ANTONIO VIEIRA DE MENEZES
Nasceu no Estado do Ceará, mas vive em Taguatinga,. Distrito Federal.
“Minha poesia reflete o conflito humano e a luta diária pelas sobrevivência. O engodo poderio ante as guerras e a amálgama insensível — político e corruptível governamental. As brechas transponíveis da solidão.”
NOVA POESIA BRASILEIRA. VOLUME 4... Rio de Janeiro: Shogun Editora e Arte Ltda., 1986; 121 p. Capa e Coordenação Editorial: Christina Oiticica.
O livro inclui 100 poetas, dos quais escolhemos uns poucos dentre os nascidos e/ou residentes nos estados brasileiros ainda pouco representados em nosso Portal de Poesia Ibero-americana , e mais uns (pouquíssimos) de outros estados que ainda não figuravam no referido Portal, com a intenção paralela de divulgar o trabalho editorial da Shogum. Ex. na bibl. Antonio Miranda.
Não sei quantas janelas se abriram
Quando o vento trouxe o último endereço
traçado nas bordas da solidão
Eu estava dormindo
e a morte passou pela porta
do lado de fora
Meu peito rebelde intimidou-a
Não sei o que nem quem sou
Não me sinto seguro pelas mesmas
rédeas dos que farejam poder
dos que sujam as mãos
com o suor alheio
e emplumam o rosto com a dor
e a miséria da fome
Vejo as algemas que ordenham
o sangue pálido de uma criança
e fazem sorrir os que têm a chave
No leito das ruas florem o broto
do pólen nitrohumanizado
O vento nos prédios expurga
remansos assassinos
São dardos remotos
teleguiados
pela perícia de mãos hábeis no manejo
da rota dos homens
O instinto daguerreotipo que arrotam
os estrelados e gemados
é faca de dois gumes
que degola a paciência dos jovens
e amalgama a lágrima dos velhos
Apodrece a paz no átomo ziguezagueado
de um fogo cruzado de ideais e contraideais
Plantam-se projéteis em corações imberbes
e ainda dizem que a pátria é a mãe
Pois eu confidencio que do seio desta mãe
suga-se o ódio que cria o inimigo.
Página publicada em abril de 2020
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