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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

ILDEFONSO DE SAMBAÍBA

 

 

Nasceu na cidade de Grajaú (Maranhão) e reside em Brasília desde 1972. É Titular do grupo literário Academia de Letras de Taguatinga (Distrito Federal); Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo e Relações Públicas); pós-graduado em Literatura Brasileira (Universidade Católica de Brasília) e em Educação (Universidade Portucalense Infante D. Henrique – Portugal); mestre em Teologia (Escola Superior de Teologia, do Rio Grande du Sul), com a dissertação “A Ética sob a Ótica da Poética Candanga”; doutor em Filosofia pelo programa Bircham University (UE), com a tese “Remo, Rima, Rumo: os três erres da filosofia do Homem de Samjahlia”. Funcionário do Banco Central há mais de 30 anos, jornalista, poeta e ex-professor municipal. Na imprensa, teve militância em vários órgãos: funcionário da Imprensa Nacional (editoração do Diário da Justiça); Jornal dos Sports/RJ (repórter); jornalista responsável pelo Escriba (1998/2000), periódico do Sindicado dos Escritores; atualmente, publica no Jornal "Ciência e Cultura" a coluna “Ciência ponto Consciência”. Integrou delegação brasileira que participou do "V Festival de Poesía y Arte de La Habana" (Cuba), em 2000. Verbete no Dicionário Biobibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos, de Adrião Neto, Editora COMEPI, 1998; verbete no Catálogo da Coleção Especial do Escritor Brasiliense/2000, da Câmara Legislativa do Distrito Federal; verbete no Catálogo de Escritores Brasilienses/2001, da Fundação Cultural do Distrito Federal; verbete no Dicionário de Escritores Brasilienses/2003, 2a. edição, de Napoleão Valadares.

 

Obra editada

 

Florescência, poesia, em edição comemorativa pelos 175 anos de fundação da Imprensa Nacional, Brasília, 1984; Vida de Vidro, poesia, Jotanesi Edições / RJ - 1994; Quem matou as Gazelas? (2ª edição), poesia, Fundo de Arte e Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, Brasília, 2002; Buquê de Urtigas, coletânea poética da obra do autor, editada pela Academia Taguatinguense de Letras e Projeto "O Livro na Mão", para a rede oficial de ensino do Distrito Federal/1999; participante em várias antologias, entre elas, II Antologia de Poetas Lusófonos, editada em Portugal, em 2009; Brasília Vida em Poesia - 36 anos, DF/1996 (org. de Ronaldo Mousinho), e três outras, bilingües (português/espanhol), Espejos de la Palabra/1999 e Poesía de Brasil/2000, editadas pelo Proyecto Cultural Sur  (integra autores da autores da América Latina); Entresiglos – Selección de poesía de autores contemporáneos , Bianchi Editores, Montevidéu (Uruguai), 2002.

 

 

Fortuna Crítica

 

"Se um Buquê de Urtigas não nos tirar do lugar, o que mais o fará? A poesia de Ildefonso Sambaíba é assim, tanto buquê quanto urtiga. Explico: a suavidade das  palavras, das imagens, é uma pista-falsa. O poeta esbanja uma intensa consciência, por vezes amarga, na maior parte das vezes crítica, dos seus sentimentos, ou seja, dos sentimentos do eu-lírico."(Sylvia Helena Cyntrão – doutora em teoria literária, pela Universidade de Brasília e chefe da revista Universa, da Universidade Católica de Brasília);

 

"Buquê de Urtigas é uma coletânea com 49 poemas, subdividida em três partes. Na primeira, há um lirismo construtivo do homem-cidadão, aquele que se fez identidade diante do espelho, sem ser Narciso. Na Segunda parte, homem e poeta, em linguagem essencialmente metalingüística, interpretam o mundo, dissecam dizeres e fazeres da poesia e da antipoesia de viver e de fazer versos. A terceira parte é o que se poderia dizer de constante migração: é o homem que veio à busca do poeta, deixou seu norte (Nordeste) e não consegue ficar distante dos seus sentimentos." (José Ferreira Simões – mestre em Educação, professor da Universidade Católica de Brasília e Presidente da Academia Taguatinguense de Letras/DF, escritor e poeta);

 

