Fonte: http://mundocordel.blogspot.com.br/
AUDIFAX RIOS
Cearense de Santana do Acaraú (17-04-1946). Poeta e cordelista, além de gravurista e ilustrador de livros.
“No almanaque O PARAÍSO,
Em revistas e jornais,
O seu nome era manchete,
Leu, em letras garrafais:
“CHEGA AUDIFAX AO CÉU,
Vem receber um troféu
No mundo dos imortais!”
Extraído de:
RINARÉ, Rouxinol de. Chega Audifax ao céu. Fortaleza, CE: Rouxinol do Rinaré edições, 2015. 12 p. ilus. 11x16 cm. “ Antonio Carlos da Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
RIOS, Audifax. Ao cearense desbravador: a saga do paroara-peão-candango. Brasília, DF: Conhecimento Editora, 2008. 32 p. 23x31 cm. ilus. ISBN 978-85- 9860-57-5 Homenagem ao poeta Amadeu Thiago de Mello. Editores: Flávio Martins Albuquerque, Mary Jane Costa. Design gráfico: Antônio João Morais Rios. Poesia de cordel. “ Audifax Rios “ Ex. bibl. Antonio Miranda.
ROUXINOL DO RINARÉ: ANTONIO CARLOS DA SILVA.
CHEGA AUDIFAX AO CÉU. – LITERATURA DE CORDEL.
[Audifax do Rinaré, nome artístico de Antonio Carlos da Silva, natural de Quixadá, Ceará. Premiadíssimo! Tem mais de 80 cordéis publicados e 20 livros (Infantil e Juvenil] O cordel que estamos publicando vem sendo usado nas escolas por todo o país.]
Nossa vida é transitória,
É mesmo uma vela acesa.
É contra o sopro da morte
Não há quem tenha defesa.
A “magra” nos fere nos brios,
Levando Audifax Rios,
Causando grande surpresa!
Um artista incomparável,
Homem de muita amizade.
Nunca vi tanto talento,
Com tanta simplicidade!
Partiu sem dizer adeus,
Com muita tristeza os seus
Choram “Rios” de saudade!
“Cheio de ideias, de sonhos,
Projetos inacabados...”
— Dizem seus familiares
E os amigos mais chegados ,
Mas, sendo artista capaz,
Seus dotes especiais
Lá no céu são reclamados!
Deus lhe mandou um aviso,
Chegando o fim de semana,
Que ele era requisitado
Lá na Mansão Soberana.
E ele, resignado,
Pediu para ser levado
Quando estivesse em Santana.
Com tantos outros que foram
Pra Corte Celestial
No céu se formou um grande
Movimento cultural.
E mandaram lhe chamar,
Pois tem pra ele ilustrar
Livro, Almanaque e Jornal.
Em vinte e cinco de abril,
Às quatro horas da tarde,
Ele, com seu jeito calmo,
Disse: — Senhor, não retarde.
Pois já estou preparado
Para atender ao chamado.
E assim partiu sem alarde.
Quando ele chegou ao céu
ficou muito encabulado,
Sendo por grandes artistas
Recebido e aclamado:
Zé Pinto, amigo fiel,
Mário, Nilton Maciel...
Por todos foi abraçado!
São Marcos, santo do dia,
Um dos quatro evangelistas,
Vinha à frente, como guia.
Da comitiva de artistas,
De poetas, escritores,
Jornalistas, escultores,
Pintores e desenhistas.
Airton Monte, Vescêncio,
Ariano, Alcides Pinto,
Estrigas, Raimundo Cela,
Um cearense distinto,
Barros Pinho, Patativa,
E outros, na comitiva,
Lotavam todo o recinto!
Ariano Suassuna
Pediu um particular
E disse: — Um Clube do Bode
Eu acabei de fundar.
E Airton Monte, sisudo,
Disse: — Aqui tem DE UM TUDO
Para você ilustrar!
Nisso veio Alcides Pinto,
Seu conterrâneo escritor,
Que falou: — Há muitos dias
Procuro um ilustrador.
Novo livro vou lança
E se você ilustrar
Terá muito mais valor!
Ribamar Lopes, poeta,
Pesquisador de cordel,
Chegou, vinha acompanhado
Pelo grande menestrel
Joaquim Batista de Sena,
O qual trazia uma pena,
Tinta e bloco de papel.
E rabiscou uma estrofe:
“Chegou um dos luminares
Do mundo das artes plástica,
De Terra dos Verdes Mares;
Talento reconhecido,
Amigo muito querido
Dos poetas populares!”
O céu, sendo igualitário,
Também tinha comunista,
O Queiroz, do Partidão,
E Severino Batista,
Companheiros de bandeira
Com Luciano Barreira,
Veterano jornalista.
Mário Gomes foi chegando
Trazendo um livro na mão
Dizendo que preparava
Uma segunda edição.
Disse a Audifax: — Bicho,
Quero a capa no capricho
Com a tua ilustração!
Zé Pinto se aproximou
E disse: — Aqui nas alturas
Tudo quanto é ferro-velho
Transformei em esculturas!
Farei uma exposição
Cartaz com tuas gravuras.
Nisso foi chegando Estrigas
Que lhe falou sem demora:
— Para o nosso Salão de Abril
Você chegou bem na hora!
Vai ser uma mostra bela:
Eu, você, Raimundo Cela,
Martins e Sinhá D´amora!
O Salão de Abril celeste
Foi recém inaugurado.
Bandeira e Chico da Silva
Brilharam o ano passado.
Mas esse ano é consenso:
Pelo teu talento imenso,
Serás homenageado!
Veio para conhece-lo
O grande Dragão do Mar.
“Dragão do Mar e seu tempo”
Pediu para autografar.
Não sossegou o artista:
Haja abolicionista
Reclamando um exemplar!
O jornalista Bodinho
Chega e lhe mostra um artigo.
“Todos sabiam que eu vinha”,
Pensa Audifax consigo.
Logo outra figura encosta:
Era Lustosa da Costa,
Jornalista e seu amigo.
Chegaram Guilherme Neto,
Péricles Leal, João Ramos,
Lustosa da Costa disse:
— Há muito tempo esperamos
Pra fundar a TVCéu;
Estivemos meio ao léu,
Sem você não começamos!
Foi chegando Augusto Pontes,
O grande publicitário,
Disse, abraçando Audifax:
— Vai ser extraordinário!
Eu faço a publicidade,
Fará um belo cenário!
No almanaque O PARAÍSO,
O seu nome era manchete.
Leu, em letras garrafais:
“CHEGA AUDIFAX AO CÉU,
Vem receber um troféu
No mundo dos imortais!”
A sua chegada ao céu
Foi grande acontecimento
Com os santos e os artistas
Aplaudindo o seu talento.
Por ordem do Soberano
Estava Maurício Albano
Fotografando o evento.
Audifax saúda a todos
Com a típica timidez:
— Gente, obrigado, obrigado...
Sou grato a todos vocês!
Com discurso sábio e leve
Recebe, após fala breve,
Aplausos mais uma vez.
Depois de tudo, Audifax,
Com seu jeito paciente,
Foi, com Senhora Sant´Ana,
Ao trono do Onipotente.
Ele ali falou com Deus,
Preocupado com os seus
Por partir tão de repente!
Jesus Cristo lhe falou,
Erguendo os sagrados mantos:
— Dos seus amigos da Terra
Eu vou enxugar os prantos.
Sendo artista consagrados,
Você por mim foi chamado
Pra pintar todos os santos!
Página publicada em março de 2015
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