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MANOEL MORENO
MORENO, Manoel. Aldeia. Xilogravuras de Noemi Ribeiro. Rio de Janeiro: Papel & Tinta Editora, 1997. 88 p. ilus. Ilus. 13x19 cm. Projeto gráfico e capa Sérgio Laks. ISBN 85-861-77-03-2 “Manoel Moreno” Ex. bibl. Antonio Miranda
Manoel Moreno nasceu em Flores, no município de Ipu, Ceará. Cresceu livre à beira
do rio Jatobá, brincando com o céu azul. Partiu para o Rio de Janeiro com 17 anos. Aqui chegou e, como vários de seus conterrâneos, trabalhou incansavelmente, no entanto, não deixou de compor suas canções. Casou-se e teve suas filhas Luciana e Tatiana. Par a par
com suas responsabilidades, estudou violão e desenvolveu sua poesia. Seus temas refletem sua biografia marcada pela luta por melhores condições sociais. Seu espírito filosófico e romântico revela-se por inteiro nas páginas deste livro. Sua criação equipara-se ao homem que
trabalha a terra.
VALE A PENA
A calma dos cavalos da aldeia,
viril corcel do pjrado,
uivo do lobo silvestre,
o vento atento desconfia.
Abraça a morte esguia,
num relampeje de olhar.
Nada mais pode ser feito,
o vilão desce da montanha.
Se é triste, se é louca,
nem tudo está perdido.
Conta as lamúrias de ontem
na virtude dos dias.
O passo tropeça a vida,
padece na agonia do tempo.
Vai para o ponto de partida.
Tudo, tudo vale a pena.
Flor humilde,
discreta,
beija a dor!...
*
Paga, paga
os pecados,
a dívida não acaba.
*
Olhar
amargo,
ácido,
pálido.
IMAGEM
Olhei,
parei, vi duas almas gêmeas
que vinham dos jardins do mundo.
Elas se desencantaram num sonho,
numa imagem, uma só imagem.
As flores, os rios, os relâmpagos
debruçaram-se num espelho e
amaram-se com as águas,
com a fonte que alimenta o mar,
que alimenta o sol, que alimenta o anu
e que me alimenta.
diante de ti.
Página publicada em outubro de 2014
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