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Fonte: http://edicoesdemocritorocha.com.br/

 

JADER DE CARVALHO

 

Nasceu em 29 de dezembro de 1901, na Serra do Estevão, Quixeramobim. Um dos poetas precursores do modernismo cearense, em 1931, formou-se em Direito, tendo fundado o jornal A Esquerda e publicado livros de poemas e ensaios sociológicos. Em 1943, foi condenado pelo Tribunal de Exceção do Estado Novo, sendo libertado um ano depois. Em 1963, escreveu Aldeota, seu mais famoso romance dentre os tantos que publicou. Jáder de Carvalho faleceu no dia 7 de agosto de 1985.

 

O CANTO NOVO DA RAÇA. Homenagem a Ronald de Carvalho.   Fortaleza, CE: Typographia Urania, 1937.   Inclui poemas de Jader de Carvalho, Sydney Mello, Franklin Nascimento e Mozart Firmeza (Pereira Junior)  Ex. col. José Brito.

A seguir, dois poemas mantendo a ortografia da época:

        

MODERNISMO

 Teu cabelo à Rodolpho,
 tuas olheiras romanticas,
 teus quadris inquietos e atordoares,
 teus seios bico-de-pássaro
 — dão-me a idéa cabal deste seculo ultra chic!

Hontem, quando deixavas o cinema,
— o collo nú,
os braços nús,
a perna escandalosamente núa,
eu tive a subita impressão de que,
na bolsa de ouro a te pender na mão,
vinha, (de precavida que és!),
— o teu vestido…

 

POEMA DA RAÇA

Eu falo, no Continente brasileiro,
a linguagem prophetica de Walt Whitman!

Meu povo
vive, commigo a inquietude contemporânea:

 

— Batalhando, em toda a extensão das coxilhas,
no pampa luminoso, infinito e marcial!

Extuando dynamizado, á sombra dos arranha-céos,
em São Paulo.

 

 

E um poema extraído do livro Temas Eternos (1973):

 

TERRA DO SOL

I

 

Dói na alma ver a seca no sertão:

toda a caatinga tem a cor da cinza;

a água do rio esconde-se na areia;

mugem as vacas dolorosamente.

 

As moças e os meninos (tão magrinhos!)

estão catando os últimos capulhos

do algodoal. Ele florara em junho,

mesmo com a rara chuva que o molhou.

 

Verdes, apenas os mandacarus,

os xiquexiques e os ásperos juazeiros:

verdes, mas defendidos por espinhos!

 

Por sua vez, o homem também protege,

com a pouca fala e o rosto duro, a abelha

que lhe fabrica o mel no coração...

 

 

II

 

Abro a janela. A terra está feliz:

toda molhada, trêmula de frio.

Mas a cidade é muda nas calçadas:

ó meninos, já não gostais da chuva?

 

Minha terra se molha como a gente.

Quer dizer: na mais íntima alegria.

Ela mata saudades. Era tempo.

Como eu gosto das árvores na chuva!

 

Chuva não é somente o sono bom,

a música macia no telhado:

é o pão-nosso, também, de cada dia.

 

Feito as mulheres grávidas, a terra

vai ficar terna, vai ter olhos úmidos,

vai fechá-los, com medo dos relâmpagos...   

 

 

 

Extraído de

O SACO – 4º. CADERN0 – No. 4 – SETEMBRO – 1976. p. 9
Revista mensal de cultura. Fortaleza, CE: OPÇÃO  Editora Promoções e Publicidade Ltda.

 

         TERRA BÁRBARA

         Na minha terra,
         as estradas são tortuosas e tristes
         como o destino do seu povo errante.
         Viajor,
         se ardes em sede,
         se acaso a noite te alcançou,
         bate sem susto no primeiro pouso:
         — terás água fresca para tua sede,
         — rede cheirosa e branca para o teu sono.
         Na minha terra,
         o cangaceiro é leal e valente:
         jura que vai matar e mata.
         Juara que morre por alguém — e morre.
         (Brasil, onde mais energia:
         na água, que tem um só destino,
         do teu Salto das Sete Quedas
         ou na vida, que tem mil destinos,
         do teu jagunço aventureiro e nômade?)
         Ah, eu sou da terra do seringueiro,
         — o intruso
         que foi surpreender a puberdade da Amazônia.
         Eu sou da terra onde o homem,
         semi nu,
         planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
         Eu nasci nos tabuleiros mansos do Quixadá
         e fui crescer nos canaviais do Cariri,
         entre caboclos belicosos se ágeis.
         Filho da gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos,
         eu sou o índice do meu povo:
         Se o homem é bom — eu o respeito.
         Se gosta de mim — morro por ele.
         Se, porque é forte, entendesse de humilhar-me,
         — ai, sertão!#
         eu viveria o teu drama selvagem,
         eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,
         como antes te acordava ao choro da viola.
 

 

 

Página publicada em setembro de 2016; ampliada em junho de 2018

 

 

 


 

 

 
 
 
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