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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




ANGÉLICA TORRES LIMA 

                                          Foto: Henrique Froes, 1968

 

ANGÉLICA TORRES LIMA 

 

Angélica Torres Lima nasceu em Ipameri (GO), em 1952. Cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília (UnB) e Direção e Cenografia em Artes Cênicas, na Fefieg (atual Unirio). Formou-se em Comunicação pela UnB e especializou-se em edição de livros e periódicos pela Universidade de Wisconsin (EUA). Trabalhou em diversos jornais, geralmente em editorias de cultura. Publicou Sindicato de Estudantes (1986), pelo qual recebeu o Prêmio Mário Quintana de Poesia, do Sindicato dos Escritores de Brasília, e Solares (poesias, 1988), com o grupo Bric a Brac. É autora do texto de Koikwa, Um Buraco no Céu (Editora UnB, 1999). Autora dos livros de poesia Paleolírica (Brasília: Alô Comunicação, 1999) e O Poema quer ser Útil (Editora LGE,2006).

Fortuna crítica

“Angélica Torres Lima estabelece sua forma elíptica, fabricando, no momento mágico da criação, a interação exata entre o dito e o feito. Essência e existência resultam instantâneas na fulguração luminosa do poema”.

Reynaldo Jardim, sobre Paleolírica.

 

“Anoiteceu é um poema que T.S. Eliot assinaria. Girassol é magnífico. Admirável em sua contenção, em sua essencialidade... Madrugada de agosto é esplêndido! Uma obra-prima! Lembra o imortal poema da grande poeta Safo, de Mitilene. Ei-lo: ‘A lua declina, as Plêiades no ocaso; a noite vai a meio; o tempo no seu fluxo, e eu, em meu leito, sozinha’”. Oswaldino Marques, sobre Paleolírica.

 

 “O que compõe neste momento minha totalidade – entidade e cavalo – é a sensação nítida do prazer de não ter morrido e, de repente, ser eleito para estar nesta contra-capa por esta poeta que me viu vindo por aí, enquanto construía (construía?) fazia (?) e vivia (!) esta poesia de altíssima qualidade”. Ziraldo Alves Pinto, sobre Sindicato de Estudantes.

 

“Seus poemas falam por si, têm luz própria, atravessarão os séculos e daqui a 145 anos, um menino, numa tarde de domingo, pegará o livro e será feliz por tê-lo lido, num dia perdido no tempo”. Nicolas Behr, sobre Solares.

 

Você não sabe, Angélica, mas quando cheguei ao Rio, fui fazer uma conferência, de novo sobre a (in)utilidade da poesia e, de repente, de memória, falei um poeminha do seu livro, de imenso e lúdico significado: ‘Tomara que caia/ um haicai / na tua saia’. É isso. Poesia é o que fica, é essa flor de palavras presa em nossa vida para sempre”. Affonso Romano de Sant’Anna, sobre O Poema Quer Ser Útil. 

 

 

Extraído de:

BRIC A BRAC    21 ANOS   MAIOR IDADE.  Brasília: Caixa Cultura, 2007.  112 p. ilus. col.  23x21 cm.. Exposição comemorativa . Curadoria e projeto expositivo: Marilia Panitz.   Coordenação Geral: Luis Turiba.  Inclui poemas visuais e arte gráfica.  Inclui poemas visuais de Luis Turiba, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Zuca Sardanga, Nanico, Franciso Kaque, Wagner Barja, Paulo Andrade, Antonio Miranda, Bernardo Vilhena, Paulo Cac, Ariosto Teixeira, Elizabeth Hazin, José Paulo Cunha, Fred Maia, Nicolas Behr, Claudius Portugal, Ronaldo Cagiano, TT Catalão, Francine Amarante, Adeilton Lima, Maria Maia, Ronaldo Augusto, Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, José Rangel Farias Neto, Menezes e Morais, Cristiane Sobral, Eduardo Mamcasz, Vicente Sá, Nance Las-Casas, Bic Prado, Angélica Torres Lima, Flavio Maia, Ronaldo Santos, Joanyr de Oliveira, Sylvia Cyntrão, Carlos Roberto Lacerda, Carlos Henrique, Fernanda Barreto,  José Edson, Vera Americano, Alice Ruiz, André Luiz Oliveira, Carlos Silva, Charles Peixoto, José Roberto Aguilar, Estrela Ruiz, Renato Riella, Chico César, Francisco Alvim, José Roberto da Silva, Eudoro Augusto, Amneres, Gustavo Dourado, Alexandre Marino, e ilustradores: Resa, e fotógrafos, etc. 

