| JOSÉ LEITE NETTO   Nasceu na cidade Fortaleza- Ceará em 1973. Publicou os seguintes  livros: "O Relojoeiro" em 20QO. Em 2004 "O Olho de Tebas", onde  inverte sua guerrilha descrevendo os sonhos, o tempo e a morte. Em 2005,  publica um pequeno livro com 12 poemas descrevendo a guerra de Canudos, intitulado:  "Vermelho Sol de Canudos”. Participou das Rodas de Poesia e dos Poemas  Violados. Editou os Jjornais literários: "Vila Morena" e o  Irreverente"O Bode loiô". Recebeu Menção Honrosa no "VII Prémio  Ideal Clube de Literatura – Prêmio Antônio Girâo Barroso" com o poema  "Gnomosde Sândalo", na categoria trabalho inédito.   LEITE NETTO, José.  O  livro da chuva / poesia.    Fortaleza: CE: 2008.   94 p.   11x20,5 cm.    Ilustrações: Julio Silveira, Carlos Macêdo, Vlami Silva, Renata  Holanda.     canção  para Baudelaire   o mundo solidão espelho sem-fim paraíso onde Baudelaire cantou a artificial droga de um ópio ruim onde o velho ébrio mundo já fumou   entre abismos entre pedras de abismo tu hás de revelar-me céu infinito o prazer louco da erva em que cismo cheirar Flores do Mal poema bonito   mas hei de ter uma corda lá para o  fim onde possas curar-me pesadelo   dessa inércia que voa a pairar por  mim. fumo, entristeço-me, sou rio em  novelo   bola de sonho doido de treva e lua feito deus de seda a fumar pela rua.     equinócio  ou à procura ela poesia   ando noites procurando versos pelo  chão rebuscando no mar estrelas de papel ando sol obscuro signo feito doido  cão reinventando línguas e tumultos e  babel navegando-me rios de num e sempre  adeus   silêncio desatento e tarde  despencando um sem sentido parede nua escrevo  aos meus the  raven poema negro  que Poe foi cantando mas sou tudo aquilo uma dor que se  rejeita   um lance de dados, enigma visto pela  janela bares ou grafias em um borrão que me  aceita e côncavo o céu está para mim feito  pra ela na chuva o horizonte é desespero e  adagas equinócio de surpresas sem tuas  chagas.     Messejana   inefáveis lágrimas de gravuras choram na parede do meu quarto universo repouso de criança gritos que afloram   ao longe canto meu quintal em verso posso ser em mim noite e vento e sonho página aberta ou um mundo por dentro   sol sobre sol minha casa eu componho no espelho o jardim, na solitude me encontro estrela é o mergulho do pássaro   poema sem pouso bálsamo e aconchego objetos de tudo gole de café e amor   estátua de água navio de sossego.       Página  publicada em maio de 2014 
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