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ALCEU BRITO CORRÊA
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTO EN ESPAÑOL
Alceu Brito Corrêa. Mineiro vivendo em Brasília. Participação em diversas coletâneas de contos e poesias no Brasil e na Itália.
CORRÊA, Alceu Brito. Epiciclo. Rio de Janeiro: Blocos, 2002. 64 p. 14x21 cm. ISBN 85-87450-08-5
Natureza Morta
nas imagens do gás
não vejo o carbono
nem os dois átomos de oxigênio
que tirei de um cigarro
não vejo coisas
somente fumaça...
no cinzeiro, restos mortais
urna ponta morta, um filtro amarelo
um fósforo morto, cinzas
nada mais.
ONTOLOGIA
duas vezes plim plim
e a verdade passa a existir
até para mim...
CADEIRA VAZIA
Sempre que pela sala passo,
Sinto da vida um cansaço,
Por não ter o que queria,
Vendo a cadeira vazia
Na qual tu te sentavas,
Na qual tu te deixavas,
Sonhar, pensar, sonhar,
E te punhas a cantar.
Aquela cadeira vazia,
Em que eu sempre te via,
Ainda hoje continua lá,
Sozinha, desocupada.
Lá não estás, mas te vejo;
Corro até lá e te beijo.
Percebo, beijando o espaço,
Meu vazio e meu fracasso.
LATINIDADE: I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDDE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO. Dilercy Adler, org. São Luis: Estação Produções Ltda, 1998. 108 p. Capa: Carranca – Fonte do Ribeirão – São Luís – Maranhão – Brasil Ex. bibl. Antonio Miranda
SEM TRISTEZA
voz rouca suplica
a despedida indesejada
o frio tomou conta do
coração amante
abertos, ainda, nada mais
dizem olhos de ontem
cerraram-se as
cortinas da bailarina
boca absolutamente inerte
encarecendo todo o amor
perdido, desperdiçado
ouvidos moucos sussurros
de antanho, quietos, dia
e noite se encontraram
parando o tempo juntando
o passado em um só momento.
LINGUAGENS – LENGUAGENES /Edição bilíngue Português / Español. organização Menezes y Morais; tradução Carlos Saiz Alvarez, Maria Florencia Benítez, Lua de Moraes, Menezes y Morais e Paulo Lima.. Brasília, SD: Trampolim, 2018. 190 p. (7ª. coletânea do Coletivo de poetas) ISBN 978-85-5325—035-6. Ex. bibl. Antonio Miranda
VENCIDA PELA ILUSÃO
DEIXOU-SE FICAR
os olhos sem expressão
o corpo sem amor
— frustração —
o sonho louco
a vida vazia
cheia de coisas boas
— irrealizáveis —
as mão atadas
caros anéis entrelaçados
estranhos braceletes
de pérolas e ouro
algemas sem chaves e prisões
— inexpugnável cofre forte —
um fio de lágrima correu pelas veias
frêmito de nojo e tristeza
pequenina, impotente
abateu-se, ficando sem olhos
sem expressão
sem amor
— sem razão
TEXTO EN ESPAÑOL
Natural de Belo Horizonte (1946), poeta, ingeniero electricista, colaborador en antologías de cuentos y poesías tanto en Brasil como en el exterior, además de en periódicos y revistas. Tiene entradas tanto en la Enciclopedia da Literatura Brasileira Contemporánea (Grupo Brasilia de Comunicado) como en el Dicioná-rio de Poetas Contemporáneos (org. Francisco Igreja), así como en el Dicionário de Escritores de Brasilia (org. Napoleáo Valadares). Fue tesorero y secretario del Sindicato de los Escritores del DE Autor de Epiciclo, Ekinox y Fractais (poemas, 2014). Fio de Organza (poesía, 2016). Es coautor de Poemas (1990), Outros Poemas (1992), Mais Uns (1997) y FINCAPÉ (2011), del Colectivo de Poetas, y otras antologías internacionais.
VENCIDA POR LA ILUSIÓN
SE DEJÓ ESTAR
los ojos sin expresión
el cuerpo sin amor
— Frustració —
el sueño loco
la vida vacía
repleta de cosas buenas
— Irrealizables —
las manos atadas
caros anillos entrelazados
extrañoss brazaletes
de perlas y oro
esposas sin llaves ni prisiones
— inexpugnable caja flerte —
un hilo de lágrimas corrió por sus venas
rumor de asco y tristeza
diminuta, impotente
se abatió, arrasados los ojos
sin expresión
sin amor
— sin razón
OFICINA 26 – ANO 13 - Editor: Sérgio Gerônimo. Rio de Janeiro – RJ: Cadernos de Poesia, 1998.
Ex. doado pelo livreiro BRITO – Brasília -DF.
RIDI PAGLIACCI
Uma palavra solta
lavradio, semente lançada
em volta, cabala pisada
sons que vão sem volta
risada longínqua, ímpia
inveja por não estar lá
choro triste sem lágrima
água benta água límpida
mágica infeliz, desmas-
cara no circo o artista
risos, vaias, as mesmas
pessoas, pra frente, otimista
recomeça a cada sessão
aplausos falsos sorrisos
mistérios, espantos, balão
que se vai ao vento, arisco
menino ontem vejo hoje
ainda nuvens engolem
pontinho colorido foge
entre flocos de doce algodão
grita não grita bola bala
bolo balão coca-cola
palhaços roda gigante
apenas eu, inútil farsante
*
Página ampliada e republicada em outubro de 2023
Página publicada em outubro de 2012; página ampliada em outubro de 2019; Página ampliada e republicada em dezembro de 2019
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