 

LIMA, Angélica TorresO nome nômade.  Rio de Janeiro: 7Letras, 2015.   107 p.   14x21 cm.   Col. Biblioteca Nacional de Brasília, doação Aricy Curvello.

 

         CONTRALTO

         O eixo fora
         e quando a luz
         soluça aos
         solavancos
         no circuito interno
         bíceps antebraço dedos
         reagem.

         Talvez a lápide
         e não o lápis detalhe
         do retrato sobre o criado-
         mudo.

         O descentrado
         ofício diário   o rapto
         errático de folhas amargas.
         No fundo da taça o gole
         o gosto o grito agudo
         por fim.

 

 

 

De
Angélica Torres Lima
Luzidianas
 Brasília: Athalaia Gráfica e Editora, 2010.  
147 p.   (Coleção Oi Poema, v. 5)

 

de lobos e anjos II

O que é que eu faço, Anjo?
Quer que eu corra, que eu dance
que eu morra? que me levante
e cante uma ode à insõnia?

Não vê que o crepúsculo
já faz muito se desfez?
Que a lua é selada
em céu negro-martírio?

E não guarda o meu sono
nem me faz companhia,
CruEl, que só me inspira
elegias!

 

trilhas para o altar

Face de maçã trincada na manhã de louça.
Lâminas de agulhas negras fatiam
o altiplano azul no sonho das cabeças

A pedra engastada em prateleiras
oculta o segredo de gestos e passos
: corpos estagnados de anseio.

 

 

Vejam também os videos feitos pelos meninos do projeto doc@CRIANÇA com Angélica  (2009):

http://www.youtube.com/watch?v=g1Obg3Sy0J4 
http://www.dzai.com.br/doccrianca/video/playvideo?tv_vid_id=40869 
http://vivoeduca.ning.com/video/angelica-torres-1

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL

ANGÉLICA TORRES LIMA 

Foto: Nicolas Behr, 2006

Leia poemas dos livros: 

    De Luzidianas,

    inédito (2007-08)

     

     

    ENTARDESCENDO

     

    A tarde não se olhou no espelho.

    Sabia que a beleza aquele dia

    era artefato insubmisso

    a Miguel e Luzefel

     

    E fez-se mel no crepúsculo

    resplandecência, esmero.

     

    Vestiu-se epifania no facho azulado

    e nos raios dourados do sol

    sobre os cabelos.

     

     

    ***

    Desenho de giz:

    apaga-se o sol

    e o reflexo mutante

    cintila

    em nenhum significante

     

    De que me serve

    o mundo, Sigmund,

    se no tempo

    tudo é desmanche

    constante?

     

     

    ****

    Turbilhões de estrelas:

    colares de silêncio cintilante

    para a meia-noite

     

    ---------------------------------------------------------------------------------------------------------

     


     

    De

    O Poema Quer Ser Útil

    (LGE/FAC. Brasília, 2006)

     

     

    TRAVESSIA

     

    Cidadã de um deserto tecnológico,

    atravesso portas giratórias

    escadas rolantes metrôs

    estradas metálicas,

    sobre pés e rodas.

     

    Braços troncos rostos

    roçam-se as auras

    que o desconhecido devora.

     

    São apenas nomes

    de personagens e histórias.

     

    Não mais que sonhos e miragens

    de almas deserdadas,

     

    e deus algum as incorpora

     

     

    MATOU A FAMÍLIA

    E FOI DORMIR

     

    Reveillon no paraíso.

    Caim mata Abel

    Abel mata Caim

     

    Adão mata Eva

    Eva põe-lhe fim.

     

    Pronto.

    Teriam evitado

    muita chateação.

     

     

    MEU CERRADO

     

    Encho os olhos

    de paisagens

    do cerrado

     

    Um espírito rendado

    emana da floresta

    de ikebanas goianas

     

    A claridade rasgada

    o plano exato:

    geografia instantânea

     

     

    PEIXES ROLANTES

     

    Devo deixar essa má água

    (pelos meus olhos) vazar

    e te levar na corredeira?

