GESSON MAGALHÃES
Gesson Álvares Magalhães nasceu em Santana dos Brejos, no sertão da Bahia, no dia 12 de Outubro de 1934.
Formou-se em Contabilidade na Escola Técnica Doze de Outubro, na capital paulista. Concluiu o curso de Letras de Jandaia do Sul, no Paraná.
Escolheu Rondônia para viver e completar sua obra, em 1980. A sua integração à Literatura de Rondônia aconteceu naturalmente, sem contestação alguma. Sua obra iniciada há várias décadas, ganhou em Rondônia uma nova dimensão e novos horizontes. Em 1982, conquistou o 2º. lugar no Concurso de Poesia pela LBA em comemoração ao Ano Internacional do Idoso, com o sonete “Fim.. É a Vida?”. Em 1983, no Rio de Janeiro, o mesmo soneto conquistou o primeiro prêmio, a nível nacional, no mesmo Concurso LBA.
Parnasiano confesso, a sua poesia prima pela impecabilidade da métrica e pela perfeição linguista, atestada na edição do seguinte livro:
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MENDES, Matias Alves; BUENO, Eunice. Síntese da Literatura de Rondônia. Capa: João Orlando Zo1ghbi. Porto Velho: Genese-Top, 1984. 126 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
DESPEDIDA MATERNA
Num leito de hospital estavas, mãe querida,
Naquele dia atroz da vil separação;
Foi dura para mim aquela despedida
Pois, ao redor de ti, só havia escravidão.
Estavas da visão quase destituída,
Não me podias ver. Com grande inquietação,
Procurei ocultar de ti minha partida
P´ra não de compungir também o coração
Porém, ao te beijar, mamãe, adivinhaste!
Encheram-se de pranto os olhos teus sem luz
E também eu chorei assim como choraste
Mas me disseste: “Vai. Carrega a tua cruz,
Alegre ficarei, já que me dedicaste
A proclamar ao mundo o nome de Jesus”.
ANSEIO
Mamãe, existe um Deus, um grande Deus no céu,
Que aos filhos Seus jamais desampara ou ilude.
Descei ao mundo vil com tal solicitude,
Que p´ra Si nos chamou, não nos deixou ao léu.
Um dia, Esse Homem-Deus, com sua magnitude
Deixou Seu lar de luz e aqui se tornou réu.
Ele há de dar a ti, mamãe, como troféu,
A luz dos olhos teus e completa saúde.
Mas se Ele não quiser tornar em realidade
Esse desejo meu, fará Sua vontade,
Mas te confortará, dar-te-á viver sereno.
E, lá no céu, então, livre de todo o mal,
Terás teus olhos bons e verás, afinal,
O olhar cheio de luz do meigo Nazareno
FIM... E A VIDA?
Andando a passos trôpegos, moroso,
Cambaleando até, olhar sem brilho,
Figura venerável de um idoso
Cansado de seguir o longo trilho.
Foi menino, foi jovem vigoroso,
As forças consumiu, sem empecilho,
E agora espera receber, ditoso,
O amor e o carinho de seu filho.
Quando, porém os louros da vitória
Deseja desfrutar entre crianças
Que agora poderiam diverti-lo,
Nem mesmo vai contar-lhes uma história,
Pois anda triste, só, sem esperanças,
Nos frios corredores de um asilos.
DECLARAÇÃO DE AMOR
Embora esteja aqui há poucos dias,
Eu te amo, Rondônia, ardentemente,
Amo teu céu, teu ar e tua gente,
Amor maior, de outro não terias.
Eu te amo, Rondônia! Amor fremente,
Pois tens da Natureza as harmonias.
Eu te amo, talvez. Como o Matias,
“De todas as maneiras”, realmente.
Embora não esqueça a minha terra,
São Pulo, Minas, Paraná, Goiás,
Lugares onde algum tempo vivi.
Se por eles amor meu peito encerra
E esse amor é profundo e eficaz,
É bem maior o meu amor por ti.
O AMOR IDEAL
Ao Matias Mendes,
a propósito d´O Amor Ideal
em seu “As Quimeras e o Destino”.
Eu amo Ivete, amor que me enche o peito
E também ela me ama realmente,
Mas este amor nasceu de uma semente
Que foi regada sempre e muito a jeito.
É enorme o esforço que ambos temos feito
P´rá conservar acesa, internamente,
A chama desse amor que é imperfeito,
Mas tem perdão, renúncia, diariamente.
Não foi a sorte, “ingrata e inconstante”,
Que nos dotou de amor tão fascinante,
Sem o qual ela morre e eu não existo.
Você pode, ter, cada dia,
Este amor que você tanto queria;
Experimente achar o Amor de Cristo.
Página publicada em junho de 2020
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