ÂNGELO D´ÁVILA
Mineiro de Araxá, MG, membro da Associação Nacional dos Escritores de Brasília (ANE), do Sindicato dos Escritores de Brasília, e das seguintes entidades: Titular da cadeira XXXVI da Academia de Letras de Brasília (DF), membro correspondentes das academias: Petropolitana de Poesia Raul de Leoni (RJ), Internacional de Letras “3 Fronteiras” e Uruguaiana de Letras (RS), Pirenopolina de Letras e Música (GO) e Araxaense de Letras (MG); sócio do Clube de Poesia da Associação Uruguaianense de Escritores e Editores e do Clube Internacional da Boa Leitura (RS) e outras agremiações ligadas à cultura e à astronomia. Tem dez volumes publicados, colabora em revistas literárias, jornais e antologias, premiado em concursos de contos, romance e poesia. Estudou Farmácia e Bioquímica, Línguas Neolatinas e cursos de pós-graduação concernentes ao exercício profissional. Ex-professor, ex-diretor de colégio, servidor público aposentado, reside em Brasília.
Autor de uma vasta obra que inclui romances, contos, ensaios e traduções do Rubaiyat de Omar Khayyam, O Corvo de Edgar Allan Pöe e Luz no Caminho de Mabel Collins
Obra Poética: Poesias Neoparnasianas, Poesias Neomodernistas, Poesias eofuturistas, Poemas em Prosa, Sonetos e Haicais e Mil e Uma trovas
CINCO SONETOS DE ÃNGELO D’ÁVILA
FALANDO DELA
Quando ela disse adeus erguendo o lenço,
divina no esplendor do próprio orgasmo,
a dor abriu no mundo um eco imenso,
vibrou-se no universo um imenso espasmo.
Depois que ela partiu, eu cismo e penso,
eu penso e cismo, fico louco e pasmo,
como era linda ornada em nívio incenso,
eufórica de alegria e entusiasmo!
Como era linda!... pelo céu extenso,
sua luz se minguou na luz de um círio,
quando ela disse adeus erguendo o lenço.
Era a Felicidade - o humano anseio!
Fora um sonho talvez, talvez delírio,
como pôde partir se nunca veio?
CONDOR
De avião, numa viagem turbulenta,
sobre os Andes, eu vi com sobressalto,
um condor a pairar num vôo bem alto,
lutando contra os ventos da tormenta.
Procurava carniças sobre o abismo,
se adernava descendo com mestria,
enfrentava o furor da ventania
sem os riscos temer do cataclismo.
Ao vê-lo assim, senti-me em parceria,
lembrando o meu labor de cada dia,
vi nele a minha luta refletida,
Pois eu no mundo sou seu companheiro,
procurando as carniças do dinheiro,
lutando contra os ventos desta vida.
MOCIDADE
Eu passava dos quinze anos quando a encontrei,
tornei-me seu rei e ela a minha doce rainha,
me abraçou de corpo e alma e eu a abracei,
e ela se tornou exclusivamente minha.
Bela e livre companheira fogosa e forte,
gostava de dançar, de carnaval, de festa,
tinha medo de nada, nem medo da morte,
nunca encontrei outra criatura como esta.
O tempo foi passando em cima do tempo ido,
configurando o futuro da nossa vida,
mas de repente, cadê ela?... tinha sumido.
Se acaso a chamo, nenhum eco me responde,
sei que faz muito tempo que a deixei perdida,
porém o lugar onde a perdi, não sei aonde...
VELHICE
Quem bate? - Sou eu, a velhice, posso entrar?
- Eu não sei quem és, a janela está trancada,
na minha casa só disponho de lugar
para abrigar pessoa amiga ou bem-amada.
- Não importa, abre a janela, somente vim
reclamar minha parte por direito, entende?
Não quero mais que isso, reclamo para mim
o que me pertence no teu corpo, compreende?
- Abro não! Como podes tu com sovinice,
com ousadia e com esse nome de velhice,
querer como uma ladra entrar pela janela?
Abro não!... mas de mansinho chegou a idade,
entrou pela porta com a chave da verdade
e tirou do meu corpo a parte que era dela.
CORRUPTOS
Será que esses ladrões da sociedade
não pensam que justiça possa haver,
ou será que não enxergam a verdade
que não irão aqui sempre viver?
Um dia chegarão à eternidade
quando os roubos terão que devolver,
dos crimes que são contra a humanidade
terão as conseqüências que sofrer.
Renascerão mil vezes na matéria,
para o mal resgatar de lida em lida,
nos antros sofredores da miséria.
Não adianta pretenderem sorte nova,
só o bem que se pratica nessa vida
será luz que nos guia além da cova.
BARRETO, Fernando. Pinturas de Fernando Barreto. Brasília, DF: L.G.E. Editora, 2009.
108 p. ilus. col. ISBN 978-85-7738-393-6 Edição com apoio do FAC-DF. Inclui poemas de Ângelo K’Ávila, Roberto Bianchi, Antonio Miranda e Sylvia Serra Barreto, com imagens das pinturas de Fernando Barreto.
Página ampliada em dezembro de 2016.
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