Foto e biografia:
http://galdinodecastropalavraseveredas.blogspot.com/
GALDINO DE CASTRO
(1882 - 1939)
Galdino de Castro nasceu na cidade de Salvador, Bahia, em 18 de abril de 1882.
Estudo Direito até 1905; abandonou o curso e doutorou-se em Medicina, na Bahia, em 1912 com a tese "Das ilusões sociais."
Foi jornalista precoce. Nos tempo ginasiais fundou, entre outros: O Colibri e Revista Moderna. Foi colaborador de várias revistas. Nova Cruzada uma revista das mais ilustres do simbolismo brasileiro, teve nele um de seus fundadores.
Compunha versos de memória, declamando-os esplendidamente "com alma de troveiro medieval".
Em 1917 veio para o Estado de São Paulo. Exerceu o cardo de Prefeito em Santo Antônio da Alegria, onde realizou muitas benfeitorias.
Clinicou em Cajuru e foi o grande idealizador do antigo Ginásio Municipal e graças ao seu esforço, dedicação e empenho, hoje temos escola com seu nome: EE Galdino de Castro.
Morreu em São Paulo, vítima de problemas cardíacos, em 23 de agosto de 1939, desconhecido, esquecido, ele que fora "dos aguerridos vanguardeiros", mas que nunca morrerá no coração de cada cajuruense.
De Biocrítica, 1941:
MENDIGO
Do vosso largo e florido postigo
Lançai o olhar e vede-me, Senhora:
Da Alegria e do Amor pobre mendigo
Pela estrada da Mágoa vou-me afora.
E essa Saudade que em meu peito mora,
E esse Tédio cruel e pérfido e antigo
Horrendo abutre, que a alma me devora
Vão, em boêmia, rindo-se, comigo...
E não fulge nem canta em meu caminho
Sem luz e som, tristíssimo e deserto,
A moeda doirada de um carinho...
Sigo como se fosse para a cova
Tendo o bordão dos Sonhos e coberto
Dos andrajos de púrpura da Trova.
Mês de Maria
(Num Livro de Horas)
Maio triunfal! Mês das donzelas,
Sonhando róseos, almos noivados!
Manhãs cerúleas, tardes mais belas,
Para ventura dos namorados!
Noites elísias, que tudo constelas,
Ó santo beijo dos bem-casados!
Turris ebúrnea, Ave-Maria,
Dos pecadores água lustral,
Faze que o Mundo tenha a alegria,
Tenha a doçura dum roseiral;
Às tuas plantas morra a sombria
E horripilante serpe do Mal!
Há pelo Mundo tanta desgraça,
Tantas misérias há pelo Mundo,
Manchando os ares grita e esvoaça
Da Guerra o abutre torvo e iracundo.
Que comunguemos, cheia de Graça,
A eucaristia do Bem fecundo!
À Humanidade tristonha, borde-a
Teu vulto amado de amada Flor!
Sob a celeste misericórdia,
Desses teus olhos sob o fulgor,
Rutile o flavo sol da Concórdia
Para a florida páscoa do Amor!
E vós, ó Virgens, que tendes a alma
Num val de lírios e de açucenas,
E onde a Inocência, com a asa espalma
Anda, qual pomba de brancas penas,
Rezai por esses que vão sem calma
Com o sambenito das negras penas!
Rezai à Virgem Nossa Senhora!
Pedi-lhe, ó moças, numa oração,
Pelos que vivem mar bravo em fora,
Pelos guerreiros, pelos sem pão,
E pelos que andam como eu agora
Tristes, doentes do coração!...
(1941)
Página publicada em fevereiro de 2020
|