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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DONNE PITALURGH

 

 

Poeta, compositor, ator e diretor teatral. Licenciado em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, é professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

 

Natural de Cavalcante (GO), mora em Planaltina (DF), desde 1966.

 

Com a Oficina do Teatro de Periferia (Planaltina-DF) montou e dirigiu os espetáculos “Marginália N° Zero”, “Pharmácia Periphérica” e “Error”. Com o Studio Suruburbanov(Plano Piloto) montou e dirigiu as colagens cénicas “Gargântua dos

Duendes Silibrinos” e “Chove ni mim que eu sou taioba”.

 

Participa dos coletivos de poetas: Falange Bege (com Diná Brandão) e Cultura de Classe, tendo diversas poesias publicadas na revista da Cultura de Classe e na antologia Fincapé.

 

 

SILVA, Anabe  Lopes da; org.  Poesia crônica: poesia.  Brasília, DF: Editora DROP Comunicação Gráfica e Editora, 2014.  192 p. ISBN 978-85-67470-01-6   Inclui poemas de Adyla Maciel, Alexandra Rodrigues, Amneres, Anabe Lopes, Angelita Ribeiro, Basilina Pereira, Carla Andrade, Carlos Araujo, Carlos Augusto Cacá, Chico Nogueira, Donne Pitalurgh, Hilan Bensusan, Ivan Monteiro, Jorge Amâncio, Jorge Antunes, Lilia Diniz, Menezes y Morais, Nicolas Behr, Nina Tolledo, Paulo Dagomé, Sabrina Falcão, Sidney Breguedo, Vicente Sá, Yonaré Flavio.

 

 

POÉTICA

 

Uns são poetas de estirpe

Eu saí de certo naipe

De mau agouro

E bom alvitre

Abutre na carniça de maio.

 

Uns são poetas de estampa

Sou estopim

Bomba

Gás

Meio assim de certo tipo

Outra qualidade de raio.

 

Uns são poetas de estofo

Eu mofo do meu staff

Passarim

Sem ver alpiste

Má língua lambendo o talho.

 

 

DE AMOR E DOR

 

O que fazer do amor com suas facas

Com suas marcas de quem torceu o pescoço

Com suas parcas tecendo o fio solto

Com suas vacas regurgitando o pasto.

 

O que fazer da dor com suas adagas

Com suas chagas gangrenando o corpo

Com suas vagas destroçando o porto

Com suas magras constelações de astros.

 

Nada a se fazer na noite vesga

Nada a se saber de amor e dor

A não ser ouvir os seus estalos.

 

Quanto mais um foge a outra chega

Nada a fazer

Senão rimá-los.

 

 

 

1ª.  BIENAL DO B – A POESIA NA RUA.  26 a 28 de Setembro de 2012.   Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2011. 154 p. ilus. col.  17x25 cm. 

 

 

       Máris Et Vális

 

 

       No sótão mais desencontrado do meu coração
Eu crio duas gatas
Máris
Et
Vális
No sótão
Porão mais fundo
No button de veludo que é o meu coração

Uma gata retorce a maquilagem contra os seios
A outra, de joelhos, lambe os pelos pela manhã
Máris age como quem me contamina
Vális me alucina, pluma e clina, hortelã

No fundo do meu sótão descuidado
Duas gatas mostram as unhas mais vermelhas
E mais roídas
Duas gatas, duas angústias distraídas
Duas patas
Cravadas na parede de meu sótão

Vális me ensina a olhar como as estrelas
Máris, a compreendê-las,
Adoro vê-las
Gatas pardas no escuro mais profundo das manhãs
Duas irmãs, batons mordidos, arranhados
Dois satãs contaminados da doença das maçãs
Máris
Protege meu sótão descabelado
Vális,
Com cuidado, fecha as portas, lava as louçass
Depois, então, as duas loucas
as duas gatas
as duas moças
terrivelmente preparam
carinhosamente minha morte


VOZ  POESIA FALADA.  Coordenação e organização Adyla Maciel.  Brasília, DF: Verbis  Editora, 2016.   124 p  ISBN 978-85-62781-26-1  
                                                                  
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

NAVALHA 

     
para Jossonhir Brito

as anáguas
de minhas mágoas
não vestem quaisquer barrigas
as intrigas
de minhas tréguas
acabam em brigas
as águas
de minhas águas
não bebem ínguas
as réguas
de minhas léguas
traçam rugas
e as rusgas
de minha navalha
rasgam blusas

 

NÁUFRAGO

       para Eliane Pitalurgh

esqueço os mapas do naufrágio
espero corpos pela praia
a água e o sal das despedidas
o olho vermelho das algas do descaminho
o convés alagado e sem piratas
as velas despencadas vergam o mastro
nenhum tesouro me espera nesta ilha
arranco o tapa-olho da agonia
e marcho para a tábua do martírio
revejo constelações no sul do céu
bebendo o rum amargo da desgraça
oceanos não afogam meus instintos
o navio fantasma atraca na baía do meu quarto
e deuses abissais espantam as estrelas do firmamento

 

*
Página ampliada e republicada em maio de 2022


 

 

  

Página publicada em junho de 2015; página ampliada em novembro de 2020

 


 

 

 
 
 
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