ABHAY K
Abhay Kumar/Abhay K (Hindi: अभय कुमार) (born 1980) is an Indian poet-diplomat. His books include The Seduction of Delhi among others. His writings cover poetry, art, memoir, global democracy and digital diplomacy. He wrote the Earth Anthem and the South Asian Anthem spurring search for an official SAARC Anthem.
He received the SAARC Literary Award for his contribution to contemporary South Asian Poetry and nominated for the Pushcart Prize 2013. In 2011, he also received the Gov 2.0 award on behalf of the Public Diplomacy Division, Ministry of External Affairs. He has been featured as a nominee on the longlist of the Forbes India 100 Celebrity list[23] and has been honoured with Asia-Pacific Excellence Award in 2014. His book The Seduction of Delhi was shortlisted for Muse India-Satish Verma Young Writer Award 2015.
See more in: https://en.wikipedia.org/wiki/Abhay_Kumar
http://www.abhayk.com/
TEXTOS EM PORTUGUÊS – TEXTOS IN ENGLISH
REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 4, jan./jun. No. 7 – jan./jun. 2022. Editor: Flavio R. Kothe. Brasília, DF: Editora Cajuína, Opção editora, 2023. 158 p. ISSN 2674-8495
TRADUÇÃO DO INGLÊS para o PORTUGUÊS
por MARCOS FREITAS
NA RAIA
Amigos remadores
nas águas rochosas,
remem adiante,
por mais turbulentos os rios,
acendam uma vela.
por mais escura seja a noite,
não tenham medo
remem adiante
remem adiante.
OH TEMPO
Oh tempo, pare um instante.
deixe-me absorver cada momento de sua plenitude,
que seus belos matizes e cores
fiquem quietos
não se movam,
você corre muito ligeiro
desacelere
espere um instante
deixe-me cuidar de você.
ANTONIO MIRANDA READS A POEM
‘The Temple of Goodwill’
from ABHAY K.`s forthcoming bilingual collection of poems:
The Prophecy of Brasilia|A Profecia de Brasilia
https://www.facebook.com/abhaykr/videos/10156315960742491/
(from FACEBOOK, 27/03/2018)
K., Abhay. The prophecy of Brasilia. A Profecia de Brasília. Tradutores Ana Paula Arendt, Roberto Medina, Wellington Bujocas. Pindamonhongaba (SP): Coletivo Editorial, 2018. 96 p. ilus. 14xk21 cm Edição bilingue. ISBN 978-85-69942-26-9 Ex. bibl. Antonio Miranda
(fragmentos)
Alto Paraiso
In the high paradise
near Brasilia
a lady whispers
in my ears
in fluent Esperanto —
“Let´s go to discoporto”
Discoporto: An aiport for flying saucers.
Alto Paraíso
No alto paraíso
perto de Brasília
uma dama sussurra
nos meus ouvidos
em Esperanto fluente —
“Vamos ao discoporto”
Discoporto: um aeroporto para discos voadores
Traduzido por Ana Paula Arendt
Itamaraty Stair
A spiral
stair
appears
in the air
traversing
Spheres
Escada do Itamaraty
Uma escada
espiral
aparece
no ar
atravessando
esferas
Traduzido por Wellington Bujocas
100 GRANDES POEMAS DA ÍNDIA. Número especial dos CADERNOS DE LITERATURA EM TRADUÇÃO - V. 19 (2018). / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/ USP. São Paulo, SP. Nota do Editor Abhay K. ISSN 1981-2558. Ex. bibl. Antonio Miranda
Imagem do lançamento da obra em Brasília, no tradicional restaurante Beirute no dia 01 de janeiro de 2018, convocado pelo poeta e diplomata ABHAY K., na hora da assinatura da obra para Antonio Miranda, responsável pelo PORTAL DE POESIA IBERO-AMERICANA.
Canção da alma
De ABHAY K.
Sempre estive aqui
como vento que sopra
ou folhas que caem
como sol brilhante
ou riachos correntes
como pássaros gorgeantes
ou botões florescentes
como céu azul
ou espaço vazio
eu nunca nasci
eu não morri.
Tradução de Luci Collin
Final Farewell to My Father
For Rajendra Singh (1945-2006)
I wait at the banks of the holy Ganges
while my father travels his last journey
I eagerly wait to see his face,
to capture the last glimpse of the light
that brightened my path since I was born
His body would soon be consumed by holy fire
and his soul will merge into eternity
The light that has gone out from the Earth
now will shine brightly in the sky
The holy Ganges will carry his ashes into the vast blue oceans
and there he will rest in peace
When I'll look into the sky each time
I'll see him smile
I wait at the banks of the holy Ganges
for my father’s arrival
for the final farewell
I feel blank, how it all happened so fast
My eyes swell with tears
crying out loud
I want my father, I want my father back
He doesn't speak, he will not speak to me ever
We will not share a smile as always
when I returned home
I know this meeting is different but it just feels the same
Father, you know how long I waited to be with you
I even secretly marked a park where we would go for a walk
be it summer, winter, snow or rain
but see I am here
waiting at the banks of the holy Ganges
wondering how should I bid you farewell
thinking whether it would be the same
will I ever believe you are gone
I must be strong, I am your son.