"A obra Buquê de Urtigas apresenta-se adequada para a clientela à qual se destina: estudantes do segundo grau. O autor utiliza-se de linguagem coloquial, recurso de grande importância para construir a formação do leitor... poemas permeados de grande musicalidade, rimas e recursos estilísticos, capazes de atrair, encantar, enfim, seduzir o leitor." (Renata Rodrigues Freire - Representante da Fundação Educacional do Distrito Federal, na comissão de seleção de obras para o Projeto "O Livro na Mão");

 

"A poesia é seu reino. Continue a ser-lhe fiel. Gostei de lê-lo, em Vida de Vidro."(Antônio Carlos Villaça - escritor e membro Academia Brasileira de Filosofia - Rio de Janeiro).

 

"Foi com grande satisfação que recebi Vida de Vidro e constato que a produção cultural maranhense se manifesta em diversas partes do país. E o que é mais importante, com qualidade." (Fernando Bicudo - Teatrólogo, presidente do Centro Cultural Ópera Brasil, e do Teatro Artur Azevedo - S. Luis);

 

"Vida de Vidro descreve a trajetória poética e pessoal de um autor que alia a compreensão do mundo à preocupação com a forma... Em versos bem construídos são impressas reflexões, crenças, reminiscências e utopias. O conjunto reforça a tese de que a poesia é e será sempre necessária.” (Zuleica Porto – Jornalista, resenhista e cineasta - Brasília).

 

"Em Florescência temos uma poesia que nos traz a personalidade do poeta, ambivalente... Uma poesia nativa de raízes distantes – o velho interior do Maranhão; uma poesia solitária, que brota dos cerrados de Brasília; um jogo de palavras, de sentimentos e realidades.” (Manoel Antônio Barroso – Jornalista, articulista e critico literário e resenhista - Brasília).

 

 

Prece IdS

 

                              Ó Mestre,

 

És luz que manobra mentes rumo à compreensão do mundo

Gratidão plena por excluir-me de sofrimentos maiores

Torna-me forte e abranda meu coração!

 

Amém.

 

 

 

 

 

 

 

Poemas de Ildefonso de Sambaíba

 

 

 

Vida de Vidro

 

 

(aos frutos incertos

do futuro... juro!)

 

Quando nos vem tal a espinhos

cravados entre a carne e a unha,

doída;

Doma lobos que habitam fendas,

entre as pedras, entre as lapas,

lapida.

 

Ainda que farta e desimpedida,

há uma pergunta a ser res-

pondida:

 

Onde foste, ó doce encanto

um dia profícuo e encantador?

Que se retraia meu espanto

                         atormentador!

 

“Si dar” é adaptar-se

ao tempo, incontinente,

que não aprendeu retornar ...

 

... acepções cujas deveriam

não constar em gramática.

Vida enigmática:

 

Vidraça!

 

 

***   ***   ***

 

 

A flor de káktos

             

         

                          Quando de mim

nenhuma palavra, sequer, nascer

estarei mudo?

 

                       Quando de vós

nenhuma idéia, sequer, verter

cessara tudo?

 

– É inútil pensar

   que nada mais restará

   a não ser partir e calar

 

   Então vinde, ó vozes,

   ao permanente encontro

   com os caminhos da luta!

 

                    Em campo raso

   não há palco, nem cenário

   Somos nós em nosso plenário

 

                  Em território neutro

   não deve haver ressentimento

   Somos nós em nosso parlamento

 

   Aqui nada pode ser negado

   Somos condutores da verdade

   tragada em palavras límpidas

   como flor em galho sem folhas

  

   (a flor de káktos)

 

 

   E ninguém

   se renderá ao fracasso

 

   Quanto a mim

   só quero um destino:

 

   ser feliz!

 

 

 

***   ***   ***

 

 

 

Quem matou as gazelas?

 

                     

Deixem-me exaltar as formosuras

e nada mais pedirei

até que a próxima noite envelheça

               e um novo dia amanheça

 

Vêm-me lembranças

das moçoilas em perfil escultural

convidando-nos a compartilhar da ceia

 

Vejo o arco-íris

pendente, debruçado acima dos cumes

Místico facho...

             faixa multi que me encandeia!

 

Ai! Agora há confronto:

Gazelas deterioradas exalam

retalhadas sobre o capim da savana

(lidam com as brutas leis das selvas)

 

Qual das três cenas

pode o artista fazer não constar

na aquarela que irá para moldura?

