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GABRIEL SOUSA DINIZ
Brasília - DF
gdiniz93@gmail.com
Aluno de doutorado em Física desde o início de 2016, pela UnB, graduado em Física em 2013 pela UnB e mestre em Geofísica espacial desde 2016 pelo INPE. Trabalhando na área de física da atmosfera de alta energia, orientado pelo doutor Ivan Soares Ferreira (UnB).
VOZES DE AÇO. XX Antologia Poética de Diversos Autores. Homenagem à poeta e musicista Denise Emmer. Volta Redonda, RJ: Gráfica Drummond, 2018. 128 p. Apresentação Jean Carlos Gomes. ISBN 978-85-63913-83-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
VIAGEM CÓSMICA PELA PRAIA NA SALA ESCURA
Na sala escura, o tato é rei.
Tateia, o tato, um tatame de tatuagens.
Na sala escura, a mesa é Coliseu.
Museu de maravilhas mostrava-se na mesa.
Sua roupa oceânica recuava em maré baixa com a chegada
[dos meus dedos.
Nossos fluidos corpos derramavam-se em si mesmos}
[de jarras cósmicas.
Réstias de solidez gritavam presença com o ceifar das unhas,
[dos dentes e dos pelos.
O barulho de nossas ondas, o balanço de nosso mar,
[os gemidos de Iemanjá.
Nunca a amei.
Mal a conheci.
Mas nosso gozo correu toda a via láctea,
até a eternidade.
CONVERSA COM MILOSZ
Em áureos tempos de sincronia linguística,
os povos uniram-se para tocar o céu
e, audaciosos, queriam trazer Deus a seus pés.
Este quebrou a fala em muitas,
num lampejo de fúria mística.
A disritmia andava de mãos dadas com o caos.
Em guerras, a miséria instaurou-se.
Povos, como alcatéias, isolaram-se
e latiam uns aos outros nos tempos maus.
Nucleares falas choviam do céu e só.
"Num alarido de muitas línguas foi anunciada a morte da palavra". *
E, finalmente, a união restaurou-se.
Pois tudo tornou-se nada, e este é uma entidade só.
*Citação de Czeslaw Milosz, no poema “Economia divina”.
VOZES DE AÇO. XXIII Antologia poética de diversos autores. Homenagem à escritora Raquel Naveira. Org. Jean Carlos Gomes. Volta Redonda, RJ: Gráfica Drumond, 2021. 104 p. 15 x 21 cm. ISBN 978-65-86744-31-6
ORATÓRIA
No princípio, tudo é verbo.
Verbetes de promessas ocas.
Bastonetes de um equilibrista
instável em quimeras insaciáveis.
Sonhos loucos transformam-se em verossímil
realidade, intensa “inda que confusa,
faz-se verdade numa nuvem torpe e difusa.
A difusão dos gases quentes em gemido ardentes.
Muitos são os dentes.
Ela goza, assim como eu. Suados e desfalecidos.
O pulsante escorrega para fora da inchada.
Tudo melado. Melaço de cana.
Melada é a cama.
No princípio, é tudo verbo.
Manipulação da língua vernácula.
Sexo oral. Orgasmo sem mácula.
FANTASIA NO INTERIOR DE SÃO PAULO
Vieste com Chernobil.
Em tenra infância, brillante.
Antes que Ayrton partisse,
Chegou a minha vez.
Cheguei em 1993.
Passaram-se os anos e nos encontramos.
Era uma noite iluminada
pela radiação de um bar.
No brilhantismo dos vícios.
Montado em tua nuvem cogumelo,
Subi aos céus em escadas de orgasmo
E, em um lençol de Ribeirão,
Dormimos suados.
Palestra, eu era como Lampião:
Feito de carne, mas com punhos de aço.
Contudo, não só o coração,
Desintegraras-me em 1986 pedaços.
*
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Página ampliada em setembro de 2021
Página publicada em julho de 2019
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