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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: linkedin.com/in/rubensalvespereira


RUBENS ALVES PEREIRA

 

Rubens Edson Alves Pereira - Doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1999), com pós-doutorado pela Université Rennes II, França (2004).

Atualmente é Professor Pleno, e, desde maio de 2007, é Pró-Reitor de Ensino de Graduação da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, posto que tem possibilitado o aprofundamento de reflexões acerca das políticas e estratégias do sistema educacional brasileiro em todos os níveis.

É Coordenador Institucional do PIBID/UEFS desde abril de 2010. No ano acadêmico 2003/2004, atuou como Prof. Visitante na Université Michel de Montaigne, Bordeaux, França.

Publicou, entre outros, o livro Fraturas do Texto: Machado e seus Leitores (1999, RJ: Sette Letras).

Conta com publicações em coletâneas e revistas acadêmicas do Brasil e do exterior. Tem atuado como editor de diversificadas publicações, a exemplo da "Légua & meia: Revista de literatura e diversidade cultural", do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural (PpgLDC) da UEFS - Programa este que ajudou a criar o do qual foi o primeiro coordenador, por duas gestões consecutivas (2000 a 2003).

Tem experiência em criação literária e na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: Machado de Assis, João Cabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa, regionalismo, cultura popular, escrita e oralidade, texto e imagem, intersemiótica.

 

HERA 1972-2005.  Antonio Brasileiro et al.. organizadores.  Salvador, BA: Fundação Pedro Calmón; Feira de Santana, UFES Editora, 2010.  712 p.  fac-símile. ilus. (Memória da Literatura Baiana).  ISBN 978-SS85-99799-14-7  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         CANÇÕES DO TEMPO

         sopram os ventos deste fim de tarde, falsa melodia,
os cabelos magros da noite esvoaçam, ao lado,
um companheiro de viagem agita os braços
em caótica alegria.

         a história é vã, é vento que sopra no fim da tarde,
um homem, com deus, é feito de flocos
brancos, flocos negros. Razões da alma em cores
na avenida.

         desce, com o vento, a consciência
rubra, e a lua fria.

 

 

         OBJETO DE CONSUMO

         a cesta básica do dia
traz os fundamentos do leite escarlate
sobre o asfalto matinal.
oscilações da bolsa de futuro
remarcam a morte anunciada.

         enquanto isso, Chaplin balança
levemente o bigode roto.

 

 

IARARANA – revista de arte, crítica e literatura.  Salvador, Bahia.  No.  9 – agosto 2004.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

CAMONIANAS

 

viver

é ver-se no peito ilustre lusitano

 

profeta

inebriado de terra e mar ante o Gigante Adamastor

 

navegante

cego de tanto ver

por mares nunca mares calmos mares.

 

 

 

A MÁQUINA DO MUNDO

 

Lusíadas

abismos de verso e pátria

em linhas de fuga e fingimento

Não mais, Musa, não mais...

 

pátria do firmamento utópico.

 

corpus em naufrágio

canto que emerge milagrosamente

do mar.

 

 

 

ILHA DOS AMORES

 

ilusão

íris profunda sobre mares jamais fecundados.

ilha-íris, olhares sob a dor audaz de errante navegar.

 

 

 

DA VINCI

 

mão a espreitar

os impróprios limites

da face

os imponderáveis movimentos da alma.

 

 

 

GIOCONDA

 

lábios e olhos

desfibram os fundamentos

biológicos do ser-

sorriso

 

luzes e sombras traduzem, no ponto cego da face, traços do olhar -

perdido.

 

 

HERA 20 – Abril 2005.  Direção: Roberto Pereyr.  Capa: Juracy
Dórea.  ISSN 9191-1065                 Ex. biblioteca de Antonio Miranda      

 

CABRALINAS
exata como a régua, língua
em-lâmina, como a pedra em língua
palavrão-fio, riacho tênue, movente
ao mar.

memórias do mundo, sóis
e solos, de Melo
Neto.

fábulas do imensurável espaço
arquitetura de inumanos fluxos
fronteiras do absurdo
segmentado.

      POÉTICA

      
não sei de onde vem
      essa predileção pela palavra
      silêncio.

      se do corpo, se do corte estreito na garganta
      desafinada, ressecada no tempo

      talvez, silêncio, a palavra
      soe mais forte
      no verso

      essa predileção, não sei, pela palavra
      que persiste — ecoa
    
      e silêncio

     
* Página ampliada e republicada em março de 2024.
      

Página publicada em janeiro de 2019; AMPLIADA em junho de 2019.


 

 

 
 
 
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