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LUCIANO MAIA

(1949-     )

 

Poeta, lingüista, ensaísta e tradutor, tem 15 livros publicados. Nasceu em Limoeiro do Norte, cidade cearense do Vale do Jaguaribe. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Ceará, onde obteve o titulo de mestre em Literatura Brasileira. É professor na Universidade de Fortaleza – UNIFOR e titular da cadeira 23 da Academia Cearense de Letras.

 

Veja também: TEXTOS EM PORTUGUÊS Y EN ESPAÑOL

 

Canto dos Elementos

 

Da terra

 

Terra que viu descer o sol da morte

sobre a geometria das ossadas.

Res nullius do fraco, jus do forte

latifúndio de léguas ostentadas.

 

Terra que tange os bichos contra a sorte

pelas longas veredas palmilhadas

a perseguirem abrigo noutro norte

sorvendo o pó das tórridas estradas.

 

Terra tostada pelo verão-muito

moendo o metro branco do arcabouço

abandonado pelo boi-defunto

 

que de sede e de fome virou osso

junto ao rio sem água que anda junto

da morte antiga de um inverno moço.

 




Do fogo

 

             Fogo do dia aceso nas chapadas

ao hálito de vésper estendidas

crepitando nas brisas abrasadas

das caatingas em cinzas consumidas. I

 

Fogo das capoeiras decepadas

queimando das ramagens ressequidas

o que restou de roça malogradas

no incêndio das secas repetidas.

 

Fogo nos horizontes das searas

pressagiando o duro e aspro jogo

do sol-verão, em múltiplas coivaras.

                                                     

Fogo que não respeita o cessar-fogo

que lhe propõem as chuvas (águas raras)

do Jaguaribe: em breve desafogo.


 



Da água

 

Água, surpresa líquida e celeste

visita antiga e repentino adeus

à terra embevecida (o vento-leste,

a leva e traz, nos desvarios seus).

 

Água pesada (látego dos céus) ,

golpeando o chão rude do Nordeste

e invadindo as terras dos heréus

dos arredados chapadões do agreste.

 

Água distante dos invernos tardos

nômade água do sertão sedento

salpicando de verde os solos pardos.

                                     

Água do rio, em curvo movimento

lavando as rugas desses morros áridos

que o Jaguaribe enxuga, à mão do vento.

 

Do sol

 

Sol que abrasados dias agiganta

no metal-ouro opaco dos ocasos

prendendo a voz na cela da garganta

calando o rio nos terrenos rasos.

 

Sol que desesconde nos atrasos

da safra pouca que não se adianta

nos forçando a colher, pelos acasos

um fruto amargo que nos desencanta.

 

Sol que incendeia os tetos dos atalhos

e não encurta a fome dos caminhos

repisados das solas dos bandalhos.

 

Sol que demove o vôo dos passarinhos

de esquálidos arbustos, já sem galhos

voando em vão na busca de outros ninhos.

 

 

 


Do vento

 

Vento que vem às cegas (olhos baços)

andrajoso e curvado de segredos

suportar o sol nos longos braços

portadores de fugas e de medos.

 

Vento, perfil do ar (sineiro alado)

que tange as brisas cinzas dos degredos

porto-horizonte dos enganos ledos.

 

Vento do exílio da água, vento torto

no vazio caminho em que não vi

chegar o rio no deserto porto.

 

Vento geral da voz Aracati

marinheiro fantasma de um mar morto

náufrago azul que quer morrer aqui.



 

Das vazias vazantes

 

Caminho de curvas

de curvas e pedras.

De pedras e croas

de croas e areias.

 

De areias e poços,

de poços vazados.

Vazados de sóis,

de sóis abrasados

 

Nas brasas dos dias

dos dias secados

secados das brisas

das brisas dos prados.

 

Vazias vazantes

areias movidas.

O sol veio antes

das ramas crescidas.

 

 



Do tempo-rio no temp(estivo)

 

O rio segue no tempo

subterrâneo e sozinho

sob a saudade chorada

que não molhou o caminho.

 

O rio não segue mais

na areia da aguespuma.

Só segue no tempo (seco)

sem mais ir a parte alguma.

 

O rio se vai com o tempo

(água desaparecida).

Segue no tempo sua morte

á espera de outra vida.

 

Porque do rio a nascente

que é seu motivo de vida

num tempo estanca a corrente

noutro tempo renascida.

 

Por isso, o rio não é rio

sob a areia caminhada

debaixo do tempo estio.

Noutro — água ressuscitada.

 





 

Da contextura intemporal

 

E na metamorfose da crisálida

e na lenta efeméride dos anos

e na passagem azul da nuvem pálida

no fluir de um projeto (inútil plano)

e no emigrar da nômade e esquálida

sombra veloz, da alma retirante

intemporal e rio permanece

e do sem-termo a contextura tece.

