Felicidade... !
A felicidade é assim sem motivo aparente...
Uma quietude branda, um estar bem consigo,
Uma alegria serena que domina a Gente:
Esta ventura completa que hoje está comigo !
E por que não dizer que ela se repete,
Quando me envolvo vibrante em um poema,
Quando a paz me edifica um novo esquema
No engenho de amor que a vida reflete ?
Felicidade é assim e não se explica,
Não se sabe quando chega e porque começa,
Não depende de algo que com a Gente fica
Não decorre de nada que se peça !
Felicidade é o lugar que procuro
Fora do tempo e do espaço,
Nada que dependa de outrem
Mas só daquilo que faço !
Se não sei por que sou feliz,
Se razões não vejo neste aqui e agora,
Está certo quem sempre diz:
A felicidade não vem de fora !
Vesperal...
O torpor do sol cálido e silente,
O sonhar ensimesmado de toda a gente,
A solidão aconchegante em harmonia
Vibra estática na beleza deste dia !
O sol da tarde, quietude luminosa
Inebriando de perfume a natureza,
Solidário na alegria e na tristeza
Cantando a luz dormente, esplendorosa !
Tarde em poesia das recordações,
Melancolia das vidas não vividas
Dizendo nos versos de todas canções
Esperanças e quimeras desvalidas
Torpor da tarde de quietude infinda,
Só no coração um motivo se faz
No embalo de sonho desta luz tão linda,
Na realização profunda desta nossa paz !
Tarde fagueira que ao poeta encanta
Musa de verbo eloqüente e inspirado,
Carrega no vento mensageiro alado
Toda a poesia que este peito canta !
Direitos Autorais
Ah ! Este encontro com o que nos vai no peito !
Pausa de recolhimento em que buscamos
Ditoso entrosamento mais que perfeito
Vereda da poesia que tanto amamos !
A dádiva que facilita o nosso canto
É inefável penhor de pregressas eras,
Pois de repente não geramos tanto encanto
Nem temos tempo para tantas quimeras !
Não há autor exclusivo da beleza
A rima feliz não é prerrogativa,
Pois a poesia é toda a natureza
Do Criador, a fonte positiva !
Nos cremos então autores primeiros
Da harmonia, do belo e da fantasia
Mas na verdade somos todos prisioneiros
Da ilusória criação da poesia !
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