(From Candling The Light - Collection of Poems by Abhay K)
Abhay K. em visita à biblioteca particular de Antonio Miranda (um detalhe). Chácara Irecê. 16/04/2016
POEM ABHAY
MAIS UM HINO PARA DECORAR? Veja e leia o BATE-PAPO com o poeta ABHAY K. E:
http://revistatrip.uol.com.br/trip/mais-um-hino-para-decorar
Earth Anthem
Our cosmic oasis, cosmic blue pearl
the most beautiful planet in the universe
all the continents and the oceans of the world
united we stand as flora and fauna
united we stand as species of one earth
black, brown, white, different colours
we are humans, the earth is our home.
Our cosmic oasis, cosmic blue pearl
the most beautiful planet in the universe
all the people and the nations of the world
all for one and one for all
united we unfurl the blue marble flag
black, brown, white, different colours
we are humans, the earth is our home.
Ouça a Música em:
Earth Anthem written and produced by poet-diplomat Abhay K. (www.abhayk.com) is in 8 world languages including 6 official UN languages viz. Arabic, Chinese, English, French, Russian and Spanish as…
00:02:58
https://www.youtube.com/watch?v=kQz8jxJLNOA
HINO DA TERRA
Nosso oásis cósmico, cósmica pérola azul
o mais belo planeta no universo
todos os continentes e os oceanos do mundo
unidos mantemos como flora e fauna
unidos mantemos como espécies de uma terra
negra, marrom, branca, diferentes cores
somos humanos, a terra é nossa casa.
Nosso oásis cósmico, cósmica pérola azul
o mais belo planeta no universo
todos os povos e os países do mundo
todos por um e um por todos
unidos desfraldamos a bandeira de terra
negras, marrom, branca, diferentes cores
somos humanos, a terra é nossa casa.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução: MARCOS FREITAS
Último Adeus a meu Pai
Para Rajendra Singh (1945-2006)
Eu espero às margens do sagrado rio Ganges
meu pai viajar sua última jornada
Eu espero ansiosamente para ver o seu rosto,
para capturar o último vislumbre da luz
que iluminou meu caminho desde quando nasci
Seu corpo logo será consumido pelo fogo sagrado
e sua alma se fundirá na eternidade
A luz que tem ido para fora da Terra
agora vai luzir brilhantemente no céu
O sagrado rio Ganges vai levar suas cinzas aos vastos azuis oceanos
e lá ele descansará em paz
E cada vez que eu olhar para o céu
Eu vou vê-lo sorrir
Eu espero às margens do sagrado rio Ganges
pela vinda de meu pai
para o último adeus
Eu me sinto vazio, tudo aconteceu tão rápido
Meus olhos se enchem de lágrimas
chorando alto
Eu quero o meu pai, eu quero o meu pai de volta
Ele não fala, ele não falará comigo novamente
Nós não vamos compartilhar um sorriso, como sempre
quando retornava à casa
Eu sei que este encontro é diferente, apesar de parecer igual
Pai, você sabe quanto tempo eu esperei para estar com você
Eu mesmo secretamente marquei um encontro onde nós iríamos para uma caminhada
seria verão, inverno, neve ou chuva
mas veja eu estou aqui
esperando às margens do sagrado rio Ganges
perguntando como eu deveria me despedir
pensando se seria igual
se deveria eu acreditar que você está indo
Eu devo ser forte, eu sou seu filho.
(From Candling The Light - Collection of Poems by Abhay K)
K., Abhay. The Seduction of Delhi. Artworks by Tarshito. London: Bloomssbury, 2014. 94 p. ilus. 13x19,3 cm. Capa dura, sobrecapa.
Na foto: os poetas ABHAY K e ANTONIO MIRANDA com a imagem do grande poeta indiano TAGORE.
K., Abhay. Remains. A collection of poems. New Delhi, India: Har-Anand Publications PVT, 2012. 79 p. capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
Querendo dar a volta
Atado a um poste
que ainda resiste
em águas estagnadas
observando o rio
que flui
ruidoso e alvoroçado
querendo a volta surgindo
e a força de sua corrente
lavando os anos de senilidade
sufocando minha alma por séculos.