 

A voz da pedra e a cor da ventania

são pupilas do rio, no momento

 em que aderem à sua teimosia

na luta contra a convenção do tempo.

E na noite entrançada à luz do dia

sussurra a pedra o azul do sempre-vento.

E intemporal o rio permanece

e do sem-termo a contextura tece.

 

Nos olhos de descanso e movimento

dos gafanhotos e dos passarinhos

na sem-luz das formigas, no lamento

dos sapos e das jias e nos ninhos

da cascavel (sineiro tão atento)

o desprezo das horas (adivinhos

do rio intemporal que permanece

e do sem-termo a contextura tece).

Poemas extraídos da 7ª. Edição de JAGUARIBE – MEMÓRIAS DAS ÁGUAS. Ilustrações de Audifax Rios. São Paulo: Escrituras, 2005. 


 

 

 


DEPRECAÇÃO PÚBLICA

 

Ó memória do meu país!

Recompensa-nos com o clarão

dos pretéritos anos de luta

redescobre os caminhos

alumiados de coragem

percorridos de esperança.

E

doa-nos uma canção

numa praça suburbana

com rabecas e realejos

em idioma avoengo.

E

mais: opera um milagre:

faz das gerações futuras

as inventoras de um tempo

novo aguardando a certeza

dos dons das vozes do povo.

 

  

A VOCAÇÃO DA INDIFERENÇA

 

A desmemória a que te abandonaste

vai esgarçando o véu tecido a custo

por mãos amigas para te abrigar.

 

O abraço esquecido

o riso negado

o gesto abolido.

 

Quem se fia em tanta precariedade?

 

 

 


LABOR COM CIÊNCIA

 

Para José Alves Femandes

 

O sábio semeador

conhece a gleba mais rara:

sabe de longe e de cor

o solo afeito à seara.

Une ciência e labor

às rotas do chão que ara.

 

 

S A T O R

A R E P O

T E N E T

O P E R A

R O T A S

 

 

(Obs.: uma versão livre ou paráfrase do anônimo mas famoso palíndromo latino. A. M.)

 

Extraídos de VITRAL COM PÁSSAROS. Porto Alegre: Movimento, 2002.  A obra mereceu o Prêmio Osmundo Pontes de Litearatura 2001.

 

 

 

vento

 

Em fins de julho, o vento mordeu

as janelas de casa. Voltou

por muitas vezes do incerto lugar

em que se exila dos mortais

reabastecido de velocidade e fúria

e golpeou os quadros na varanda.

O vento trouxe um gemido essencial

 recordando as ditações originais

de vida e morte, na equilibrada

energia libertada entre as árvores

e os rios, as montanhas e as nuvens

eternas, sempre de passagem.

 

 





um maia distinguido

 

A Salomão Pinheiro Maia

 

Os mais insignes meus antepassados

vêm da nação romano-Ieonesa

e de godos ibero-arabizados

de uma ilustre família portuguesa.

 

Chegaram aos contornos aplainados

do Douro, deslembrados da nobreza

dos Ramírez, guerreiros destronados

por tramóias sequiosas de riqueza.

 

Já no Brasil, partiram pro Sertão

abandonando a lã pela cambraia

e o vinho verde pelo carrascão.

 

Mas ainda hoje, interior ou praia

é possível, em meio à multidão

por fala e gesto, distinguir-se um Maia.

 

 

Extraídos de AUTOBIOGRAFIA LÍRICA.  São Paulo: Escrituras, 1005.

 

 

 

 

De

Luciano Maia
SEARA
Fortaleza: UFC/ Casa de José Alencar, 1994.

 

 

Portada

 

Ouves o denso galopar da noite?

Ouves seus passos lentos, sobraçando

as ruas da memória, em fundo açoite?

 

Se sentes que a lembrança vem chegando,

junto à indecisa e turva caminhada

da noite, que se vai distanciando,

 

momento em que se faz anunciada

a luz, só no teu peito guarnecida,

das sensações do tempo, é que é chegada

 

a hora fértil, hora consentida

da remissão de sons, cores, retratos

da pretérita idade acontecida.

 

Deixa, pois, que te diga destes fatos

que contemplam visões, gentes e andanças

resgatadas do instante de seus atos.

 

Descobrirás profundas semelhanças

entre a história da minha e de outras terras,

entre as minhas e as tuas esperanças.

 

Se encontrares, nas folhas que descerras,

algo pendente de dicção mais clara,

é que entre a pouca paz e muitas guerras,

 

nos falta ainda a luz com que se aclara

o caminho futuro, que conduz

à energia fecunda da Seara,

que o povo há de encontrar junto a essa luz.

 

 

Águas do Rio

 

         Para Nilo Benevides

 

Querida, perdi três ganhos

no sertão do Jaguaribe.