    O preço é simples:

     

    morte certa

    lua sem verso

    teu olhar sem mim

     

    Ou contigo

    rio abaixo

    à cachoeira

    peixes folhas

    galhos pedras

    laços sorte

    e os anelos,

    braços dados,

     devo ir?

     

     ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

     

    Paleolírica: poemas

    (1986-2000)

     

    ANOITECEU

     

    Os homens inauguram-se

    como monumentos bruscos.

    Toscas palavras de sal.

    Dormem secas as cascas

    lacrimais da madrugada

    desvirginada por galos e cães.

     

    No vazio abismal bebem

    as torrentes do sono aceso.

    E o sangue foge

    para um campo arredio, sem lamas

    enquanto a Via Láctea espreita

    o leite latino da transmutação

     

      

    GIRASSOL

     

    Luz girassol no campo

    Na torre o ponteiro gira

    Lua flutua em Amsterdã

     

      

    MADRUGADA DE AGOSTO

     

    Cenas de sombras

    sob o pensamento

    memória

    perdida no tempo

     

    Só, outra vez

     

    Nada na mente

    enquanto esfria

    o coração.

    DESCONFIE

     

    Não vás crer

    tanto assim

    num poeta

     

    Vê a cota

    ilusionista

    que contém

    o que ele conta

     

    Ele é sempre

    personagem

    forasteiro

     

    Experto

    em camuflagem.

    Um cigano

    faz-de-conta.

     

     

                        Bêbeda de nuvens

    Que nem corpo

    livre d’ave calma

    nave leve

    n’água longe

    neve-lava

    de peito em desamor

    levita

    a brisa do verão

    no alpendre.

    Desdobram-se

    aromas de lavanda

    mundo úmido

    ramagens de varanda

     

     

    O mago

     

    Da alma do velho

    pássaro falecido

    ouvi teu canto

    rouco, manso

     

    Sol ardente

    dor incendiante.

    Resisti

     

    Num haicai de três asas

    sem som de palavras

    bem-te-vi

     

     

    Vaga-lume

     

    Encontro os pés do dia

    longe da raiz do medo.

    Silencia atento o desejo

    e a brisa esverdeja a luz.

     

    De chegada, a chuva

    trespassando estorvos

    e arroubos.

     

    Enquanto afrouxo, só.

    A noite amorenando

    logo ali

    na soleira do instante

    o seu retorno

     

     

    A senda

     

    O acesso à senda

    silenciosa sonhei.

    Havia cigarras

    nas espirais do escutar

    abertas às idas e vindas

    de vozes flutuantes

    e sussurros de mar

     

     

    Desesperança

     

    Ele chega. Lê meus poemas.

    Flerta meus livros

    e discos como se

    me tirando a roupa,

    olhando meu corpo

    detalhada

    e suavemente

     

    Acossada, excitada

    erro em tudo o que faço.

    Desato laços poéticos,

    patético.

    Represento um papel

    em que minha assinatura

    não parece fiel nem meu texto

    o mais puro e o mais próximo

    da nudez singela do sertão

     

    Ele pensa que possui essa alma

    nua. Ela sonha possuí-lo nu

    e alma.

    Mas o enredo concreto

    transpassa em silêncio.

    E o tempo passa

    na ponta de um imenso lápis

    riscando o calendário

    dia após dia

    de vento 

     

     

    Em sol maior

     

    Deserto nas ruas.

    Longe, sons

    de trompete e flauta

    no vento

     

    Um quarto de lua

    perfume de inverno

    tanta flama nua

    em fogo lento

     

    A noite,

    cafetina gigante,

    finge em seu palco

    não saber

     

    que emoldura

    um luminoso

    e maculado

    incêndio

     

     

    A pena

     

    Entre o hábito falho

    da lembrança da morte

    e a nudez da ausência

    flagrada de golpe

    o corte

    o soco

    a queda

    o choque.

    O vazio habitado,

    agora sabendo,

    de fato, do nada

    valendo a pena  

    Extraídos de Paleolírica: poemas (1986-2000).  Brasília: Alô Comunicação, 2000.

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    De
    SOLARES
    (Bric a Brac/Coleção de Bolso.Brasília, 2000)

     

     

    O CAMINHO DA NOITE

     

    Entregue a meus sonhos despertos

    o mundo nega-se a partir comigo

    ensurdecido no silêncio da noite.