(desenhará fugas, ausências e relvas)

 

Omitir é uma forma de mentir

Quais os critérios de sutilezas

para reconstrução de belezas?

 

Meditativos nos alpendres

queiramos prever

 

só risos.

 

 

***   ***   ***

 

 

Flagraste minha alma em repouso

 

 

Tanto quanto Johannes Vermeer

inspirou-se nas belezas de Delft

Além mais do que Marcel Proust

encantou-se com “Vista de Delft

impressionei-me por ti

 

– Quando Atos Institucionais

    eram as leis válidas no País

    No campus fervilhavam filhos

    Nos campos guerrilhavam pais

 

    Sob rescaldos daquela fogueira

    o ataque da águia rasteira

                  sobre a presa indefesa

 

    (flagraste minha alma em repouso)

 

    Impassível, tornei-me cativo

    das tuas aparentes ausências

    de estética, de poética...

                                     diabrete!

 

    Dezoito anos após

    encontro desculpas

    que tanto buscava:

 

    eu te amava!                        

 

 

 

***   ***   ***

 

Se prometi menti

                      

Citaríamos a situação

Estávamos tu e eu

             numa colônia

             num coliseu

 

Espalhei

nos quatro cantos

superstições

Ofereci bons atos

em orações:

 

Grutas de chamas

pular

Muros farpados

polir

 

prometi?

 

 

 ***   ***   ***

 

Lavradores dos Sentimentos

 

Têm os artistas

mais luz nas vistas

ou são apenas artistas?

 

– Dragam dos mares

   dragões dos males

   Malabaristas?

 

   Além, nos lares

   têm sonhos altos

   Alpinistas?

 

   Na paz do ócio

   são poetas

   Lavradores

   dos sentimentos

 

   No equinócio

   semiprofetas

   Trabalhadores

   dos pensamentos

 

   São alquimistas?

   São simplesmente

   artistas. 

 

 

***   ***   ***

 

Sarah-Cura

 

               (à hospitalidade)

 

Campos de Goytacazes,

        óleo de pedra dura

Campos de Jordão

fonte de água pura

 

Sarah: oficina de cura

 

Campos da Paz

Campos Formosos

(campos belicosos)

 

Cantai

com total candura:

Germinam roseirais

a semente está

 

madura!                                           

 

 

***   ***   ***

 

                                                          

Outono de cedro

 

Flores

exalam e expiram

de forma poética

 

Frutos

recém-madurecem

de forma patética

 

No outono da vida

homem é fruta ma-

dura...

 

dura dialética!

 

 

***   ***   ***

 

 

O “z” da questão

 

Mariete

esbarrou

na muralha da incredulidade

Dizia ser atéia

 

Marizete

embarcou

na enxurrada do total fanatismo

Seguia meio à toa

 

Marionette

equilibrou-se

na eqüidistância daqueles extremos

Fingia como um’atriz

 

Para vossas mercês,

com “z” maiúsculo:

 

nota 0,3.                                                          

 

 

***   ***   ***

 

 

Caem tábuas do palanque

 

                                Fale-se tudo

antes que as tábuas do palanque

comecem ranger e ameacem ruir

 

- Fica-se mudo

  se o último confidente

  razões tem para se despedir

 

  ...se todos os recados

  já se fizeram transmitir

 

  ...se  nenhum auditório

  quer-nos outra vez ouvir

 

  O grito há de ser profundo

               quando poliglotas

  diálogos em nosso dialeto

  se recusam a traduzir

 

  Afonia é tormento

  Elaboremos o ungüento:

  clamar, clamar, clamar

 

  pra curar e ungir.

 

 

 

***   ***   ***

 

 

Anéis de Saturno

 

                 (Embriaguez)

 

No primeiro trago

zero, nadinha

percebi

 

O segundo trago

foi o primeiro

que repeti

 

Nos tragos terceiros

os anéis de Saturno

reconstituí

 

E os demais tragos?

Moldaram estragos

e nem os vi

 

Pouco sobrou:

         amparar

    reparar

ré! 

 

 

***   ***   ***

 

O tom da toada

 

A melhor escola é o mundo

Repleto de sabedorias,

                ápice das utopias

 

Competências de fada

Demonstra

o tom da toada

 

Compassos do fado

Repete

e haja tablado!

