ANAND RAO
Autor de muitos, muitos livros e de muitas canções. Eu só conheço, até agora, um: POEMAS DOMADOS SOB O SIGNO DA LUA, sem data de edição, mas deve ser do início dos anos 90. Era o décimo oitavo da carreira de um jovem poeta! Encontrei o exemplar em um sebo... Vou seguir buscando outros... Publico alguns dos primeiro, deixo espaço para mais... outros virão... A biografia dele fica para depois. Qualquer coisa, visitem o sitio dele: http://www.anandraobr.com/
Antonio Miranda
RAO, Anand. Poemas domados sob o signo da lua. [Brasília, DF]: Anand Rao
Multiempreeendimentos, s.d. 183 p. ilus. 15,5x22,5 cm. Capa: Paulo Cervinho
Martins.
LARANJA PARTIDA AO MEIO
Meu amor
De você
Não quero
Nem o início
Nem o fim
Quero o meio.
CRUZ-CREDO
À frente
Um mar de lama
No itinerário da trama.
Atrás
A minha cama
Aliás
Minha dama
Provocando o meu impeachment.
CALCINHAS DE RENDA
Custou alguns cruzeiros minha calcinha.
Cruzeiros que fabricarão
Aquela ereção gostosa
Que cala minha boca
Suga minhas tetas
E me engravida
Me fez suar e gemer
Noite adentro
Dentro.
TINTA
A caneta
Escreve poemas de esquerda
Com a mão direita.
AO SOM DAS ÁGUAS
(a Almir Sater, mesmo que ele não leia, eu o ouvi)
Qual é a língua que tu falas canoa
É a língua das águas
Ou simplesmente vais à-toa
De acordo com a maré.
Não és a língua das serpentes
És a língua das sementes
Do rio Guaporé.
E eu sou teu leme canoa
E eu fico à-toa
Remando contra a maré.
Canoa desce
Canoa vai.
PALETÓ
Os ternos
Descansam nos cabides
E me cansam vestidos.
FORCA
Dou um nó
Na gravata
Que me dá um nó.
RAO, Anand. A busca comigo & o encontro contigo. [Brasília, DF]: Rao Promoções Artísticas, 1985? 117 p. 15,5x22,5 cm. Ilus. de Ney Garcez.
O olho e a semente que lavra a droga
O meu olho, espelha o que penso.
Daqueles que não voltam mais, quero a breve
aventura de viver, a rápida ilusão
da calma. O olho, subversivo
verso versivo do seio de uma mãe negra, que
traduz em sua história, a prisioneira glória.
O meu olho, é virtual. O verbo,
traduzido neste poema, real. O silêncio,
meio entre o virtual e o real, entre o olho
e o verbo, entre a cobra e a cabra, entre o leite
e o veneno, vírgula e exclamação que interroga
a lógica da palavra droga, da pá-lavra droga.
RAO, Anand. Os enigmáticos mundos das nascentes ocultas do homem. Brasília:Edições Viva Vida. s.d. 40 p. folheto grampeado. Miolo em mimeografo,
capa em off-set. Capa: Paulino A. Neto e Alice Fátima.
RAO, Anand. O plural singular. S.l.: s.e., s.d. 15x20,5 cm. Mimeografado.
RAO, Anand. O vôo de todos os beijos. Brasília, DF: Rao Promoções Musicais e Poéticas, s.d. s.p. 14,5x20 cm. ilus. . “ Anand Rao “ Ex. bibl. Antonio Miranda
RAO, Anand. Terra morena. Brasília: edição do autor, s.d. 40 p. 14,5x20,5 cm. edição mimemografada. (EA) “ Anand Rao “ Ex. bibl. Antonio Miranda
RAO, Anand. O encanto de nosso coração. Brasília, DF: Edições Méiraolinson, s.d. 38 p. “Produção independente”, alternativa, mimeografada. “ Anand Rao “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Obs. Estive em casa do poeta e músico Anand Rao em ameno e animado happy-hour com seus amigos. Estamos compondo nossa primeira parceria poético-musical. Eu entro com a poesia, ele com a melodia e a simpatia... Outras parcerias virão. Habemus poesia! 11.01.2008
RAO, Anand. POEMA DAS GOTAS DAS PEDRAS EM INFINDAS MAGIAS DE CRENÇA E FÉ. Capa e ilustrações : José Tadeu Alves. Brasília: sem editor, sem data 66 p. ilus. p&b. No. 10 116
Poema de Ponta Negra e Arraial de Canoas
as artimanhas
manhas e gracejos
manhãs de sol
enobrecem o coração
de sua passarada
revoada
de gaivotas
graves e lindas
e o coqueiral desta praia
tece em mim saudades
de ti beijar
morena mar
ilha de meu coração
em vestes e vidas.
calado
Deus escuta minha voz
a voz de um filho crente
nas paisagens das passagens dos tempos
humanos
calado
Deus com sua voz
o silêncio
tece em mim
fé para prosseguir
sempre no berço de sua voz
barco de minha ilusão
e minha morena
inexiste
e meu mar
é apenas o calor do eterno
deste poema às avessas.
*
Página ampliada e republicada em outubro de 2024
Página publicada em janeiro de 2008. Ampliada e republicada em fevereiro de 2015. |