     

    É toda feita de palavra

    a espiral em que me movo.

    Quebrarei o seu segredo.

    Saltarei da última torre.

     

     

    MORRE UM FAUNO

     

    Um fauno passa

    ecoando passos

    entre carros mudos

     

    Meia-noite, meio-dia

    agonias roucas e surdas

    trafegam no Largo do Proibido

     

    carecia emprestar atenção:

    o verde do tapete não esconde

    nem revela natureza;

     

    o fauno foge ao audível

    silenciosamente

     

    A buzina, o assaltante

    o fauno se escondendo

    sob os chassis

     

    Na miragem

    carruagens sulfurinas

    por fogo envoltas:

    o crepúsculo

    o asfalto lavado em sangue

    de animal divinhumano

     

    numa fração de luz

    de anos diáfanos e obscuros

    a eternidade desconcertante

     

     

    SOLARES DE YPAMERI

     

    Vôo volátil, o vento

    tocou-me o pensamento

    em um jardim suspenso

    entre telhas de barro:

     

    olhos cerâmicos sombrearam o mundo

     

    *

    Desembrulhados

    ao humor dos feitos do céu

    os telhados guardam

    em meu olhar desabitado

    a alma da cidade

    vermelha, de barro,

    pairando no azul solar.

     

     

    De Solares (Bric a Brac/Coleção de Bolso. Brasília, 2000)

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    De

    SINDICATO DE ESTUDANTES

    (Brasiliana. Brasília, 1986) :

     

     

    NAMORO COM OS PATOS

     

    Queria te levar comigo, marreco

    mas no Brasil estrangeiro serias.

     

    Estranharias talvez o calor

    o abandono do povo

    irias te sentir perdido.

     

    Saudades do Lago Monona terias;

    do jogging, do footing

    no cais do Mendota, tu chorarias.

     

    É melhor te guardar a lembrança

    nesta poesia.

     

     

    UNB DOMINGANDO

     

    Uma bomba explode no campus

       de reminiscências.

        Minha cabeça

    plantada sob o verde sorve o Minhocão

    que a ala norte traduz em silêncio.

     

    É domingo.

    Filmo uma assembléia-geral

    de pássaros e ventos

    enquanto a jovem dama dorme,

    indiferente

     

     

    RETIRO

     

    O sol e a lua de perpetuavam em coqueiros.

    E o cheiro da mata, de samambaias

    palhas e cavalos esfumaçava-se no ar

    cozido em fogão de lenha.

    A infância voava em balanço de cordas.

    O cigarro de palha era desfrutado no paiol

    às escondidas dos adultos

    emoldurados pelo medo.

    E tudo ia bem. Sem olhares maliciosos,

    a adolescência seguia seu curso sadio

    sob a Via Láctea e as Três Marias

    vigiando o delírio vazio

    de espelhos profundos

    e assoalhos sem brilho.

    E tudo iria bem, da adolescência

    até o enterro sob a terra doce do Morro

    onde vivem para sempre os bambuzais solitários

    e a cruz de dona Iracema.

     

     

    De Sindicato de Estudantes (Brasiliana. Brasília, 1986)

     

     


    TEXTOS EN ESPAÑOL

    Traducción por Javier Iglesias

    Rogério Arvate, Angélica Torres, Liliane Bernardes, Márcia Theóphilo, Anand Rao, Matías Lockhart e

     Rogério Arvate, Angélica Torres, Liliane Bernardes, Márcia Theóphilo, Anand Rao, Matías Lockhart e Marcos Freitas, no Café Literário, na I Bienal Internacional de Poesia de Brasilia, set. 2008

     

    Angélica Torres Lima nació en Ipameri (Go, Brasil) , en 1952.Cursó Arquitectura y Urbanismo en la Universidad de Brasilia (UnB) y Dirección y Escenografía en Artes Escénicas, em Fefieg (actual Unirio). Se formó en Comunicación en la Universidad de Brasilia y se especializo em edición de libros y periódicos en la Universidad de Wisconsin (EEUU). Trabajó em diversos periódicos  generalmene em las áreas de cultura. Publicó Sindicato de Estudantes (1986), por el cual recibió el Premio Mario Quintana de Poesía, del Sindicato de Escritores de Brasilia, y Solares (1988) con el grupo Bric a Brac. Es autorea del texto Koikwa, Um buraco no céu (Editora UnB, 1999). Autora de los libros de poesia Paleolírica (Brasilia: Alô Comunicações, 1999), y O Poema quer ser útil (Editoral LGE, 2006).