 

Tanto ensina

Tanto ensina

Tanto ensina

 

que se aprende

ou se desatina

 

tonto. 

 

 

***   ***   ***

                          

 

Maria Pia

 

Quisera

ser boa companhia

para as pessoas dignas

 

de piedade

 

Quisera

ter companhia

de pessoas dignas

 

e pias.

 

 

***   ***   ***

 

C.O.M.

 

O mundo

é como nós

incompleto

 

O mundo

é comigo

complexo

 

Confuso

pára... fuso!

 

 

***   ***   ***

 

 

Dói

 

Há dor na alma:

A dor do corpo

Dores distantes

Dores vizinhas

 

                   ...talvez

nem fossem minhas

não fosse eu pó...

                

poeta.

 

 

***   ***   ***

 

Fiel

 

Agüentar até a final

Ver a última cena

Contar a história

 

total

 

Testemunha fiel

não balança

                

pesa.

 

 

 

***   ***   ***

 

Tête-à-tête

 

Ao olhar a claridade,

todos franzem a testa

 

Nas mesmas caras

mesmas caretas

 

Às mesmas mulas

mesmas muletas

 

em seus andares

 

                Homens

são iguarias iguais.

 

 

***   ***   ***

 

Eva

 

Caçar em um cassino

      sobras do destino

Perseguir, peregrino,

sombras do assassino

 

Trafegamos trôpegos

para rumos incertos

- Bando bandido!

 

Mar-Morto

nave navegar

Aborto

Eva evitar

 

Vida!

 

 

***   ***   ***

 

Sonora Catástrofe

 

Guardaram armas

        nos armários

Um mau hábito

 

Mencionam mentiras

com palavras ricas

de mau hálito

 

Agora chega:

Daí pra cá, nenhum passo!

Obediência e sapiência

 

O chão mesmo

donde brotam hortaliças

consome todas as carniças

 

Goteja!

 

 

***   ***   ***

 

Nas terras dos marabás

 

 

O Rift-Valley e sua tradição:

                        africanos masais

bebem leite com sangue

e bocejam à sombra dos baobás

 

Vales brasis: tramita a traição

                      e bravos braçais

derramam suor e sangue,

a bala, nas terras dos marabás

 

Ó, alminha etérea!

Flutuavas entre os astros

Bailavas em altíssimos astrais

 

Suponho, foste sugada

(displicentemente atraída)

Vieste morar em estes murais

 

Não chores a cântaros

Tudo é passageiro

 

Verás!

 

 

***   ***   ***

 

Grito Iinfinito

     

                           Vaza bílis

nos  calcanhares-de-aquilis

 

 A pobreria caótica

    faminta degusta

    sopa-de-pedra

    Oxalá cuscuz!

 

    À minoria exótica

    voraz e robusta

    cálices tintos até

    filé de avestruz

 

    Excêntricas

    formas de alimento

    Homólogas

    fôrmas de excremento

 

    ...igualmente

 

    jorra faeces

    (jarra de pus)

    pelos respectivos

 

    cuuus ...

 

 

***   ***   ***

 

Nos intervalos são cavalos

 

A solidão mora na cidade

Vizinha à perversidade    

Gera comportamento

        de pedra e cimento

 

A léguas

soltos nos cipoais

semitonam livres os urus

 

Aqui, logo aqui

nas portinholas frontais

blasfemam eremitas hindus

 

a marra, o murro

a barra, o burro

a fera, o urro

os homens:

 

pa-ca-trá pa-ca-trá pa-ca-trá.                    

 

***   ***   ***

 

 

Língua de faca

 

 

Caídas pálpebras, ardentes olhos

Vesgos demais de ver-te sempre

escoando por cada narina:

                Da esquerda sai veneno

                na direita entra morfina

 

Peçonha com dorsal quebrado

Mui mal consegue arrastar-se

Ainda assim agride e ataca

           Tem no bote uma foice

           e na língua uma faca

 

Mais nociva que saliva

de jararaca.                                  