Possuí outros rebanhos

que o tempo agora proíbe.

Mas os teus olhos castanhos

são meus, porque sempre os tive.

 

Querida, terás em mim

teu companheiro que sou.

Pois um bem-querer assim

só para nós dois ficou.

Quem quer ver o nosso fim

há muito já se finou.

 

Querida, quando eu chorar,

não é medo, não é frio.

São enxurradas do olhar

de outro tempo de extravio

que teima em rememorar

as águas grandes do rio.

 

Querida, quando eu morrer,

não sofras dores nem mágoas.

Deixa-me as cinzas correr

este rio e suas vagas

outras canções vão trazer

no longo pranto das águas.

 

 

 

De
Luciano Maia
NAU CAPITÂNEA  2 ed.
São Paulo: Escrituras, 2000

 

 

Jaguaribe, o Rio Poeta

 

Este rio inventou muitas palavras

recortadas nos remansos intumescidos de enxurrada,

metáforas sonoras do tempo das lavras.

escritas na vastidão de pautas imemoriais.

guardadas na lembrança antiga dos meninos de várzea.

 

O Jaguaribe me ditou poemas

chegados da infância de suas águas,

enlaçados aos sonhos camponeses

e aos retiros misteriosos

dos córregos sonâmbulos

que lhe entregam a dádiva

da tímida invernada sertaneja.

 

Este rio, poeta matuto do meu vale,

me ensinou uma canção interminável,

vinda dos primordiais sinais da fonte pequena

até as enluaradas vigílias da sua mansa barra.

 

Para não me esquecer dos seus poemas,

releio os passos lentos de suas águas,

revisitando os areais tão vastos

de sua ilha fecunda.

Ó Parapuã, pátria dos cataventos!

 

Versos do rio! Cânticos fluviais,

rapsódias das luas campesina,

ó terra interior.

promessas nas ramagens,

silêncio visitado de suspiros,

versos de amor, distância e inquietude!

Rio Jaguaribe, poeta matuto do meu vale.

 

 

 

Segundo Soneto da Nau Capitânia

 

 

Barco-brinquedo pervagando o vau

do córrego da infância, longe e tardo.

Fez-se um mar entre mim e aquela nau

que no cais da memória velo e guardo.

 

Não conheceu Cipango nem Macau.

Ancorou na água-ausente, junto a um cardo,

margem do tempo de um momento mau

que me fez nauta errante, insano bardo.

 

Os visitados cantos mais remotos

são mornas latitudes que me dão

ganas de desvendar mares ignotos.

 

Sou dessa nau o incauto capitão.

Em meio a gigantescos maremotos,

Sonho os mansos regatos do Sertão.

 

 

De
Luciano Maia
JAGUARIBE  MEMÓRIA DAS ÁGUAS
2 ed.
Fortaleza: Fundação Cearense de Artecultura, 1988

 

        

As cidades deitadas, como que

espia o tempo na janela aberta,

vendo embaixo (aos meus pés) a se mexer

em remansosos passos liquefeito,

 

passar o Jaguaribe distraído,

sem se dar conta de que deve, ao certo,

deter-se em demorado cumprimento

à paisagem de roças tão efêmeras.

 

É que ignora o rio a precisão

de água que há além de suas margens,

em terrenos propícios à fartura.

 

É que ignora o Jaguaribe o não

que se tem dito ao sim dessas barragens

que o rio a cada inverno reinaugura.

 

 

 

 

MAIA, Luciano.  Um canto tempestado. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto, 1982.  134 p.  14x21 cm.  Apresentação de Francisco Carvalho. Capa: Zenon Barreto.  Ilustração: Alano Freitas.  Col. Salomão Sousa.  (EA)

 

XVII

 

Fiquei sabendo que pensar distante

buscando as mais grotescas soluções

fazia parte da mentira de antes

passiva de outros erros de depois

roendo as folhas de papel cercadas

pelos limites das prisões mais rudes

atravessada a boca pelas facas

inconsequentes laminosas duras

e frias como o zelo dos hipócritas

dos medrosos marchantes dos retalhos

desfeitos nos varais por sobre os postes

perseguindo a saída nos atalhos

preguiçosos e nédios tais filósofos

que a palavra escondida em si não vale

fiquei sabendo disso tudo agora

 

XXIV

 

Onde encontrar as horas combinadas

à sombra das noitadas luminosas

as horas rubras de horizonte perto

e de rubros sinais das alvoradas?

onde pousar as inquietações

aladas esperanças neste espaço

que mitifica a dor e os ideais

mas não abre o caminho aos nossos passos?

onde enfim empregar nossos anseios

tão cheios sempre de somente sê-los

sem como respondê-los descobrir?

na inconformidade repetida

e na busca do novo refletida

adiante nas horas que hão de vir

 

 

 

MAIA, Luciano.  Autobiografia lírica.  2ª ed. revisada.  São Paulo: Escrituras, 2000.  120 p.  14x21 cm.  .  “ Luciano Maia “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

querem roubar-me a pátria

 

Uma pátria sonhei. E aprendi

a querê-la primeiro que às demais.