     

    ANOCHECIÓ 

    Los hombres se inauguran bruscos
    como monumentos,
    toscas palabras de sal.
    Duermen secas las cáscaras,
    lagrimosos de la madrugada,
    desflorada por gallos y perros.
    En geometría abismal
    beben las torrentes
    del sueño encendido.
    Y la sangre huye
    para un campo
    apartado y sin barro,
    mientras la Vía Láctea
    acecha
    la leche latina
    de la transmutación

     
    LA MAÑANA 

    La mañana llega encendiendo luces en el patio.
    Los árboles posan para el cuadro digital
    con sus verdes menta y marrón café,
    mostaza, magenta y las rosáceas,
    los ciprés, los bambúes.     

    El Creador ordena el eco en plenitud
    y el silencio trae el rumor de las calles
    de la infancia y su voz melodiosa
    de agua campana animales versos
    hojas vientos risas prosas.  

    La vida entonces se compone,
    libre de los dolores de espalda
    de los recelos sombríos
    de los obstinados insomnios.
    Aunque sea por pocas horas
     

    BORRACHA DE NUBES  

    Que ni el cuerpo
    libre del ave calma
    nave leve
    en el agua lejos,
    nieve-lava
    del pecho en desamor,
    levita
    la brisa del verano
    en el alpendre. 

    Desdóblanse
    aromas de lavanda
    mundo húmedo
    ramas de baranda

     
    ENTRE  LOS ÁRBOLES DE LA PLAZA 

    Jardines perfuman la noche de otoño
    tejida y reluciente debajo de la luna.
    Bajo la calle de la vieja estación
    con sombra de faroles a media luz.

    Las casas, oscuras. En los patios
    luciérnagas muestran el camino
    para nadie. 

    Mudos, los gallos perduran la brea
    en las tintas de la Aurora perezosa.
    Sólo el eco de un sapo ciego
    en la cisterna vertiginosa.

    En el árbol, un hada ilumina
    de oro la penumbra
    que oculta la niebla
    de la bruja en el sótano.  

    Una niña que se despierta, 
    se ve sola
    en aquel piso sombrío. 

    Perros traducen el silencio
    de los gatos, grillos, gritos
    cautivos en la huida de la memoria.
    Estrellas saludan a la madrugada
    acostada en los tejados, espiando
    por (las) venecianas de sueños
    el lance conocido de las horas. 

    Todo es calmo y sereno sobre rosas.
    Pero la cuidad pequeña deambula
    por los tibios caminos de mi sueño
    dictando glosas.


    EMBARCADOS 

    ¿Es útil lo que se hace?
    Inútil el deseo y alguna herencia. 

    De día los pasos decrecen
    de noche desploma la escena
    en el gesto intransparente
    del soplo como eco de la eternidad. 

    Cerca, muy cerca,
    la partida irrevocable.

     

    La muerte no me asusta,
    pero el dolor que en ella aguza,
    aguda, extrema,
    la tortura que provoca 

    No me aterrorizan
    la negrura, el vacío, el avieso,
     el pasaporte dantesco
    al lado de Caronte y Virgilio
    que por dicha sea la suerte 

    Todavía el aire
    desfallecido a la faena, 
    el corte, la glacial
    navegación de la sangre.
     

    LA CIUDAD 

    No soy la misma persona
    después de conocerte, ciudad,
    y andar por tus calles imantada
    en cielos rojo y azul. 

    Tus avenidas me expandieron
    los horizontes concéntricos
    de la inmortalidad oculta en el pecho. 

    Ciudad, que me adoptó por legítima
    en un bautizo de aceras de piedras
    en medio a las miradas extraviadas. 

    A mí, que vine de campos
    y arroyos del confín
    de un continente recién inaugurado.

    Ahora somos una en pasos,
    rastros y sombras pegados
    en el tiempo etéreo.

     

    REATAME 

    Perdonname, aunque sea quien se vaya.
    Perdí el pulso a la luz del deseo
    y el final del baile, acá, sin poder mirar 

    Que hada malvada,
    esa que te cría
    piedra bruta, rapto,
    escena en lo oscuro
    (que te quería destino alegre, niña). 