Que vai restar de nós?
Que vai restar de nós
quando os corpos se diluem em seus elementos —
Terra, água, fogo, ar, céu?
Que vai sobreviver a nós —
verdade, mentira, lendas,
ideias, pensamentos, realizações?
Nas vagas do tempo
As vagas do tempo
trouxeram você a mim
as mesmas vagas
levaram você de mim
Eu sei
Não mais voltarei a vê-la
mas deixe-me agradecer
por estes momentos de eternidade.
(Tradução: Antonio Miranda)
HIUEN TSANG EM NALANDA
Poema de Abhay K.
Tradução de Antonio Miranda
[Hiuen Tsang levou dezessete anos viajando pela China e retornou à Índia no século XVII, durante a dinastia do Imperador Taizon. Suas aventuras inspiraram o romance Journey to the West (Viagem ao Oeste), referência à Índia como a terra pura (verdadeira) de Buda.
Um lago azul-celeste arredor de mosteiros, adornado com as copas plenas de lótus azul; as deslumbrantes flores rubras de flores pendentes por toda parte, nas proximidades de mangueiras oferecendo sombras densas e protetoras.
I
A half-monk at thirteen
restless to find the truth
one night I saw in my dream
I
Um meio-monge aos treze anos
inquieto na busca da verdade
certa noite eu vi em meu sonho
an azure pool
a blue lotus
dazzling red flowers
no azul-celeste lago
um azul lótus
deslumbrando flores rubras
thick mango groves
wrinkled face of a Bhikchhu (1)
I set out for Yintu (2)
densa mangueira
face enrugada de um Bhikchhu
Eu parti para Yintu
secretly escaping the Middle Kingdom
at night, like the young Siddhartha
against the Emperor’s diktats
escapando secretamente do Reino do Meio
à noite, como o jovem Siddhartha
contra os ditames do Imperador
I travelled alone for years
a fakir along the Silk Road
hungry, naked but blessed
Eu viajei sozinho por anos
um faquir pela Estrada da Seda
faminto, nu mas abençoado
crossing Gobi, Tien Shan,
Samarkand, Jalandhar, Kashmir,
Kannauj, Varanasi, Patliputra
atravessei Gobi, Tien Shan,
Samarcanda, Jalandhar, Caxemira,
Kannauj, Varanasi, Patliputra
On my way I met kings and queens
saw blossoming monasteries;
decaying, crumbling ruins
Pelo caminho encontrei reis e rainhas
avistei mosteiros em flor;
decadentes, ruinas desmoronadas
Finally, I found Nalanda (6)
hidden as a jewel
under the thick mango groves
Finalmente, encontrei Nalanda
escondida como uma joia
debaixo da densa mangueira
Silbhadra had always known
I would come to Nalanda
as a bee comes to a flower seeking néctar
Shibhadra sempre soube
que eu iria para Nalanda
como uma abelha vai à flor buscar o néctar
He took me in as one of his own
taught me Yogacara
and gave me a new name, Mokshadeva
Ele acolheu-me como um dos seus
falou-me sobre Yogacara
e deu-me um novo nome, Mokshadeva
Spending many blissful years
with the Guru and fellow monks
I absorbed their profound wisdom
Vivendo tantos anos felizes
com o Guru e monges camaradas
Eu absorvi sua profunda sabedoria
set out to travel across the moon land
visiting Kanchipuram, Ajanta, Malva, Multan
Nostalgic, I returned to Nalanda
parti em viagem pela terra lunar
visitando Kanchipuram, Ajanta, Malva, Multan
Nostálgica, e retornei a Nalanda
before bidding a final farewell
to head for Kamrupa, the land of Brahmaputra
ruled by the learned Kumar Bhaskar Varman
antes de dar meu último adeus
e partir para Kamrup, terra de Brahmaputra
regida pelo sábio Kumar Bhaskar Varman
but my friend King Harshavardhan
could not bear my absence for long
I was brought to attend the Great Assembly at Kannauj (5)
mas meu amigo o Rei Harshvardhan
não suportou minha ausência tanto tempo
Fui levado para a Grande Assembleia de Kannauj
extolled Mahayana Buddhism there, visited Prayag
then journeyed home, my horses laden with texts
statues, rare relics of the Enlightened
louvado Budismo Mahayana lá, visitei Prayag
então voltei para casa, meus cavalos carregados
de escrituras
estatuetas, raras relíquias do Iluminado
I nearly drowned crossing the Indus
washed away by its mighty currents
but was saved by local fishermen
Quase afoguei-me atravessando o Indus
banhado por suas poderosas correntes
mas fui salvo por pescadores locais
Continuing my journey back
passing Khyber, Kashgar, Khotan,
arriving in Chang’an where
Continuando a jornada de volta
passei por Khyber, Kashgar, Khotan,
chegando a Chang’na, onde
a great procession celebrated my return
the Emperor himself at the city gates
welcomed me with open arms
uma grande procissão celebrava meu regresso
o próprio Imperador às portas da cidade
saudou-me de braços abertos
showered on me
the highest honours of the land
but gently I refused them all
derramou sobre mim
as mais altas honras terrenas
mas gentilmente recusei todas elas
I presented Emperor Taizong
my Great Tang Records (On Western Regions) (4 / 5)
and retired to the monastery at Da Ci’em
Presenteei o Imperador Taizong
com meu Grande Registro Tang (sobre Regiões
Estrangeiras)
e retirei-me ao mosteiro de Da Ci’em
translating precious gems
gathered on my odyssey
to the Buddha’s pure land.
