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SOARES BULCÃO
José Pedro Soares Bulcão (Uruburetama, 13 de maio de 1873 - Fortaleza, 17 de julho de 1942) foi jornalista, historiador, genealogista, poeta e político brasileiro. Pai da atriz Florinda Bulcão. Pertenceu ao Instituto do Ceará e à Academia Cearense de Letras.
Foi um jornalista polêmico, político de destaque e orador, tendo exercido dois mandatos de deputado na Assembleia Estadual do Ceará (1921 a 1928). Foi poeta renomado e, segundo Raimundo Girão, “as suas produções líricas, muito bem limadas, encerram o espírito de acrisolado sentimentalismo e invencível melancolia...”
Estreou na poesia em 1910 com o original adagiário poético Parêmias, (Filosofia popular em versos). Dedicou-se ao estudo da História e da Genealogia do Ceará, publicando várias obras. Deixou uma obra inédita Heliantus. Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 8 de setembro de 1922 por ocasião da primeira reorganização do sodalício, ocupando a cadeira número 13, cujo patrono na época era Martinho Rodrigues. Pertenceu ao Instituto do Ceará e ao Centro Literário.
Soares Bulcão é pai da atriz Florinda Bolkan
Obras: Paremias: philosophia popular em versos, 1910; Cartas políticas de Solon Pinheiro, 1912; As lutas do Ceará, 1914; A função dos partidos e o dever partidário, 1925;Anastácio Braga, sua vida e sua obra, 1928; O Comendador João Gabriel (A origem do nome Acre), 1932.
Homenagens: Uma rua em Fortaleza foi nomeada em homenagem ao escritor. - Praça da Igreja Matriz de Uruburetama leva o nome dele.- Em Uruburetama a Biblioteca Municipal foi denominada de Soares Bulcão.
REZENDE, Edgard. O Brasil que os poetas cantam. 2ª ed. revista e comentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958. 460 p. 15 x 23 cm. Capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
URUBURETAMA
Sob esta nesga límpida do céu,
Onde mais alto o sol ainda,
De vasta zona natural troféu,
Sem a mais leve sombra de labéu,
És a terra do amor, fecunda e linda.
Criou-te Deus entre virentes serras,
Refúgio amigo onde reside a paz;
Deu-te os primores que em teu encerras,
Buscando glórias por longínquas terras,
Andam teus filhos na conquista audaz.
Para a riqueza de teus férteis vales
Rios perenes correm nos teus flancos,
Mas, se te chega da amargura o cálix,
Anunciando o termo dos teus males,
Bafora a serra os nevoeiros brancos.
Rudes teus filhos foram noutras eras,
Mas cultivaram da altivez a flor;
Venceram nos covis as próprias feras,
E os novos filhos de outras primaveras,
Conservam n'alma esse imortal valor.
Para que nunca alheia mão te vença,
Tens a guardar-te o elo das montanhas,
Cadeia enorme de muralha imensa,
Onde teus filhos têm a mesma crença,
Para expelir as pretensões estranhas.
Seja-te avessa ou promissoras a sorte,
Nunca te deixes vacilar na fé,
Faze mais firme essa união, mais forte,
Entre teus filho, para a vida e a morte,
E dentre as lutas surgirás de pé.
Página publicada em dezembro de 2019
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