    Me desgarras, me avergüenzas.
    A la una, en el Café Neón,
    de gafas rayban y paraguas.  

    Descifrarte con fecha marcada
    ¡amor-muerte! Cinematográfica, rápida
    la pasión dilacera el relámpago,
    nada que necesite explicarse.
     

    EL AMOR   

    Ponte feliz: en el rostro,
    en los colores del vestido
    en el gesto del cuerpo 

    Toma de ese virus, poeta! 

    Quien sabe la fiebre se alargue
    y la cuidad arda
    contaminada por ese Ícarus
    rumbo al sol de la tarde 

    Espera el amor
    sentarse a tu lado,
    y contempla el paisaje. 

    ¿Felicidad?
    Alas derritiéndose
    de tan brasas? 
    Oro y plata incandescentes?  

    Alegría de esperarte!
     

    GRANADA EN EL PECHO

    Estaría yo mejor
    se estuvieses aquí conmigo
    en este Café,
    donde Lorca se sentaba 

    al sol tibio de diciembre
    entre los pájaros
    y palomas de la plaza
    con el pecho en llamas
    los ojos inflamados
    el incierto destino
    de los solitarios. 

    *   

     Dale limosna, mujer,

              que no hay en la vida
              nada como la pen
              de ser ciego en Granada.

                                    (L. A. de Icaza)

    Una explosión en mi pecho
    y aquí estoy en esta cuidad
    cercada por la Serra Nevada,
    sola y desolada, por desamor
    sin pena, devastada todavía
    ciega y muda de dolor. 

    Intento enterrar ese amor
    en el Jardín de los Siete Sellos
    y no encuentro un lugar
    que se me ofrezca. 

    Voy a ahogarlo en la corriente
    de las aguas que atraviesan la fortaleza
    y se recusan a recibirlo. 

    Lo empujo desde las Torres de Alcázaba
    y flota como pluma de seda
    en el cielo azul-turquesa. 

    ¿Por qué no mueres, amor?
    pregunta, cansado, mi corazón
    ya casi todo incinerado. 

    Y me responde, atrevido,
    el viento dulce que desliza
    entre los Palacios de Nazáries: 

    "Porque el amor vive para la eternidad
    aunque no te ame más tu amado"
     

    EPICURANDO 

    El albo es el clavel
    a ser del pecho en flor
    arrancado  
    no la planta
    rosa, púrpur

    pero lo que desgarra
    y despedaza del alma
    la serenidad franca.

     

     Silencio ensordecedor.
    Espera sin fin.
    Huyo
    y el sol corre a se esconder
    in sonámbulo sobre el muro
    del laberinto. 

    Mejor así.
    y el crepúsculo en la vista
    se disfraza en el paisaje,
    todo es destello. 

    Noche día lucen
    mismo en el alma pálida

    =============================================================

    MÁS TEXTOS EN ESPAÑOL 

    El Perro Blanco

    De
    El Perro Blanco
    Revista Internacional  Verano 2009
    Zaragoza, España

     

    Torbellino de estrellas
    collares de silencio centelleante
    hacia la media noche.


    MADRUGADA DE AGOSTO

    Escenas de sombras
    bajo el pensamiento
    memoria
    perdida en el tiempo
    estación viajante

    sola, otra vez

    Nada en la mente
    mientras se enfría
    el corazçon


    LABERINTOS

    Es duro, padre
    andar en este
    tu laberinto

    Tu luz se disipa
    y me absiento
    en negrura

    Bruto es tantear
    en la busca de hallarte

    y encontrarme
    en el velorio del día
    en el fondo
    del mar

    Y amar, entonces, señor
    esse profundo despeñar
    de abismos

    y la rosaleda, las trincheras
    los puñales, y el oro
    en el crepúsculo, ensangrentados
    el peligro de los descaminos
    mi grito apagado

    Tus leberintos son espinas
    y piedra puntiaguda, Padre.
    Y tornado.