 

 

***   ***   ***

 

Ato Inexato

 

Rasgam-se as cortinas,

ei-los: Pilares sem calços

sustentam sorrisos falsos

 

─ Vísceras

    de indiscretos senhores

    Repositório de caras más

 

    Carcaças

    de imperfeitos atores

    Repertório de máscaras

 

    No anverso dos panos

    urdem sôfrega aliança

    de disfarces e enganos

 

    ...poupem-me!                         

 

 

***   ***   ***

 

Coração de jabuti

 

No bojo de todo este fole

sacolejam em ampla folia

E a novidade que bole

          provoca só embolia

 

Embaixo de cada tapete

há bafo de hipocrisia

(abaixo deste topete)

 

Interrogas: E daí?

Vozes te interrompem:

 

Coração de jabuti!

 

 

***   ***   ***

 

Tulipas Negras

 

Colher tulipas negras

em chãos de pedras

raras

 

Sorrir contidamente

Temos dentaduras

ralas

 

À direita volver

À esquerda volver

Em qualquer direção

 

Crianças...

                às traças

Criadas nas praças

 

Vem ver! 

 

 

***   ***   ***

 

 

Prazeres da carne

 

 

Em psicosfera influída

másculos e fêmeas

se embrenham

 

Sob declamação gemida

aos pares se deitam

e se emprenham

 

Esparrama-se o odor

das carnes fritando

no fogo do desejo:

 

sexo! sexo! sexo!

cegos ...

 

e razão vira cacos.

 

 

***   ***   ***

 

O assunto assusta

 

Na sunga

o sangue

Sinal de vingança

 

O tango

A tanga

Mesquinha dança

 

O fumo

A fama

Vício, ganância

 

– O lucro

   ou o sepulcro:

   um dois três

 

   já!  

 

 

***   ***   ***

Macia Maçã

 

Leiamos anais de uma história

de conquistas, de abandonos:

– Eram dois corações

   Peças avulsas, sem donos

 

   Se conhecem no shopping

   (afagos, beijos, drinks)

   Se amam no drive-in  

 

   Proliferam dois, três rebentos

   E enquanto felizes

                permitem, desatentos

 

   Da serpente sagaz

   em missão sem paz

   a sedução fatal: a fatia

   da saborosa maçã-macia

 

   Montanhas de mágoas

   invadem frondoso pomar

                 Mútuas máculas

   profanam paradisíaco lar

 

                Mas enfim

   a torre é de marfim

 

   E mantêm-se feitios planos

   pra duas velhices de afetos

   a celebrar os lindos anos

   junto à platéia de netos...

 

 

***   ***   ***

 

Sussurro das paixões

 

Correspondidas

favorecem à procriação

– Fã atrevido

 

Se enrustidas

estimulam a criação

fantasiosa

 

– É o sussurro

   das paixões

 

   sêmen das demências

   gene dos gênios

 

   ou ...

 

 

***   ***   ***

 

 

 

O grande abraço

 

Américas, mares, eurásias,

antártidas, oceanos, áfricas

Abraçados sem qualquer cerimônia

            se agarram sob o Sol a pino

            se esfregam, fazem amores

 

...plenos

 

Exibem paixões imantadas

Machos e fêmeas grudados

                 num feixe único

 

Os refluxos nas praias

produzem gemidos

Os reflexos dos raios

se fundem – fluidos!

 

Edifiquemos esta química

que faz surgir

 

vidas.                                        

 

 

***   ***   ***

 

 

Os lírios lilases

 

Ainda que me embriagues

com acérrimos licores

             de todos os barris

 

Não me convencerás

com estas poses

cruéis e viris

 

Ainda que me enxágües

com as frescas águas

de todos os cantis

 

a intuição vem e diz:

 

Nada é igual à suavidade

que deu Margaret Mee

aos desenhos lilases

de suas flores-de-

 

 lis.

 

 

***   ***   ***

 

 

Pam (pãrãrã) pam-pam

 

              Tua presença traz terremotos

              ao pobre anjo que me guarda

E incontida vontade de fugir me atrai

 

Só um pecado-mortal

arderia com tal lampejo

no momento em que trêmulo te vejo

 

Mas te digo:

 

As vitrines que vês

As páginas que lês

e o quadro na parede

se deixam violar por teus olhares

 

Eu jamais!

 

Oculto minha paixão adúltera

e ela continua...   ...   ...

 

intacta.

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2012


 

 

 
 
 
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