JORGE AMÂNCIO
Carioca, nasceu em 1953 e reside em Brasília desde 1976. Licenciado em Física pela Universidade de Brasília, professor da Fundação Educacional do Distrito Federal, participante e ativista de movimentos sociais de luta contra o preconceito racial. Começou a publicar seus textos poéticos no jornal Raça do M.N.U. (Movimento Negro Unificado), no início dos anos 80.
É responsável, com Marcos Freitas, pela organização do evento Poemação no auditório da Biblioteca Nacional de Brasília, desde meados de 2009.
AMANCIO. Jorge. Negrojorgen. Brasília: Itiquira/ACAE Comunicação e Editora, 2016. 92 p. 9x12 cm. ISBN 978-85-7062-6950-0
NAVALHA
Meu poema
abate
aqueles que creem
que pela cor
faz-se o homem
SEGREDO 34
A tua presença
cresce em luz
ilumina
os cantos da sala
O corpo negro
radiante de luz
desliza
sobre os objetos
Contagia a fala
Conspira pela paz
Transpira
gotas brilhantes
A negra presença
desce do invisível
transforma
a realidade em luz
AMANCIO, Jorge. Nós outrxs. Brasília: SEMIN Edições, 2018. 110 p.
12x18 cm. Diagramação e capa: Potyguara Pereira NetroçJorge Amancio. ISBN 978-84-54917-02-9
a beleza negra traz
na postura de Iansã
os segredos de Oxum
a vontade dos Orixás
a beleza negra sobrevive
no padrões belos da negritude
aprisionada, sem cuidados
competitiva e invisível
beleza africana
cor do universo
traz no sorriso
força e negritude
a beleza negra aflora soberana
na força do negrume germina,
poder de ser feminina.
AMÂNCIO, Jorge. Batom d´amor e morte. Brasília, DF: Thesaurus, 2014. 86 p. 14x21 cm. Capa: Victor Tagore. ISBN 978-85-409-0328-9 “ Jorge Amâncio “ Ex. bibl. Antonio Miranda
anonimato
...os olhos de Rapunzel
caíram sobre o papel
numa mecha roxa
Os olhos são pássaros raros
...passeando sobre seu corpo
ruíram sobre a nudez
tochas ladras de escultura
A boca é um ticket de ida
...o músico toca o trompete
deixando a marca de batom
na boquilha apertada
Sem nome,
ela prefere passear,
oferecendo a calcinha preta
vamp ira
Andavas pelas pernas do vento
logrando seu ventre ao sémen
constituindo enigmaticamente
minha vamp ira em fogo
Crucificavas minha memória
procurando um elo-sanguíneo
entre o passado e o futuro
Desnudavas acordes atonais
embaçando os olhos rayban
metralhando sob a pele víbora
tatuagens vampirescas traçadas
pela mandíbula venenosa
Jorge Amâncio e Antonio Miranda no lancemento do livro
De
NEGROJORGEN
(poesia)
Brasília: Itiquira/ Thesaurus, 2007
ISBN 978- 85-7062-695-0
(A capa do livro é um labirinto palindrômico, de autoria de Rones Lima)
RELIGAFRICA
Religai,
religar o homem a sua origem
Com espiritualidade, sem ícones,
sem reis, sem donos, sem opressão,
sem medos, sem pecados ou culpas.
Religar,
aos antepassados,
a África,
aos tambores,
aos Orixás
Religar ao primo ponto
Útero da humanidade
Religai
Religar o homem ao Ser
com igualdade, sem discriminação
sem inquérito, sem perseguição
sem mortes, sem escravidão
Religar
ao hoje
ao segredo dos tambores
ao primo ponto
uúero da humanidade
Religrafrica
MUNDO SEM FRONTEIRAS
Muçulmano cristão
judeu islâmico
branco negro
pobre rico
Haiti Nova York
0 medo tem fronteiras
marcadas pela miséria
pela cor pelos apelos
0 mundo é sem fronteira
PRETO N0 NEGRO
grana preta peste negra
minha preta pérola negra
faixa preta cambio negro
negropreto
musica negra
poesia negra
artista negro
um preto
pretinho basico
pretaporter
pretonegro
negro gato
gato preto
caixa preta
buraco negro
SEGREDO 44
A existência
A negrejar
Tatuou-se em ti
A semente
A enegrecer
Embrionou-se em ti
A vida
A negritude
Cicatrizou-se em ti
A beleza
A negrura
Instalou-se em ti
AMÂNCIO, Jorge. Negrojorgen. Brasília: Ler Editora, 2012. 108 p. 14x21 cm. Projeto gráfico Nathália Alencar Neiva. IBSN 978-85-7062-695-0 Col. A.M.
segredo 33
Destes teus olhos negros
espero nunca escapar
Serei teu espelho
Escolha única dos teus
jogos de armar e amar
Objetos negros de se olhar
Segredos teus, segredos meus
segredo 34
A tua presença
cresce em luz
Iluminando
os cantos da sala
O corpo negro
radiante de luz
desliza
sobre os objetos
Contagia a fala
Conspira pela paz
Transpira
gotas brilhantes
A negra presença
desce do invisível
transformando
a realidade em luz
Página publicada em agosto de 2009;- ampliada e republicada em dezembro de 2013; ampliada e republicada em novembro de 2014. Ampliada e republicada em maio de 2018
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