    MATÓ A LA FAMILIA Y SE FUE A DORMIR


    Colisión en el paraíso
    Caín mato Abel
    Abel mata a Caín

    Adán mata a Eva
    Eva le pone fin

    Listo.
    Habrían evitado
    mucho disgusto


    STARDUST

    Sembrado en que amara
    Yo desierta, soleada, en aquel
    Sáhara
     la tabla suelta el paso flojo
    (falling in Love)
    el ojo verde centellando en la
    oscuridad
    Del Corazón ningún quejido
    si el mar fingiese ser lago
    y la luna parase en otra estación
    susurraban sweethearts
    y la ciudad dormia
    encendían mil y una noches de
    satén
    al borde de fuego de la pasíon

    Estos poemas fueron traducidos en un taller coordinado por Alicia Silvestre con las participación de los siguientes alumnos: Aline Fernandes Barreto, Rosa Maria Severino, Carlos Saiz Alvarez, Suzana da Costa Outeiral, Flavio Barbosa, Elessandra Cruz, Maria Stefânia e Keni Carla.

    GRUPO OIPOEMA na Pré-Bienal Internacional de Poesia,
     Brasília 14 e 15 de outubro de 2010

    No alto: Angélica Torres Lima, Bic Prado, Nicolas Behr. Sentados: Cristiane Sobral, Luís Turiba, Amneres.

    Foro: Ivan Malta


    BIENAL DO B – A POESIA NA RUA, 2ª.  26 a 29 de junho de 2012.   Brasília: Açougue Cultural T-Bone, 2012. 130 p. ilus. col.  17x25 cm.  N. 06 454                                                  Ex. bibl. Antonio Miranda


           
    Carta dos astros  

          
    Era em mim o amor  
           feito agonia
           E era noite, era dia
           o pássaro noturno
           e o diurno, agourando
           antecipando
           o diamante do seu riso
           que não me pertencia

           Eu te aguardava
           matutina
           estrela mais alva que a luzente
           vespertina
           e um silêncio sideral
           me alucinava transparente
           face a ausência
           à carta dos astros
           revelada:
          

           tu nunca estavas
           Vênus, Orion
           Lua de Mercúrio
           prateando o Lago
           Paranoá.

           Eu, só,
           nuvem desfeita
           na imensidão dos ares

           chuva turva
           sem serventia
           que não alivia a secura
           do Cerrado
           da agoniadesalmada

     

    CANDANGOIANOS, NA POÉTICA BRASILIENSE / organização José
    Sóter.  Capa: Sobre o quadro Campo de Espinhos, do artista
    Lemuel Gandara (escrito com tinta do Pequi). Projeto gráfico do
    capista Potyguara Pereira Netto. Miolo: projeto gráfico e diagramação
    de Alex Siva. Organizadores: Sóter, Augusto Niemar, Salomão Sousa.
    Brasília, DF: SEMIM 2024.   116 p.  ISBN 978-85- 980743-6-4
    No. 10 203
    Exemplar biblioteca de Antonio Miranda, doação de Salomão Sousa.

     

     

    MEU CERRADO

          
    Encho os olhos
            de paisagens
            do Cerrado.

            Um espírito rendado
            emana da floresta
            de ikebanas goianas.

             A claridade rasgada
             o plano exato
             geografia instantânea.


             GOYAZ NÃO HÁ MAIS

    Cortaram o meu Goyaz ao meio
    e não me pediram licença
    Meu papagaio de infância, degolado.
    Eu não tinha autorizado.

    Com o Norte assim
    de mim apartado
    perdi o rumo no mapa.

    Levaram embora a minha crença
    o meu estado de nascença
    o contorno de minh´alma
    meu Brasil por excelência

    meu sentimento geográfico
    meu sentido de existência.
    Só deixaram o Sul, disforme,
    e a metade da minha ausência.

    (De O poema quer ser útil, 2006)

     

     

                   ECOS

                  
    E o vento
                     maestro de folhagens
                     te incorpora  pai
                     eu sinto e ouço
                     a sinfonia da fazenda
                     na cidade à beira-mar.
                     Alagaravia
                     agoravia agorouvia
                     o seu fantasma
                     a conversar comigo
                     em meio à sua orgia
                     de rã sapo e gia
                     em tarde vegetal.


    *
    VEJA E LEIA outros poetas de GOIÁS em nosso Portal:
    http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/goias.html

    Página publicada em novembro de 2024.

    *

    Página ampliada e republicada em janeiro de 2023                          


    Página ampliada e republicada em novembro de 2008; republicada em janeiro e em outubro de 2010. Ampliada em julho de 2017

     

     

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