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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARIA DOLORES

 

(1901 – 1958)  Maria de Carvalho Leite, conhecida como Maria Dolores (Espírito), nasceu em 10 de setembro de 1901 na cidade de Bonfim de Feira, na Bahia, filha de Hermenegildo Leite e Balmina de Carvalho Leite. Também chamada de Madô e de Mariinha, formou-se professora em 1916, e lecionou em escolas de Salvador (BA), incluindo o Educandário dos Perdões e o Ginásio Carneiro Ribeiro. Além de comprometida com a Educação sempre demonstrou grande interesse pela produção literária.

Na década de 1940, conheceu o Espiritismo em Itabuna, quando já estava casada com o italiano Carlos Larocca, em segundas núpcias. O casal não teve filhos biológicos e adotaram seis meninas como filhas do coração. Ainda em Itabuna, adotou por filha, em 1936, Nilza Yara Larocca. Em Salvador, adotou por filhas Maria Regina e Maria Rita (1954), Leny e Eliene (1956) e Lisbeth (1958).

Durante 13 anos, foi colaboradora assídua de jornais baianos, já adotando o pseudônimo que utilizaria no mundo espiritual. Dedicando-se à Arte Poética, foi redatora-chefe da página feminina do Jornal O Imparcial, além de colaboradora neste e no Diário de Notícias. Sua produção poética foi reunida no livro Ciranda da Vida, cujos recursos financeiros foram destinados à instituição Lar das Meninas sem Lar.

Em 1947, mudou-se para Salvador com o esposo ajudando-o na administração do Café Baiano e da tipografia A Época, ambos de propriedade de Carlos Larocca. Maria Dolores fez parte da Legião da Boa Vontade, a quem prestou serviços de beneficência, partilhando seus dons de pianista, pintora, costureira e dedicada à arte culinária. Dedicou-se, também, ao Lar das Meninas Sem Lar em Salvador.

 

INCONTI, Dora. Poetas diversos. (Espíritas)  2ª. edição.  São Bernardo do Campo, SP: Edições Correio Fratern, 1999.  252 p.  14 x 21 cm.  Ex. Bibl. Antonio Miranda

 

         NOS DOMÍNIOS DA PACIÊNCIA

Olvida, alma querida, a irritação!
Quando a contrariedade te avassala,
Recolhe-te na paz da consciência!
Não penses em revide ou correção,
E se a injúria te enlaça, pára e cala
Ouvindo a exortação da paciência!

A própria Natureza nos ensina,
Em singelas lições claras e puras,
Os valores sem par da tolerância!
Entendamos sua voz doce e divina,
Que fala de bondade às criaturas,
Com exemplos sutis em abundância.

Olha o pássaro fraco e pequenino,
Que constrói o seu lar de paz e amor,
Não se revolta com nenhum espinho...
Ao invés, trabalhando, entoa um hino,
Harmonia suave de louvor,
Ao Pai que tudo veste de carinho!

Observa a humilde abnegação da rosa:
Não reclama, não grita, não se abala
Se a arrancam brutalmente da morada,
Mas sorri e se mostra mais formosa
Perfumando o recanto de uma sala
Ou no buquê à moça enamorada!

Volta a vista para a árvore gigante:
Não se curva com rudes trovoadas,
Permanece de pé, ereta e nobre,
Dando abrigo e alimento ao caminhante.
E se cai pelo chão a machadadas
Fica feliz em ser teto que cobre!

É expressiva e profunda esta lição
Que a vida em toda parte nos fornece,
Por mensagem de fé e de esperança!
Não dês, pois, trela à mágoa e à agressão
E responde indulgência, paz e prece
A pedrada dorida que te alcança!...

 

LUZ DE NATAL

Senhor Jesus, neste Natal de amor,
Suplicamos-Te de alma comovida,
A paz que reconforte nossa vida,
O Bem que pacifique a terra em dor,
O Perdão que ilumina e que alivia
E as bênçãos da puríssima alegria.

Que se cale no mundo todo pranto
Que inunda corações de pobres lares,
Que emudeçam revoltas e pesares
E que um cântico doce, puro e santo
Se espalhe nas mansões e nas favelas
Acabando tristezas e mazelas.

Jesus, que os homens em angústia e dor,
Sentindo-Te a presença de Bondade,
Acolham a beleza da Humildade,
Desabrochem em cânticos de amor,
Fazendo-se o Natal, divina Luz Que em
Tuas santas pegadas nos conduz!

De vestido amarrotado, pernas nuas,

Esmolava moedas aos passantes.

De olhos tristes, de mãos tremulantes,

Parecia a pobre menina

O próprio retrato da amargura.

 

Contemplando-lhe a carinha pura

Enchi-me de sincera compaixão

E perguntei-lhe com voz de comoção:

 

— Onde estão os teus pais, menininha?
E perigoso estares tão sozinha

A esta hora, esmolando na cidade!...

A noite é sombria e a maldade

Anda rondando à procura da inocência!

 

Ela fitou-me com espanto,

Mal sofreando o amargurado pranto

E respondeu-me sem detença:

— Não tenho pais, não senhor!

Sou órfã e fugi do orfanato onde estava


 

Pois lá, todos os dias, sofria e apanhava

Sem nenhuma carícia de amor!...

O senhor não quer me levar para casa?
Tenho medo da noite e estou tão sozinha!

 

Fixei longamente a doce menininha
Pequeno anjo perdido, sem asas,
E redargui com carinho:

— Minha filha, eu também sou sozinho,
Tenho fome e padeço a pobreza sem pão...
No entanto ainda tenho um tesouro...

Não posso conceder-te nem vestes nem ouro
Mas repartirei contigo o coração!
Sim, vem ao meu paupérrimo lar,
E dividindo nosso pranto,
Será mais fácil transpor
As montanhas de trevas e de dor!

Unidos em afeto sacrossanto

A vida será mais doce no passar...

 

E de fato, levei-a comigo

E eu que não tinha família ou amigo

Achei a pérola daquela afeição...

 

Foi assim que entendi então

Que só o Bem que praticamos, afinal,

Pode preencher a vida mais amarga.

Para ser suportada, toda carga

Deve ser esquecida,

Para nos doarmos em amor e vida

A quem sofre mais...

Essa foi a lição que o Natal

Desta vez descerrou aos olhos meus

E saibam que de então, senti a paz

De estar mais perto de Deus!...

 

 

Página publicada em dezembro de 2018


 

 

 
 
 
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