SILVIA CÂMARA
SÍLVIA Helena CÃMARA Martínez, poeta e Funcionária Pública. Nasceu em Fortaleza – Ceará. Formada em Letras Vernáculas pela UCSAL, Pós-graduada em Estudos Lingüísticos e Literários pela UFBA, aluna especial do Curso de Mestrado em Estudos de Teorias e Representações Literárias e Culturais da UFBA.
De “poetas@independentes” Antologia
Org. Tânia Franca (2007)
(gentilmente enviada por Clóvis Campêlo)
MECEJANA
Como se abraçasse o tronco duma árvore
Com os braços tão longos de medo.
O vento chegava prenunciando chuva:
Chovia chuva de vento.
Foi lá que puseram os ninhos
as aves de vôo lento.
Revoando e voejando
No branco da luz,
Justo na sombra do tempo.
Era uma amanara — chuvoso dia na língua primeira.
Dia de nascer saudades.
POEMAS
De seu espaço:
www.brisapoetica.blogspot.com
Fragmentos 1
Não me dou conta de que tenho que urdir palavras para redimir o pensamento.
Escrever tornou-se um confessionário: porto de esperança e salvação.
Acasos não existem. Há o querer.
Tão rubro como uma beterraba.
O bom senso diz que beterraba não é uma palavra poética.
Mas é a cor que escolhi para dar conta do querer.
Às vezes ela desbota.
Primeiro retorno anunciado
Eis que o retorno é manso.
E a mansidão ajudou a soltar a voz
Entalada no peito:
Um dia eu viro só vento,
Nuvem clarinha algodoeira
Salpicada de entretantos.
São tantos os versos que choveriam...
Aqueles versos mais sutis
rabiscados no espaço
rendilhando o céu.
Mansos versos para dizer
Que a eternidade é imensa
E parece ser tão cruel.
Sílvia Câmara
(Após saber que o poeta Alberto da Cunha Melo havia encerrado sua jornada nesta vida na noite de 13/10/2007)
Página publicada em janeiro de 2008 |