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LUIZ ANTONIO DE CARVALHO VALVERDE
Possui doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2008); mestrado em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2002).
É professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. Tem experiência na área de Literatura, Linguística, Letras e Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: representação do sertão, imaginário, identidades, coronelismo, poesia e prosa contemporânea e da Geração 70, da Bahia, educação. Coordenou, desde sua implantação, em 2011, até dezembro de 2014 o Curso de Especialização em Literatura Baiana, do Departamento de Educação, Campus XIV, da Universidade do Estado da Bahia, em Conceição do Coité. Coordenou o Colegiado do Curso Letras - Português, do referido departamento, de junho de 2012 a dezembro de 2013.
HERA 1972-2005. Antonio Brasileiro et al.. organizadores. Salvador, BA: Fundação Pedro Calmón; Feira de Santana, UFES Editora, 2010. 712 p. fac-símile. ilus. (Memória da Literatura Baiana). ISBN 978-SS85-99799-14-7 Ex. bibl. Antonio Miranda
O que é vil
na calada
enoja súbito.
No resvalar dos ventos
há súplicas.
O mal
desfaz no tolo apegos sórdidos,
mal nascidos.
Refaço apelos,
dou asas às taras,
venha do fel
o fino e dúbio parlar,
oh pária!
Por que engasgas agora?
Amanhã ferido -
porfia -
não terás mais dúvidas,
calda de esquecimentos!
Há jeito em tudo
que o ferro e a vontade,
a tudo aconchega e dobra -
veleidades,
desassossego.
POEMAS
1.
A dor é um confabulário
as preces vãs tentam apaziguar
o homem com o homem
disperso.
2.
Antes que assuma ares eternos,
a flor se abre,
aureola-se, esvoaça.
Antes que seja tarde,
Tarde até para as estrelas.
3.
O sol brilha
e não há razão maior
para deixar o silêncio
passar, e ir atrás
desse murmúrio de ventos
e folhas, não sei mais,
se ventos ou folhas,
moinho que não para.
Galo, galopes, jegue anunciando as horas.
Na aldeia
um meteoro risca a tarde
do mapa.
**
Macacos me mordam!
Matias
a obra prossegue,
a perfeição não é fácil.
Um vacilo
e a obra se esvai.
Maria,
o grande embargo,
poderia não acontecer
poderia, se não tivéssemos
essa forma final, a for.
Até
onde vai a ingênua
tempestade deste pequeno ser?
Ah! que punhal
que tortura,
hora de ninar ventríloquo,
louco por maçãs.
*
Meu pai, um vago sim em meio
aos lodaçais, não sei o que pensar.
A melodia mantém o paciente à tona,
enquanto rasga o barco águas distantes.
*
Há luz.
A vida prova
que nada fica.
No jardim das delícias, ao lado
de uma súplica, atado
a uma mulher,
volátil centauro.
Caio por terra,
o vinho
escorre, seu corpo
me deixa fulvo, acabo de sorrir
e canto e gozo a volta
no raso das adolescências.
Deito.
*
O tempo vai mesmo muito calmo.
A porta de gonzos chia.
O galo
gonga o bêbado,
apaga a vela.
Espalha os búzios
e decifra o reinado.
O dia pede passagem,
o último poeta levanta a saia
ensaia
a dança.
Página publicada em janeiro de 2019
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