CARLOS SÁ
CARLOS SÁ nasceu em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, aos 9 de maio de 1886. Filho do Senador Francisco Sá, que foi ministro de várias pastas e orador parlamentar dos mais conspícuos; e neto materno do Dr. Antônio Pinto Nogueira Acioli, antigo presidente do Ceará.
Fez parte da "Plêiade", uma das mais renomadas agremiações literárias de Fortaleza. Médico sanitarista formado e radicado no Rio de Janeiro. Prosador e poeta, dele disse Mário Linhares, a propósito de uma de suas obras: "Há nesse livro (Retrato de São Francisco de Assis) um dos mais originais e profundos estudos escritos em nosso idioma, sobre o grande Santo, pela investigação completa do assunto, que o fez descer a curiosas pesquisas iconográficas e psicológicas".
Bibliografia: — "Paisagens" (versos); "Francisco Sá" (reminiscências biográfica 1936; "Retrato de São Francisco de Assis", 1945, além de inúmeras obras de educacão sanitária, campo de sua especialidade profissional.
REZENDE, Edgar. O Brasil que os poetas cantam. 2ª ed. revista e comentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958. 460 p. 15 x 23 cm. Capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
TARDES DE BELO HORIZONTE
Tardes do fim de abril, serenas e formosas.
Morre aos poucos no azul dos céus a claridade
Do dia. Os corações se apertam de saudade.
Paira na terra em flor doce aroma de rosas.
Já de sombras se envolve a serra da Piedade.
Asas negras, manchando as esferas radiosas,
Recruzam-se no espaço em rondas misteriosas.
Acendem-se lá em baixo as luzes da cidade.
Paisagens esboçando à linha do horizonte,
Feitas de campo e mata e praia e vale e monte,
Desenhos celestiais de mística doçura,
Atufa-se no ocaso o sol, deixando à terra,
Sobre a qual, no ar macio, a noite desce escura,
A saudade da luz, que toda a sombra encerra.
("Paisagens")
EM COPACABANA
Músculos retesos
Diante d'água que os fustiga,
Afeitos ao ar livre e ao vento fresco;
Juntas flexíveis, cujos movimentos
Têm a graça e a pujança
Das engrenagens de metal polido,
Que os óleos finos lubrificam;
Pele feita de rosas que o sol queima
E ao sol da vida mais ardentes se abrem...
Se corres, e se saltas, e se nadas,
Na areia da praia, na espuma das ondas,
Fulge em teu corpo a beleza
Das máquinas de sangue, que transformam
Todas as forças vivas do universo
Em movimento, em pensamento, em vida!
Flor de uma velha raça, renovada
No clima tropical, cheio de sol,
Viva em ti, na tua força, na tua graça,
A terra brasileira ardente e clara!
("Paisagens")
Página publicada em dezembro de 2019
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