Foto: http://cultura.gov.br/votacultura/foruns/ce-literatura-livro-leitura/
TALLES AZIGON
Poeta cearense, contador de histórias, produtor cultural, leitor de Manuel Bandeira e faz de sua atividade profissional de Mediador de Leitura uma ação política. Publicou dois livros de poemas pela Editora Substância, o Três golpes d´água e MARoriGINAL: tallesarigon@substancia.com.
MUTIRÃO # 2 – Maestro de Obras: O Poeta de Meia Tigela /pseudônimo de Alves de Aquino/. Fortaleza, CE: Expressão Gráfica e Editora, 2016. ISBN 978-85-420-0764-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
analogia do homem
um homem
não passa do chão
somente o amargor
é seu verdadeiro caixão
um homem
não começa em janeiro
no coração doutro homem
é seu tempo-paradeiro
um homem
não é para sempre
porém, sua palavra escrita
inventa o homem presente
um homem
é mais do que isso
quando a vida-matéria
é seu excelso compromisso
um homem
não some no ar
cada sorriso que deu
o transforma em onda do mar
um homem
não sobe aos céus
mas, cada poema que escreveu
é um alada corcel
um homem
não passa ao largo
quando cravou um sorriso
num que passava ao lado
um homem
nunca é vão
se a palavra
por ele proferida
derramou poesia
nas vidas.
poema tão bonitinho
você não avisou
ao senhor coronel
que o rio que atravessou
foi a barco de papel
ele não acreditou
fez tamanho tropel
se achava o dono das águas
se achava o dono do céu
mandem avisar ao escroque
viagem pra dentro da gente
não precisa de passaporte.
POEMAS EXTRAÍDOS DE: https://tallesazigon.wordpress.com/2018/02/20/uma-historia-do-tres-golpes-dagua-pdf-gratuito-pra-baixar/
preciso partir
ou parto de vez
de dentro de mim
preciso fugir
dessa localidade.
buraco de lama,
insiste, volta e preenche
o esforço inútil
da minha mente
preciso sair,
pois não caibo na cidade
não caibo na verdade
não caibo no tubo de ensaio
meu remédio é sumir
Eu sofro
do mal do aqui.
*
(D composição urbana)
o rio de aço e carne
flui para um oceano indeterminado
em suas margens
cães, gente, árvores, gatos e pássaros
invisíveis.
*
(Oração não subordinada)
Senhor,
juro nunca mais
jurar por ti
minhas duas palmas
coladas
nunca mais te pedirão
perdão
vou te arrancar
do meu altar
desconsagrarei a ti
o domingo, o sábado,
todas as feiras
darei um golpe no teu Estado
e serei Deus a minha vida
inteira.
Página publicada em fevereiro de 2018
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