para traduzir gemas preciosas
conquistadas em minha odisseia
ao território puro de Buda.
II
Hieun Tsang (4)
come back to Nalanda
King Harsha is long gone
but here is a new dawn
Hieun Tsang
regressou a Nalanda
Rei Harha há tempos se foi
mas aqui é um novo alvorecer
Hieun Tsang
it won’t take you seventeen years
you don’t have to cross
Gobi or Tien Shan
Hieun Tsang
não vai precisar de dezessete anos
para atravessar
Gobi ou Tien Shan
Hiuen Tsang
the prince of pilgrims
you don’t have to stop
at Liangzhu or Turpan
Hiuen Tsang
príncipe dos peregrinos
não vai ter que se deter
em Liangzhu ou Turpan
Hiuen Tsang
take a non-stop flight
from Beijing to Bodh Gaya
straight to the pure land
Hiuen Tsang
faça um voo sem escalas
de Pequim para Bodh Gaya
direto para a terra pura
Nalanda has risen from its ashes
to embrace you once again
with open arms
Rise like a Phoenix
Nalanda ressurgiu de suas cinzas
para abraçar-te uma vez mais
com os braços abertos
Elevados com um Fênix
Hiuen Tsang
bring along I-tsing and Faxian (3)
come back to Nalanda
Hiuen Tsang.
Hiuen Tsang
traga consigo I-tsing e Faxian
volte para Nalanda
Hiuen Tsang.
Notes:
1. Acharya Bhikshu (1726–1803) foi o fundador e primeiro líder espiritual de uma seita do Jainismo, religião indiana criada no século VI a.C. em ruptura com a tradição védica e o hinduísmo, fundamentada na ideia do ainsa (“rejeição à violência”).
2. Yintu ou Indu (terra da lua), foi o primeiro nome pelo qual a Índia era conhecida na China.
3. I-tsing e Faxian foram outros notáveis viajante pela Ïndia, entre 673-695 e 399-412 res
4. Hiuen Tsang estudou Yogacara (consciência pura) na célebre Universidade de Nalanda sob a orientação do abade Silbhadra. Ele foi celebrado pelo Rei Harshavardhana e retornou à China com mais de 600 textos budistas e mais de uma centena de relíquias do corpo de Buda. Ele então rememorou sua aventura no The Great Tang Recors on the Western Regions.
5. A Grande Assembleia de Kannauj: em 643 Harsha convocou uma assembleia, com o objetivo de aproveitar a presença de Hiuen Tsang para exaltar o Budismo Mahayana e refutar o Hinayana. Hiuen Tsang em Nalanda escreveu The Destrucion of Heresy – a refutation of Hinayana (A Destruição da Heresia – uma refutação de Hinayana). Um grande número de reis assistiram a assembleia, assim também uns 3.000 monjes budistas Mahayana e Hinayana, 3.000 Brahmanas e Jains e aproximadamente 1.000 estudiosos budistas da Universidade de Nalanda.
6. Nalanda é considerada a mais antiga universidade do mundo e uma importante sede de estudo do Budismo. Destruída no século XII, Nalanda foi esquecida até os anos 1800. Escavações no século XX com a orientação dos escritos de Hiuen Tsang, a Universidade de Nalanda foi revivida como um centro internacional de educação. Voltou a funcional em 2014 como universidade.
Abhay K. e Antonio Miranda em visita a Pirenópolis, GO, Brasil, 16/04/2016
Os poetas Abhay K., Antonio Miranda e Francisco Alvim durante um sarau poético na Embaixada da Índia, Brasília, em julho de 2016.
Na foto: Edmilson Caminha, Antonio Miranda, Abhay K. , Makarand R. Piranjape, Lilia Diniz e, Zenilton Gayoso na sessão do Chá com Letras, Embaixada da Índia, 14/10/2016, em Brasília.
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