DONNE PITALURGH
Poeta, compositor, ator e diretor teatral. Licenciado em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, é professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal.
Natural de Cavalcante (GO), mora em Planaltina (DF), desde 1966.
Com a Oficina do Teatro de Periferia (Planaltina-DF) montou e dirigiu os espetáculos “Marginália N° Zero”, “Pharmácia Periphérica” e “Error”. Com o Studio Suruburbanov(Plano Piloto) montou e dirigiu as colagens cénicas “Gargântua dos
Duendes Silibrinos” e “Chove ni mim que eu sou taioba”.
Participa dos coletivos de poetas: Falange Bege (com Diná Brandão) e Cultura de Classe, tendo diversas poesias publicadas na revista da Cultura de Classe e na antologia Fincapé.
SILVA, Anabe Lopes da; org. Poesia crônica: poesia. Brasília, DF: Editora DROP Comunicação Gráfica e Editora, 2014. 192 p. ISBN 978-85-67470-01-6 Inclui poemas de Adyla Maciel, Alexandra Rodrigues, Amneres, Anabe Lopes, Angelita Ribeiro, Basilina Pereira, Carla Andrade, Carlos Araujo, Carlos Augusto Cacá, Chico Nogueira, Donne Pitalurgh, Hilan Bensusan, Ivan Monteiro, Jorge Amâncio, Jorge Antunes, Lilia Diniz, Menezes y Morais, Nicolas Behr, Nina Tolledo, Paulo Dagomé, Sabrina Falcão, Sidney Breguedo, Vicente Sá, Yonaré Flavio.
POÉTICA
Uns são poetas de estirpe
Eu saí de certo naipe
De mau agouro
E bom alvitre
Abutre na carniça de maio.
Uns são poetas de estampa
Sou estopim
Bomba
Gás
Meio assim de certo tipo
Outra qualidade de raio.
Uns são poetas de estofo
Eu mofo do meu staff
Passarim
Sem ver alpiste
Má língua lambendo o talho.
DE AMOR E DOR
O que fazer do amor com suas facas
Com suas marcas de quem torceu o pescoço
Com suas parcas tecendo o fio solto
Com suas vacas regurgitando o pasto.
O que fazer da dor com suas adagas
Com suas chagas gangrenando o corpo
Com suas vagas destroçando o porto
Com suas magras constelações de astros.
Nada a se fazer na noite vesga
Nada a se saber de amor e dor
A não ser ouvir os seus estalos.
Quanto mais um foge a outra chega
Nada a fazer
Senão rimá-los.
1ª. BIENAL DO B – A POESIA NA RUA. 26 a 28 de Setembro de 2012. Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col. 17x25 cm.
Máris Et Vális
No sótão mais desencontrado do meu coração
Eu crio duas gatas
Máris
Et
Vális
No sótão
Porão mais fundo
No button de veludo que é o meu coração
Uma gata retorce a maquilagem contra os seios
A outra, de joelhos, lambe os pelos pela manhã
Máris age como quem me contamina
Vális me alucina, pluma e clina, hortelã
No fundo do meu sótão descuidado
Duas gatas mostram as unhas mais vermelhas
E mais roídas
Duas gatas, duas angústias distraídas
Duas patas
Cravadas na parede de meu sótão
Vális me ensina a olhar como as estrelas
Máris, a compreendê-las,
Adoro vê-las
Gatas pardas no escuro mais profundo das manhãs
Duas irmãs, batons mordidos, arranhados
Dois satãs contaminados da doença das maçãs
Máris
Protege meu sótão descabelado
Vális,
Com cuidado, fecha as portas, lava as louçass
Depois, então, as duas loucas
as duas gatas
as duas moças
terrivelmente preparam
carinhosamente minha morte
Página publicada em junho de 2015; página ampliada em novembro de 2020
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