As lições inspiravam-me esmeraldas

de um garimpo de sonhos e de estrelas.

Uma pátria aprendi com seus brinquedos

e seus sons soletrados desde a infância.

Percorri-lhe com o dedo pequenino

os seus nomes adentro, com perfume

de rios e florestas e jaguares

e de areias abrindo-se à salsugem

do Atlântico, dos sonhos da República

e de ébrios barcos de paixão morena.    

Depois barraram todos os caminhos

que a ela conduziam-me as ardências

da juventude franca e corajosa.

Querem roubar-me a pátria, Castro Alves!

O poetas de génio, ó demiurgos!

Sublevai nosso povo, dai-nos cantos

de amor à estrela grande do Brasil!

 

 

MAIA, LucianoAs tetas da loba.  Fortaleza, CE: Fundação Cearense de Arte-Cultura- CARTE, 1985. 99 p.  13x19 cm.  Apoio SECULT   “ Luciano Maia “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SONETO DA ÁGUA DE AINADAMAR

    (FONTE DE LÁGRIMAS)

 

Mi corazón desangra

como una fuente!

Federico Garcia Lorca

 

Momo goteja, em tarde madrugada,

por Federico o pranto Ainadamar.

Fonte que chora (água atribulada)

ai (nada amor), ai (dor) — Ainadamar!

 

Recordes do poeta de Granada,

agitan(do)a canção que desce ao mar.

Moç(a)árabe lamento em voz molhada,

se exaure em doce (en)canto (água a penar).

 

Refletindo na água da pupila

o sonho que não viu realizar

a retina da flor, morta na argila

 

ardente do andaluz peregrinar,

o coração revendo (água intranquila),

martirizada fonte a desangrar.

 

                                                           (1976)

 

MACTE NOVA V1RTUTE, PUER:

                                            SIC ITUR AD ASTRA

.

 

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TEXTOS EM PORTUGUÊS Y EN ESPAÑOL

 

 

De
Luciano Maria

NERUDA
canto memorial

São Paulo: Editora Novos Rumos;
 Fortaleza: Nação Cariri Editora, 1983

  

 

1

    Teço este canto para celebrar-te

     e exaltar teu perfil de demiurgo.

     Para saudar o rio das palavras

     que fluí da fonte límpida e primeira.

 

    Teço este canto para cinzelar

     em verbo e argila a estátua da memória.

     Acima das palavras erigida,

     no vão do tempo além perdurará.

 

     Canto em voz solidária, porque tenho

     um legado de luta como herança

     e entre o que quero e faço a força nova

 

     nascida da certeza mais remota

     renovada no sempre da esperança

     da certeza futura em que me empenho.

 

 

6

    Me acerque de Federico,

    de Thiago, de Vinícius

    y de otros muchos amigos

    idos y venidos.

    Permanentes todos.

 

    Me dijeron que sí.

    Que hablas siempre de las amapolas

     y de los ferrocarriles.

    Que regalas ejemplares

    de “El Isleño” a los amigos

    que visitan Isla Negra.

    Que escribes silencioso

    las palabras de la aurora.

 

 

    Me apuntaron el reloj de la Plaza

    y he visto:

    con los brazos de poetas

    por entero,

    me indicaron tiempo y camino.

 

 

13

         He visto sobre rostros humillados

         caer la nieve súcia del desprecio

         de ojos orgullosos.

 

         He visto tantas veces a los niños

         arrastrando sus llantos por las calles

         de un barrio polvoriento.

 

         He visto risas y he oído lágrimas

         recorriendo las plazas alejadas

         de lúgubres mercados.

 

         Brazos cruzando el aire sudoroso

         bajo las parcas sombras del horario

         de lentas alamedas.

 

         Mucho más se me ha dado ver y ver

         para creer que la infamia no es mentira

         y ciega es la verdad.

 

 

 

18

        Escuchando las voces sumergidas

        en un mar de distancias y amenazas,

        las borradas palabras esparcidas

        por las cerradas bocas – las mordazas.

 

        Oyendo el aire gris de manos frias

        recogiendo las brumas arrastradas

        por los brazos morados de los días

        que callaron las rosas asombradas.

 

       Y regresar tu Canto, verdadera

       haste rebelde a sostener la palma

       de la voz resgatada en la postrera

 

       brisa del Tiempo Libre, voz en calma.

       Y el silencio del mundo ya no era

       más profundo que el Canto de tu alma.

 

 

 

 

 

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