LEONARDO SAMPAIO
Leonardo A. Sampaio, nascido em agosto de 1974 em Brasília, é graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Andou por Moscou em 1990 e passou meses na Península Ibérica (1993) e na Itália (1994) realizando pesquisas. Fez parte da equipe que realizou estudos para as comemorações dos quinhentos anos deo Brasil para a Câmara Legislativa Federal. Tem poemas traduzidos na Romênia, por onde andou em 2000. Traduziu para o português os poemas de San Juan de la Cruz.
“É em nossas fontes mais autênticas — a rica, às vezes alegre, à vezes taciturna paisagem humana da Península Ibérica, plural no sangue, na experiência e nos destinos — que Leonardo procura os seixos com que desenha os seus mosaicos no chão deste novo ocidente e deste novo século.” (...) “Todo retorno é triste, mas todo retorno é sábio. Leonardo parece exilado em seu tempo, como quase todos os poetas são banidos de seu país natural.” (...) “O sebastianismo de Leonardo tem muitas leituras, e temo que nenhuma que eu possa fazer esteja de acordo com sua própria razão. Em primeiro lugar, jovens como Leonardo se encontram normalmente insatisfeitos com a realidade de nosso século. O saudosismo é uma saudável aspiração de glória. Leonardo tem dois tempos que marcam a sua inquietude, e ambos densos daquela hora antiga: o fim do século XV com a afirmação do poder dos Reis Católicos e a descoberta da América, e o fim do século XVI, com a tragédia de Dom Sebastião, um rei quase adolescente que, aparentemente, foi tangido para morte na África pelo misticismo e pela inocência.” Mauro Santayana
Elogiado, em carta e através do Secretário Geral Don Rafael Spottorno, por SSMM Católica Don Juan Carlos da Espanha, na no 200 e, em 2003, por SSAA Fidelíssima o Duque de Bragança, Dom Duarte Pio.
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTO IN ITALIANO / EN ESPAÑOL
De
A APOTEOSE DE SÃO HERMENEGILDO
São Paulo: All Print Editora, 2000
ISBN 978-85-7718-258-9
Desvendando o verso da lápide
(ao dente de Don Duarte de Menezes e à um corpo encontrado
perto de Rabat, que continue, por ora, morto)
Vale o Homem o que faz e que fica
Fico então pensando só, sobre o mar,
Quer morri cedo e essa corja maldita
Já me faz desistir de pensar em voltar!
De Profundis
(ao Príncipe de Venosa e a
livraria de Santo Isidoro, em León)
No meu rosto corre o pranto
(Dos olhos sangue derramado)
De quem da vida o encanto
Deserdou do corpo fraco.
Hécuba no prado uivando,
Inconsolada do triste fado,
Epicédio, dos lábios canto,
Lembra de Marte o cruel ato.
Ah, Senhor Deus dos aflitos,
Das almas que em fogo ardem
Atentas, do abismo, o som!
E dos que da vida são banidos
E que da morte crêem menagem
Libertas, Kyrie Eleison!
Canção tua, Morta
(Dedicada ao “Gray” e a “Black Lady”,
a Hilliard, a Morella de Allan Poe
e a Lozano)
Ai, minha Senhora, mostra-se tão triste
Tua face no esquife ladeada de rosas,
Que mesmo triste na Terra não existe
Outra tão bela, inda que morta.
Tão triste, tão bela, tão descontente,
Tão inconformada da partida
Que quem teu rosto vê logo pressente
Que não demorarás a retornar a vida.
Amor, não demoras, logo vinde
Para este mundo estar comigo novamente,
Tira a mortalha, recobra tuas vestes,
Que in vultu color est sine sanguine.*
Isso fazes antes que, vilmente,
Do teu corpo façam pasto para vermes.
(*) provérbio latino para expressar a palidez de uma pessoa.
Revenant
(A Gray e a Black Lady,
a Chamberland e à Dona “Pé-de-Cabra”)
Teu chamado causa medo,
Como a resposta, que é em vão.
Pois respondendo só um espelho
É o que há, não vós no salão.
Nos lábios uma canção de epitáfio,
O corpo marmóreo lapidal,
Os cabelos veludo mortálhico,
O desejo mórbido, carnal.
Lábios, corpo, cabelos, desejo,
Cadáver ressurgido saudável.
Passado morto, porém não putrefacto.
Levanta-se do túmulo (humano anseio)
E dirige-se e diz ao presente execrável:
“Voltei para levar-te, de facto.”
Dies Irae
À Fagundae na Terra Nova, 1521
O dia em que, sabeis vós,
Da terra a bruma subir
Do sol o brilho se esvair
Do pó nãos e voltar ao pó
Da neblina há de surgir
Garboso, altivo cavaleiro trajado,
Que inda garboso monta o cavalo,
E grita, morto-vivo, a rugir:
“Mentiram os arautos quando
De Alcácer anunciaram-nos a derrota
Frente o torpe vil do islão.
Mas que agora se espalhe, cantando,
A grata e esperada boa-nova
De que voltou El-Rey, Dom Sebastião!”
Johnny e eu vamos à guerra
Ao caro Filipe Seabra, música incrível
Sem dentes para sorrir,
Cem motivos para chorar<
Nem olhinhos par Amim
Poder ver outro lugar.
Isso é para ser um soneto,
Mas alguém que quase
Sem forma, sem vida, sem jeito
Está, é melhor esquecer e largar o lápis.
Termino chorando e dizendo
(na verdade não posso, me é impossível,
Já que não sou um ser normal)
Que ninguém ouvirá meu lamento,
Já que não falo, choro e, incrível,
Não passo de um se artificial!
ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos
Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
Esconder-me
Aonde ir,
Sem ao menos vislumbrar,
A presença sentida,
No interior da alma.
Esconder-me impossível,
Sentimento declina-me,
Inquietude visível,
Olhar denuncia-me.
Como ir, se as pernas,
Não obedecem a vontade,
Instaurada pela necessidade,
De passos longos e verdadeiros.
Ao seu encontro quero ir,
Na orla do sentimento,
Alimentado por sus consciência
Enraizada pela necessidade vital.
Ao seu encontro quero ir,
Mostrada pela inquietude,
E a rota única destinada,
Pelo coração que irradia ao anseio,
Deixe-me com você,
Vivo dentro de sua alma,
Acalorando o puro desejo,
De tornamos uma só carne!
Assim espero,
Assim desejo,
Assim visualizo,
Assim necessito!
Somente você e eu,
Neste desejo único,
Da vontade louco,
De sermos uma só carne!
TESTI IN ITALIANO
De
A APOTEOSE DE SÃO HERMENEGILDO
São Paulo: All Print Editora, 2000
ISBN 978-85-7718-258-9
Rivelando il verso del tumulo
dedicato al dito di Dom Duarte de Meneses e un corpo
incontrato a Rabat (che continui, per ora, morto)
Vale l´uomo per ciò che fa e ciò che lascia
Resto così a pensare solitario sul mare,
Che morii presto e questa gentaglia maledetta
Mi fa già desistere di pesare in ritonare
De Profundis
(al Principe di Venosa ed Allá
livraria di Santo Isidro a Leon)
Sul mio viso ocorre il pianto
(Dagli ochhi sangue versato)
Di chi dalla vita ogini incanto
Disertó dal corpo debole.
Ecuba sul pratoa urlando
Sconsolata del triste destino,
Epicedio, tra Le labbra cantando,
Ricorda di Marte l´atto crudele.
Ah, Signor Dio degli afflitti,
Delle anime che nel fuoco ardono
Ascoltano, dell´abisso, il suono!
E da quelli che dalla vita sono esclusi
E che la morte giudicano castigo
Liberaci, Kyrie Eleison!
Canzone tua, morta
(Dedicato a “Gray” e a “Black Lady”,
a Hilliard, alla Morella ie Allan Poe
e a Crisóbal Di Lozano)
Oh, mia Signora, ti mostri cosi triste
Il tuo viso nel féretro cocondato di rose
Che pur se triste sulla terra non esiste
Altra cosi bella, anche se morta.
Così triste, così bella, così ascontenta,
Tanto rassegnata per la partenza
Che quelli Che vedono il tuo viso súbito capiscono
Che non tarderai volto a ritornare in vita.
Amor mio, non tardare, vieni presto
Per essere in questo mondo nouvamenteo con me.
Togli il lenzuolo fúnebre e riprendi le tue vesti,
Che “in vultu color est sine sanguine”. *
Fa´ ciò pirma Che vilmente,
Del tuo corpo facciano pasto i vermi.
* provérbio latino che indica la pallidezza di uma persona.
Tornando
(A Gray e a Black Lady,
a Chamberland eaà Dona “Pé-de-Cabra”)
Il tuo richiamo fa paura,
Come la risposta, che è in vano,
Poiché rispondendo uno specchio soltanto
È quello che esiste, non voi nella sala.
Sulle labbra uma canzone di epitaffio,
Il corpo marmóreo come uma lapide,
I capelli vallutati come la morte,
Il desiderio morboso, carnale.
Labbra, corpo, capelli, desiderio,
Cadavere risorto sano.
Passato morto, ma non putrefatto.
Si alza dalla tomba (umano desiderio)
e si rivolge e dice al presente abominevole:
“Sono tornato per portai via, invero.”
Dies Irae
A Fagundes nella Terra Nova, 1521
Il giorno in cui, sappiate voi,
Dalla terra la nebbia sale
Dal sole lo splendore svansice
Dalla polvere non si ritorna alla polvere
Dalla nebbia deve sorgere
Elegante, maestoso, da Cavaliere vestito,
Pieno di garbo monta a cavallo,
E urla, morto-vivo, a ruggiere:
“Mentirono i messaggeri quando
Di Alcacer ci annunciarono la sconfitta
Di fronte al vergognoso villano dell´Islam.
Ma che ora si sparga, cantando,
La grata Ed aspettata notizia
Che è tornatto il Re, Dom Sebastião”!
Johnny ed io andiamo alla guerra
Al caro Filipe Seabra, musico straordinario
Senza denti per sorridere,
Cento motivi per piangere,
Neppure occhi per
Poter vedere um altro luogo.
Questo deve esser um sonetto,
Mas qualcuno che è quasi
Senza forma, senza vita, senza disposizione
È meglio che dimentichi e abbandoni la matita.
Finisco piangendo e dicendo
(In verità non posso, mi è impossibili,
poiché non sono um essere nomale).
Che nessuno senta il mio lamento,
Piché non parlo, piango e, incredibile,
Sono sol un essere artificiale!
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TEXTO EN ESPAÑOL
De
A APOTEOSE DE SÃO HERMENEGILDO
São Paulo: All Print Editora, 2000
ISBN 978-85-7718-258-9
BAILADO
Manuel Antonio Florez
Donde el desempedido sol castillano
Dora d´oro el suelo europeo
(Tornando fogosos los ingenios humanos
Y más calientes los ímpetos del deseo)
Una pálida doña y un estraño Mozo
Se quedan, parados, a mirar
Cuando a tocar una alta y hermosa música
Empieza a tocar en la sala andaluza...
Página publicada em agosto de 2008
Metadados: Sebastianismo; Testo in Italiano – Poesia Brasiliana
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