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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



DENIZE  CRUZ

 

 

Denize Cruz, nascida em Niterói, Rio de Janeiro, mora em Brasília. Desde a adolescência escreve poemas e vem publicando seu trabalho em prestigiadas revistas literárias, como a Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional, na qual podemos saborear na Edição n°14, de agosto de 2001, o poema Dádiva. Publicou seu primeiro livro de poesia, O fio da pele, pela Editora 7Letras, em maio de 2000. Em 2005, lançou o segundo livro de poemas, Quisera que minha mão sobre teu peito fosse raiz, pela mesma editora, tendo feito lançamentos em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.

 

Em O Fio da pele, Denize Cruz canta o splendor carnis e o splendor verbis, a carne e o verbo, dentro de uma clara sugestão musical, imprecisa e vaga. Como se formasse uma pequena orquestra dos sentidos. Um acervo de possibilidades. Armonia di canti. Uma tensão, que acena, delicada e tímida, para a frágil película do mundo. Do corpo. Da beleza. Da palavra.

MARCO LUCCHESI,

professor, poeta, ensaísta e tradutor

 

Denize Cruz é poeta em pleno amadurecimento. Sua poesia, seguindo a tendência moderna, se exprime pelo hai-kai, pelo poema-comprimido, pela fala conceitualística e algo filosófica. Mas vejo em seus momentos menos cerebrais o melhor de suas possibilidades. Quando elabora em torno do cotidiano, das coisas visíveis e palpáveis, é aí onde, a meu ver, melhor consegue captar a essência do poético escondido no prosaico. Os versos inspirados pela vista do armário de roupas, das louças de cozinha, a associação rúcula/vírgula e a polissemia do verbo digerir são mostras suficientes de um virtuosismo em desenvolvimento, de uma capacidade de ver as coisas com o olhar transfigurador do poeta.

I VO BARROSO,

na orelha de Quisera que minha mão sobre teu peito fosse raiz 

 

 

Na sua poiésis, a autora reúne linha, textura, vibração, movimento, transcendência, tempo e espaço, horizonte, o cotidiano que grita, vão livre, solidão do papel, emboço, paralelas, mãos acimentadas, rachadura, argamassa, aguados, afeto arenoso, o oco do chão, risco, chamas em curva, direção dos ventos, relevo do traço denso, golpe, compasso vivo, traço ­vermelho, porões sem abraços, maçaneta, porta, espelho, sem descuidar dos alinhavos. (...) Denize Cruz rasgou superfícies com a afiada lâmina de um bisturi, incisou o fio de pele, evitou deformadas cicatrizes...

ITÉRBIO GALIANO,

jornalista e escritor, sobre O fio da pele

 

 

O fio da pele é um entrecruzar de coragem, empreendimento e desejo de expressão e ultrapassagem. Assim, nele não vigora essencialmente a metáfora enquanto figura de linguagem. O que encontra-se, sobretudo, é a linguagem como metáfora da vida.

CARMEM SÍLVIA HANNING,

na apresentação do livro O fio da pele

 

Desafiando rimas. Talvez devesse ser dito: desafiando rotas, como na “Veia Norte”, poema último do livro. Velas à sorte, recolhida a âncora lançada em Brasília na noite do Café com Letras em que se viu brilhar o livro de estréia da poetisa Denize Cruz, de Niterói. Cuidadosa edição da 7Letras, esse Fio da Pele tecido com o primor da palavra, reveste-se de outro especial significado por trazer, na contracapa, comentário do poeta Marco Lucchesi.  O lançamento (...) foi inserido em recital poético que se realiza às quartas-feiras naquele misto de café, livraria e espaço cultural. Ao lado dos poetas convidados, pôde-se contar com o privilégio do acompanhamento musical de músicos de talento como o percussionista Jorge Macarrão e do saxofonista e clarinetista Fernando Machado, entre outros músicos e cantores. Muitos leitores, bebedores, paqueradores, poetas, quasepoetas, fotógrafos, esculápios puderam participar da grande performance febril que teve ponto alto com a manifestação de um espectador noturno , inculcado de Baudelaire; “ a poesia é morte”. Ao que outro participante respondeu: “a poesia é grito!” ...  e gritos de Aaaaaaaahs ecoaram! Parecia coisa ensaiada para brindar um Fio da pele cotidiano, aranha tecendo o fio da navalha em plena noite brasiliense.

