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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia:
http://auribertoeternochocalheiro.blogspot.com

 

JOSÉ TELLES

 

José Telles da Silva nasceu em Bitupitá, Ceará, no dia 12 de março de 1943, e faleceu em Fortaleza no dia 2 de junho de 2016. Graduado pela Faculdade de Meidicina da Universidade Federal do Ceará, em 1970, fez residência médica em anestesia no Hospital dos Servidores do Estado, curso de Especialização na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ, e o curso Post Graduating in Anesthesiology, Nova York, 2000 e 2001. Autor de vários trabalhos científicos publicados em revistas da especialidade e detentor do prêmio Laringoscópio de Ouro como responsável pela melhor residência médica em anestesiologia no Brasil. 

***

Não à toa, em sua poesia, as imagens marítimas são recorrentes, da mesma forma como as fontes do passado estão sempre abertas às diversas possibilidades temáticas. O seu livro anterior, também de poemas, “O solo das chuvas” recebeu o Prêmio Osmundo Pontes – um dos mais cobiçados pelos escritores cearenses. É membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames – CE); da Academia de Letras e Artes do Nordeste – CE, de que já foi, por dois mandatos, presidente; e da Academia Cearense de Letras."

 

LITERATURA.  Revista do Escritor Brasileiro.  No. 20. Ano 1999. Publicação semestral da Editora Códice. Brasília, DF: 1999.   Diretor: Nilto Maciel.  Editor:        José Carlos Taveira.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

CAVALGADA DAS VALQUÍRIAS

 

Esse corpo que ancora meus

defeitos com fornalhas de afeto

esse sorriso sem hálito de matrimónio

esse silêncio de âncora no teu ciúme sem teto

esse vôo de cotovia a vento solto

essa agonia de bolso que só cabe dois

essa montanha de amor onde me deito

essa lassidão que vem depois

esse cansaço paralelo e satisfeito

esse ritmo de bolero no teu colo

o eco do teu alô nos meus poemas

esse halo pornô no teu olhar quero-quero

essa cavalgada suprema das valquírias

essas curvas desejadas e sem risco

são comezinhos pecados onde assisto

o sublime pecar que pouco sabem.

 

 

 

DUVIDANÇAS

 

Em que porto

eu serei alguma espera

em que festa

eu serei a despedida

em que dorso

repousarão as minhas sobras

em que alcova

se abrirão minhas feridas

em que tragédia

eu serei a dor à mostra

em que circo

eu serei o espetáculo

em que túmulo

estarão minhas mãos postas

em que febre

eu serei o meu delírio

em que tormenta

eu serei minha procela

em que cruz

eu serei o meu martírio

em que boca

eu terei o beijo dela

em que morte

eu serei o meu algoz

em que caminho

eu serei o meu atalho

e em que galho

eu serei a folha a mais?

 

 

 

ENIGMA

 

No céu

os pássaros parecem
setas vindas de Deus

 

No bosque

o verde deita nas folhas
que o outono esqueceu

 

Na penumbra

uma sombra sem parceria

aceita a lua de passagem

 

No cemitério

um túmulo solitário

estranha o adultério das visitas

 

No espelho

os meus dias rejeitam

a hipótese de todas as manhãs.

 

 

 

AUTOFAGIA

 

Minhas

lágrimas à noite,
se escondem nos bares,
onde derramo dores
que escorrem lúpulo

 

Os meus

sonhos de dia,

eu guardo em retalhos

que embrulham lágrimas

de vários tamanhos

 

Os meus

anseios acoplam,
consuetudinários,
nos meus escaninhos,
buscando fórmulas de envelhecer

 

E ainda

agora, a minha aura
esqueceu a hora de avisar
meus sonhos, que se foram
embora sem pedir licença.

 

 

 

Página publicada em setembro de 2019

 

 


 

 

 
 
 
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