Foto extraída de http://rotaryipanema.org/
ZARA MARIA PAIM DE ASSIS
Nasceu em Salvador, Bahia, Brasil. Mestre em Patologia Bucal pela Universidade Federal Fluminense, depois professora da mesma universidade.
O LEGADO
A vida do homem é um sopro na Eternidade
Vivemos entendendo que tudo é breve
Mas é importante deixarmos um rastro
A lembrança do que fomos e como atuamos
A terra é linda com montanhas, planícies e oceanos
Maravilhosas árvores, flores e vegetações
Nós, seres vivos como efêmeros...
Entretanto, o ser pensante deixa sua marca
Algo de sua presença, do seu caráter e do seu amor
Afeto pelos que nos sucederão neste planeta
Como será o Universo para as futuras gerações?
Como estará seu habitat no porvir?
O planeta Terra está agredido e deteriorado
O clima alterado, superaquecido e poluído
As geleiras da Antártica descongelando-se
A Amazônia, considerada por Euclides da Cunha
A última página a ser escrita no Gênese
Ameaçada de savanização, sofrida
Como será a atmosfera com a agressão continuada?
A toda ação corresponde uma reação
Que se delineia à altura do que o predador,
O ser humano realiza contra a mãe Natureza
O homem esta pequena centelha de Deus
Deverá estar à altura de seu Criador
Cultivar o amor às gerações futuras
Haverá então um legado para a humanidade
O homem do amanhã reverenciará o do passado
Só um ser espiritual terá esta preocupação:
Ser guardião do ecossistema, preservando a Vida
Certamente a herança recebida inspirará a Paz.
VICTORIA
Tenho consciência da importância das coisas simples
Sinto-me uma pessoa madura e lúcida,
Cheia de amor por uma criaturinha
Dorme meiga e tranquila ao meu lado
Como anjo, alvo como a neve.
Lembra um morango no creme de leite.
Veste uma roupinha vermelha
Olho e acho tudo lindo, meu coração fica repleto.
A taça está cheia e então agradeço a Deus,
Por esta felicidade tão grande e este amor.
É suave e invade minh´alma, me enternece.
Para mim é o cotidiano da vida.
Muitos dirão: coitada, ama tanto,
É um sentimento maternal intenso,
Mas o objeto do afeto, não é uma criança,
É apenas uma cadelinha...
Os meus neurônios sabem disso...
Mas o coração se recusa a entender,
Bate compassado e suave por esse sentimento.
Que invade e acredito ser um triunfo da vida.
Ele repete: Vitoria, Victória...
É como atende esse serzinho lindo e carinhoso,
Que alegra a existência de todos à sua volta.
Bendito coração enganoso que não escuta a voz da razão,
Permitindo o engodo, com felicidade e encantamento.
 |
I COLETÂNEA POÉTICA DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO BRASIL construindo pontes. Dilercy Aragão Adler (Organizadora). São Luís: Academia Ludovicense de Letras – ALI, 2018. 298 p. ISBN 978-85-68280-12-6 No 10 353
O LÍRIO E O AMOR
É um lindo milagre
Aquela plantinha frágil,
Dita “dama da noite”.
Viajou no colo, no ar
De Recife ao Rio de Janeiro
Na era a perfumada “dama”,
Mas revelou-se um encantador lírio,
Ao brotar meses depois
É um enlevo, um encanto
Há mais de vinte anos floresce,
Em um vasinho perto da janela
Veio para lembrar um amor
Antigo e nunca esquecido
Persiste na névoa do tempo,
Impossível e triste.
Com o lírio veio a terra
Do amor e do desencanto
Flores alvas e puras
Florescem e florescem...
Parecem dizer: há esperança!
Será?
*
Página ampliada e republicada em março de 2025.
Página publicada em março de 2020
|