, Mássimo Manzolillo, conhecido jornalista em Brasília e também cronista do Jornal do Brasil.

 

A morte prematura do filho abalou profundamente o seu ânimo e contribuiu sensivelmente para o enfraquecimento de sua saúde. Antes disso, já havia sofrido um infarto do qual se recuperava. E assim, na noite de 28 de março de 2007, Manzolillo teve o infarto fulminante que o afastou para sempre do que mais gostava de fazer: escrever e viajar! 

 

“Manzolillo era um escritor fecundo e, em matéria de política, perseguia com alegria a utopia do socialismo.” Sebastião Abreu.

 

“Luiz Manzolillo era, em síntese, um ser ecumênico que transbordava otimismo na lavratura das palavras. A literatura para ele era como o ar que respiramos.” João Carlos Taveira

 

“Sinceramente reconhecido a Luiz Manzolillo por vê-lo exercer a arte como serviço, e usar a inteligência como instrumento de beleza, multiplicação da liberdade e fundação do homem solidário.” Santiago Naud

 

“Luiz Manzolillo é um escritor multímodo. Estreou com um ensaio sobre a estrutura do futebol brasileiro, que incluía propostas de nova organização e novas regras.” Anderson Braga Horta

 

 

Veja também: HOMENAGEM A LUIZ MANZOLILLO EM COLÉGIO NO DF

 

 

POEMAS DE LUIZ MANZOLILLO

Do livro Sonetos de Outono 

 

VIA LÁCTEA NA TIJUCA

 

Se dizem-me insensato por ouvir

Estrelas, qual Bilac, talvez razão

Proveja. Mas é inútil argüir

A racionalidade ao coração.

 

Devo do amor insano refugir?

A estrela amiga abandonar de mão?]

Não posso. Então convido-os a assistir,

Da Via Láctea, a mágica atração!

 

Direis agora: que paixão se inculca,

Na mente do poeta, ante as estrelas,

A pratear as matas da Tijuca?

 

Eu vos responderei que reincido

E, apenas por olhá-las, posso tê-las,

E ouvi-las, como o amor não tem me ouvido.

 

 

            RARÍSSIMO LAVOR

 

Ansiei por ti a vida toda, embora

Perambulasse descaminhos, cego,

Perdido como náufrago. Em degredo

Buscava, dentre o lodo, a luz da aurora.

 

Assim como és, esbelta, eu quis, sem medo,

Trilhássemos a estrada vida afora,

Musa cativa minha que esplendora

O céu de inspiração em que me apego.

 

Dos páramos sutis da Claridade

Desceste, prenda, envolta pelo amor,

Num manto alabastrino de bondade.

 

Assim és tu, raríssimo lavor,

Anjo de guarda feito Caridade,

Na exaltação do Deus interior.

 

 

            TIMIDEZ

 

Memória de um passado revolvido,

Relembro fugazmente o amor tão caro,

Tão viçoso, tão cândido, tão raro,

Em seus transportes, que hoje só bendigo

A inspiração veraz em rimas claras,

Que a insopitada timidez, ferida,

Perpetuou no incógnito jazigo

Do coração patético, no avaro

Arquivo imemorial da noite insone,

Povoada de angústia e de esperança,

Penares loucos, raios de um ciclone,

Tormentoso ciclone, amor perdido,

Deixando sulcos de desesperança,

Mas o consolo real – tê-lo vivido.

 

 

         ESQUECIDO SONETO

 

Ó minha mãe, perdoa-me, se um dia

Teus olhos claros marejei de pranto,

Irreverente, rasurando o encanto

Do rosto transtornado em agonia!

 

Em verdade, soubesse que feria,

No meu adolescente vezo, tanto,

As mágoas que causei, o desencanto,

Em dádivas de amor transformaria.

 

Modelo és sempre o meu de exaltação;

A tua luta, alfombra acolhedora,

A arte que pintaste, inspiração!

 

Se a vida é traço forte debuxado,

Debuxos teus serão, por certo, os louros

Que colherei em versos e baladas.

 

 

            TEMPOS

 

                   A Isabella, de Miami

 

Ó que saudades, filha, das imagens

Dos tempos teus da infância, dos folguedos,

Dos olhos doces, do sorriso ledo,

Debuxos fugidios na miragem...

Nas horas da distância, na voragem

Do tempo carcereiro, nos meus medos,

Teu vulto invoco, em pranto (meu segredo),

Em confidência, ao perpassar da aragem.

 

Olhando o verde-mar destas areias,

Ainda mais te alcanço em pensamento,

Nas alvas praias do Nordeste, meiga.

 

Mas logo me convenço dessa falsa

Visão de antanho, vã, que me atormenta,

Pois tempos nem menina voltam mais.

 

 

            ERA UMA VEZ...

 

                   A Adriana, Ana Paula e Giovana

 

Era uma vez, num tempo esplendoroso,

Das fadas e dos magos, ilusões,

Três meninas havia, três botões,

Celestes camafeus de flores rosas.

 

Crianças embalei-as, graciosas,

Personagens da vida na ficção;

O tempo, ah! leva tudo de roldão,

Ciranda, cirandinha caudalosa.

 

Aí vão elas para a escola, em bando,

Mocinhas buliçosas, meus amores,

Nas auras protetoras dos seus anjos.

 

São minhas? Mais que minhas, são de Deus!

Embora, ao meu olhar, as mesmas flores

Da história dos celestes camafeus...





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