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                   Foto: www.poetagustavorabelo.com 
                    
                  GUSTAVO RABELO 
                    
                  GUSTAVO  Rodrigues RABELO nasceu em Brasília-DF, no ano de 1975. Licenciou-se em Letras  pela Universidade Católica de Brasília em 1997. Leciona Língua Portuguesa na  Secretaria de Estado do Distrito Federal.  
                  Iniciou  sua escrita de poesia no ano de 1994. Foi premiado em dois concursos  universitários com os poemas "Jardim das Ilusões" e "Síndrome  Sigmática". Já publicou três livros: Antologia do Acaso (1999); Inventário (2001);  e Teares da aurora (2017).  
                    
                  Em  2003, ao lado dos amigos e poetas Nelson Carvalho, Alessandro Eloy Braga e  Bibiana Poveda, fundou o grupo Poetas Pela Paz, com o qual até hoje faz o  trabalho itinerante de levar poesia ao público em geral, promovendo e  fomentando a ação para a paz e a formação de novos públicos para a arte  poética. 
                    
                  
                  RODRIGUES, Gustavo Rabelo.  Antologia do acaso. Prefácio:  Juliana Frazão Campos.  Capa: Israel  Saêta da Costa. Ilustração: Daniel Rezende.   Goiânia, GO: Kelps, 1999. 64 p.   
                  Ex. bibl. Antonio  Miranda     - Doação do livreiro Brito  (DF) 
                  
                    
                  Babilônia Brasília  
                  Quando a noite se estabelece 
                    Nos céus da capital federal, 
                    Os semáforos piscam em intermitente 
                    Amarelo tentando mostrar uma face diferente 
                    Da divulgada nos noticiários de televisão. 
   
                    Ao contrário do que se pensa, 
                    Os homens engravatados 
                    Não são os únicos personagens 
                    A atuarem no palco decisivo da nação. 
   
                    Nos traços futuristas, ruas planejadas 
                    De inexistentes esquina, 
                    Crianças vagam sem destino. 
   
                    Vêem seu futuro, antes depositado na escola, 
                    Ser distorcido... (perdendo a primeira sílaba); 
                    Meninas refletem sua fantasia infantil 
                    Nas coluna de Acompanhante, 
                    Onde são conhecidas como Barbie ou Susy 
                    
                  Cartões-postais perdem suas cores 
                    E mostram seus contrastes em preto e branco; 
                    Monumentos inspirados na liberdade 
                    Presenciam a desigualdade 
                    Imposta pela ditadura do abandono, 
                    Oculta num sinistro breu. 
   
                    Palácios revestidos de imponente riqueza 
                    Parecem aprovar e pacificamente conviver 
                    Com a mais absurda miséria 
                    Que bate às suas portas. 
   
                    Templos suntuosos, 
                    Catedrais de revolucionária arquitetura 
                    Carregam consigo a cruz da paz 
                    Tomados pelo apocalipse urbano. 
   
                    Esta é a cruel realidade instalada 
                    Nos bastidores da babilônia Brasília 
                    Que, por ironia do destino, 
                    Nasceu de um sonho... 
                    O idealizador assiste a tudo 
                    Numa visão panorâmica, 
                    Sob os olhos de uma estátua 
                    Que, em frente ao Memorial, (acena...) 
                    Com quem se despede das memórias 
                    Marcadas pelo estigma do pesadelo.  
                    
                  Chronos 
                     
                    Assim é o tempo: 
                    força motriz 
                    sem mãe ou matriz 
                    esculpindo nas pedras 
                    um abstrato auto-retrato 
                    que traduz (...) induz 
                    ao geométrico caos 
   
                    f-r-a-g-m-e-n-t-a-d-o 
   
                    gerado por fractais os quais 
                    mais parecem vidro de cacos 
                    disfarçados de cristais 
   
                    Fluxo influente fluindo para o infinito... 
                    Assumindo definitivamente 
                    a cumplicidade com seu principal afluente: 
                    O   e – s – p – a – ç – o. 
                  E de repente mostra-se forte como aço, 
                    no seguinte segundo faz-se frágil  
                    como semente... nada é fácil. 
   
                    Assim é o tempo: 
                    entidade contraditória sem identidade 
                    que mais dia, menos dia vai compor 
                    quem sabe uma história feita de amor 
                    e contar a verdade vista nos olhares 
                    de dois entre milhares 
                    de personagens à sua mercê: 
                    um deles eu, o outro, torço 
                    pra que o tempo diga ser você. 
                     
                    * 
                  VEJA e LEIA outros  poetas do DISTRITO FEDERAL em: 
                  http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html  
                    
                  Página publicada em setembro de 2021 
                
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