Foto: Nunca se sabe, por Beto Benjamin
FIRMINO ROCHA
(1919 – 1971)
(Itabuna, 7 de junho de 1910 - Ilhéus, 1 de julho de 1971) foi um poeta brasileiro.
Cronologicamente ligado à segunda geração do Modernismo baiano, Firmino apresenta como marcas de estilo o lirismo e o misticismo. Seu poema mais conhecido é” Deram um fuzil ao menino”, um protesto pacifista contra a Segunda Guerra Mundial.
"Ilhado em sua cidade do interior, de maneira heróica e santa assume o lado do sonho, da loucura iluminada, para escutar os frêmitos de todos os mistérios”, escreveu sobre ele o também poeta Cyro de Mattos.
Publicou os livros O canto do dia novo (1968) e Momentos, além de diversas obras de literatura de cordel.
Em 2008, alguns de seus poemas foram reunidos na coletânea Firmino Rocha; poemas escolhidos e inéditos.
Em homenagem ao poeta, a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) promove periodicamente o Festival Multiarte Firmino Rocha.
Biografia extraída de wikipedia
ESPERA
Não acordar a palavra.
Deixar que ela sinta no silêncio
os frêmitos de todos os mistérios
até o último instante.
Nova e virgem então ela virá
e ao poema dará seiva e fervor.
Não acordar a palavra.
Deixar que ela durma no silêncio
o seu fecundo sono
até que como o sol desperte
e descubra as coisas
e nada deixe em escuridão e frio.
O poema então será verdade,
amor e carinho.
DERAM UM FUZIL AO MENINO
Adeus lugares de maio
adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte rufando
nos campos negros.
Agora são os pés violentos ferindo
a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números o verso
ficou sozinho.
Adeus estrelas tangíveis.
Deram um fuzil ao menino.
(De O canto do dia novo, 1968)
Página publicada em março de 2020
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