GUSTAVO ARRUDA
Gustavo Arruda nasceu em São Paulo, 1974. Publicou os livros "Dispara" (editora Antiqua, 2003); "O Céu de Todas as Cidades" (editora Quasi - Portugal, 2000); "Nómada", livro-cd com o citarista Alberto Marsicano (Santa Rosália Produções, 1999). Tem trabalhos publicados nas revistas: Mufa, Azougue, Sibila, Artéria, Etcetera, Fresta, entre outras. Organizou os
fanzines "Aurífera Rua" e "A Oxun de Shanghai". Codirigiu o curta metragem "Cineasta Hotel" em 1998. Participou em 2009 do grupo especial de investigações sobre "Iconografia e Imagens da Diáspora Africana"
no Centro de Estudos Afro Orientais (UFBA). Vive em Salvador, Bahia.
ARRUDA, Gustavo. Gyro. Salvador: Cispoesia, 2010. 40 p. 13x18. Projeto gráfico: Paulo Conceição Roca e Pedro Ursini. Fotografias ( peças soltas ) de Gustavo Arruda. Capa em papel craft. Edição: Mufa Transedições e Cispoesia. Col. A.M. (EA)
tantas, no ato, dentre; sem
espanto e sem fala. carnudas
palmas e estrelas, não falo nessa
febre em lugar nenhum, na
polpa o manco do mundo, lava,
sol de breu e prata sobre preto :
zune seco pela terra e onde a
pele toda. a treva, assim toada,
arrasa um semblante magnífico.
de elegante e raro ar banha-se a
extensão da baía.
multicolores lascas de
mandingas, de frios, de
queimações e querências por
ser a dívida daquilo que
divide.
mar ardentíssimo de vogais de
tinta sob meias luas e estranhas.
é um nada o que queres.
o sargaço, o correio de bordo.
o total das tendas, o cristal.
vindo do interior dum manto :
zeros tropeçando e divisões da
fala. pernoite de piratas.
refúgio dos arcos e da íris.
na boca do ciclone no
embaraço e na ponta da
língua.
no interior dum manto :
preces de algodão, de salitre.
espinhas esbarrando no
continente do dia.
cabelos escuros : súbito
corpo.
corrente de calunga.
Página publicada em agosto de 2012
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