DONALDO MELLO,

 poeta, na coluna EIXO CULTURAL BRASÍLIA do jornal literário Ars Clara,

por ocasião do lançamento do livro O fio da pele
 

 

 

CRUZADA

 

 

Quem me dera esbarrar

a cada trilha explorada

na certeza de estar

encarnada

por dentro, por fora, entre

e assim escalar

indefinidamente.

Quem me dera transcender

a cada volta completa

os limites de ser

repleta.

Quem me dera desvendar

a cada noite suspensa

o sabor de me sentir

desvelada

no tempo, no espaço

como se fosse ocupar

mais um pedaço

do cenário dessa vida

de quem me dera.

(Em O fio da pele) 

*** 

DÁDIVA 

 

quisera  que  minha  mão  sobre  teu  peito

fosse  raiz

 

mas  me  fizeste  folha

 

ao  vento

ainda  assim

o amor  enraiza

(Em Quisera que minha mão sobre teu peito fosse raiz)

 

*** 

 

jl

Inês Sarmet

s/foto do acervo da autora 
 

ÍMPAR

 

armário. daqui posso ouvir a escuridão. miro as

portas. são seis. poderiam ser duas. “e nada nos

faltará”. não preciso contar. sinto, são seis. às

vezes, quando o escuro lá dentro esmurra cada

porta, penso nas duas. só duas e o medo não

seria tão claro. são seis? a noite invade a minha

coragem e conto muito mais que seis. portas

fechadas. preciso dormir. os guardados são

tantos... mangas curtas e longas histórias. as mais

doces nas alças fininhas, nas rendas. outras,

eternamente desabotoadas. quando se desfazer

das peças que nunca encontram o seu dia? o

excesso a resistir e a sufocar. não importa quantas

saídas: se seis ou duas. gavetas que sempre

emperram e arrastam aquela meia para o fundo.

coisas que jamais precisariam de um par.

(Em Quisera que minha mão sobre teu peito fosse raiz)

jl

 

***  

 

 

Cume

 

Não há pedras verticais nem paralelas.

Nas entranhas do tato vive a escalada.

(Em O fio da pele)

 

*** 

 

Plasma e sangue 

Enquanto houver abraço

trevo, desvio, picada e medo

enquanto houver margem

desejo, rio, queda d’água e boca

enquanto houver traço

no olhar que descansa

enquanto houver laço

entre o sim e o então

 

todo corpo será  horizonte.

(Em Quisera que minha mão sobre teu peito fosse raiz)

jl

 

 

***

 

Reféns

 

Ocultos de si

contracenam

em parágrafos reticentes

sob páginas coladas

até o gozo final.

(Em O fio da pele)

 

 

 

Publicação proposta por Donaldo Mello e Inês Sarmet

Contato: poesiaamazonas@gmail.com

 

 

 

CRUZ, Denize.  O que não há. Poemas.  Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012.  110 p.  ilus. 16x 24 cm.  Desenhos: José Rufino.  Fotografia da autora: Débora Amorim. Projeto gráfico: Anita Santoro e Marina Duque.    ISBN 978-85-7820-077-0    Col. A.M.   

 

 

se possível fosse
apagaria
escaparia
mentiria à memória

se possível fosse
desataria um tempo
que insiste em pertencer

mas o possível é um lapso
labiríntico
que inebria e vaza.

 

A realidade arranha os olhos
desavisados
as veias inócuas
a vida insistentemente verde.
Quieta, a faca
vigia a madureza de seu fio
e aceita
o sangue só é vermelho se sofrido.

 

 

Outros espaços a esperar
nada mais para abrir ou fechar
apenas pisar além
da lona flutuante.
Pendurados por ganchos
luzes de inverno e verão.
Como não perceber as estações?
O tempo é alheio à terra e ao céu
a cor vive fora, livre.

 

 

Que mãos suportam vendavais?
Nem as tuas, tão intensas.

 

Página republicada em maio de 2013.

 

 



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