Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CLÁUDIO MARTINS


 

Poeta, pertence ao grupo Clã e à Academia Cearense de Letras. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Ceará, o cidadão de Barbalha, Cláudio Martins, coleciona atividades as mais diversas em seu currículo. Notário Público da Comarca de Fortaleza, professor, poeta, escritor, homem público. Cláudio Martins fora secretário de governo em muitas administrações do Estado do Ceará. Foi titular da pasta da Fazenda a secretário de Educação, passando pelas pastas do Governo e Administração e da Saúde.

 

De
Cláudio Martins
RIMAS PRESAS
Fortaleza: Edições Clã, 1986.

 

1

 

Serei poeta, acaso, ou eu me engano

ao adentrar domínio de Petrarca?

Os versos que perpetro deixam marca

ou são só frutos pecos de um profano?

 

Decerto, sendo eu um ser humano

enteado da sorte, a velha Parca

não me revelaria o raro arcano

guardado por Camena em doce arca.

 

Mas no meu poetar vale o perigo

pois, na verdade, muito pouco ligo

ao preço que me cobra a vaidade.

 

E não me atinge um duro julgamento.

Liberto de censura e fingimento,

hei de fazer somente o que me agrade.

 

 

4

 

Vamos falar de amor, pra começar,

emprestando sentido ao conteúdo.

O amor pode ser nada ou mesmo tudo,

dependendo de como o encarar.

 

Falar do velho amor familiar

é pertinente, eu sei, mas não me iludo:

a espécie de amor a que aludo

não é aquela que constrói um lar.

 

É mais um laço que o acaso lança,

e quando homem e mulher o laço alcança

qualquer desfecho pode acontecer.

 

O primeiro sintoma é a cegueira,

depois uma mudança se aligeira,

sem que ninguém o possa remover.

 

 

24

 

Dizem que o amor é praga que só pega

quando rogada com sabedoria,

mas eu creio, nem acolheria

falso conceito, que a razão renega.

 

A verdadeira praga em si carrega

o travo da maldade, nua e fria.

O amor tem tudo isso mas varia

em pormenores que ninguém lhe nega.

 

A praga fere, amor fere e deleita,

a praga é sempre má, o amor enfeita

de cuidado e ciúme o que queremos.

 

Se nos pega uma praga, Deus ajuda,

mas se pega o amor, ninguém se iluda:

amando não importa se sofremos.

 

 

 

De
Cláudio Martins
 
SONETOS E TROVAS

Capa de Alberon
Fortaleza: Imprensa Universitária da U.F.C., 1981.

 

 

LAMENTO

 

Por que me queixo eu e me atormento

por não sentir-me amado, amando tanto?...

qual a razão de ser do desencanto

que me transforma a vida em desalento?

 

fazer-me uma exceção às vezes tento

e, cego e surdo, insisto na procura

da irreal perfeição, uma aventura

que mais e mais aumenta meu tormento.

 

Se a dúvida incomoda, o desalento,

quem sabe, insegurança, me amargura,

gerando a inquietude em que, sedento,

 

vou-me engolfando. Porém, só tortura

rende-me a busca vã, pois meu tormento

persiste, recrudesce e não tem cura

 

 

 

CONFESSO MINHA INVEJA...

 

Confesso minha inveja ao que acredita

numa vida futura, sem maldade,

vida pura, escudada na bondade,

imune às frustrações e à desdita.

 

Invejo o que aceita o sofrimento

como fato normal ou provação,

teste, mas necessário, condição

para junto aos eleitos ter assento.

 

Sofrer, e fazer disso o instrumento

da própria salvação, é desejável;

portanto, sinto inveja e me lamento,

 

pois que, em nada disso acreditando,

acresço a desventura inelutável

que esta descrença cruel vai agravando.

 

 

MARTINS, Cláudio.  Reincidência: de Baudelaire a Petrarca.  Fortaleza: UFC; Casa de José de Alencar,  1991.  164 p.  “ Claudio Martins “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Mundo vasto

Vasto mundo...

 

Vivendo uma pantomima,

simulo mais do que faço

e se acaso me embaraço,

a desfaçatez me arrima.

 

E faturando por cima,

não me rendo, não me maço,

não desprezo, nem abraço:

evito o que desanima.

 

Reforçando o aparato,

não me prendo, nem me privo,

não paro, porém não corro.

 

Finjo que mato e não mato,

finjo que vivo e não vivo,

finjo que morro e não morro.

 

 

Esforço vão

 

Não sei como vencer esta descrença

a que meu desespero me condena.

Eu vejo em toda parte indiferença

tal uma praga transmudada em pena.

 

Em meio a essa turbação imensa

envido esforços por tornar serena

a luta a que me voto, luta intensa

em prol duma vivência mais amena.

 

Esforço vão, eu sei. Infelizmente

o mundo me envolve na torrente

de egoísmos inimagináveis.

 

E ao intentar desse grilhão safar-me

mais a descrença insiste em castigar-me

tornando os desacertos infindáveis.

 

 

Página publicada em abril de 2010; ampliada e republicada em julho de 2014.

 

 

 

Voltar à página do Ceará Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar