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POESIA PARNASIANA – PARNASIANISMO

ROBERTO PONTES

Francisco Roberto Silveira de Pontes Medeiros, nasceu em Fortaleza, Ceará (04/02/1944). Cursou Direito (1964) e mestrado em Literatura Brasileir (1991) na UFC.  Seu poema sobre a morte do Frei Tito foi traduzido para o Francês e divulgado em vários países pela Anistia Internacional.

Roberto Pontes iniciou-se na literatura nos anos 60 através do Grupo SIN (de sincretismo) e teve seu primeiro livro de poesia, Contracanto, publicado em Fortaleza pela Edições SIN, em 1968. O Grupo SIN, fundado por ele, Pedro Lyra, Horácio Dídimo, Linhares Filho e Rogério Bessa, desfez-se em 1969, porém marcou sua efêmera presença com a publicação de uma Sinantologia, reunindo aqueles poetas e alguns outros que haviam aderido ao movimento, cuja meta era a renovação das letras cearenses.

Em 1970 Roberto Pontes teve editado pela Imprensa Universitária do Ceará o volume Lições de Espaço – Teletipos, Módulos e Quânticas, um poema longo que naquele ano conquistou o Prêmio Universidade Federal do ceará. Ainda em 1970 o poeta publica o ensaio Vanguarda Brasileira: Introdução e tese, com que obtém o Pêmio Esso-Jornal de Letras, e no ano seguinte ganha em Brasília o Prêmio Fundação Nacional dos Garimpeiros com o poema Garimpo. LUIS F. PAPI, in: http://www.jornaldepoesia.jor.br/rponfc6.html

 

CONTRACANTO

Estou em meu poema
como os amantes se estão.
Moro nas vogais e consoantes
circunflexos
os e xizes cantantes.

Estou nos casebres tristes
da imaginação.
Sou nas quase
vírgulas de ouro
que faço sem porquês.

O alfabeto habito
como me moram
muitas vezes
meu coração.


LAMENTO DO RIO RAIVOSO


Essa água

onde um tronco vai
não é água

É sangue.

Esse rio que corre
não é muito, muito grandes

É rei coroado de pontes.

Essas conchas
que servem de leito
não são ostras.

São ossos trazidos dos mangues.

Essa nascente do Rio Cocó
só pode ser dois olhos

chorando a vida toda
por ter nascido rio
e não fuzil.


SALIUT

Plantando hortas no espaço
vai Saliut a vagar...
As nuvens, branco chumaço,
fazem desenhos no ar.
Que pura paz, que tempo nu,
tempo veloz na imensidão.
Voar num sonho, estrela em sua mão,
estrela em minha mão,
futuro em nossa mão.

Uma jornada no espaço
faz toda a terra parar:
o vosso esquife é de aço,
jóia luzente no mar...
Por que parou? Por que parou?
Com o coração cheio de azul...
Por que ficou olhando a estrela azul?
Cheia de morte azul?
Cheia de norte-sul?

 

O UNIVERSO

 

o universo

tem seu porte e suporte

em elétrons nêutrons prótons

é urgência ao poema

a fissão da massa atômica

a micro física quântica

os princípia matemática

tem o limite dos cardos

cortantes da metafísica

estrela sistema cosmos

o fascínio da galáxia

o silêncio da palavra

o carpir em abstrato

cem mil milhares de sóis

igual lote de anos-luz

o poeta assim disserta

premissas e teoremas

de sua esfera anilada

entre parábolas e elipses

que vagam por aí em expansão

burila zumbidos de metal

 

Página publicada em janeiro de 2009

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