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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ELOMAR

“ Elomar Figueira Mello é um artista brasileiro que nos obriga a reaprender o que entendemos por arte e Brasil. É músico capaz de obras tão sublimes, dotadas de força mítica, sopradas por inspiração que não se afigura  térrea. Historiador que evoca um mundo que aprece não existir mais, e que, no entanto, teima em repercutir na alma, mesmo de quem não partilhou com ele os estertores da vida comunitária situada nas dobras do tempo. Compositor de peças populares que se ligam à memória de outras eras, é capaz de retornar ainda a força da tradição erudita a partir de formas ancestrais, dando a elas atualidade intrigante, seja pela emanação ética do discurso de suas óperas, seja pela realização de sua música como obra de arte superior.

Baiano, nascido em 21 de dezembro de 1937 em Vitória da Conquista, de família de fazendeiros da Zona do Mato-Cipó, passou a infância na fazenda no São Joaquim. As origens do menino estão presentes na obra do homem maduro: amor à natureza, os ofícios ligados à terra, a religiosidade áspera do protestantismo histórico, com traços luteranos — embora a denominação seja menos importante que a inclinação de alma —, eivado de um senso de dever e obediência que não descura de criticar o que não gosta e convocar para a reconstrução de outra forma de existência. Mística das coisas espirituais, moral dos deveres com as lições sagradas, política de reconstrução da ordem perdida
.”

JOÃO PAULO CUNHA, em “Cantador do Rio Gavião”, no livro ELOMAR: cancioneiro, edição da DUO Editorial, 2008, em caixa de papelão com diversos volumes, sob a coordenação editorial de Marcela de Queiroz Bertelli.

Tem muito de cordelista erudito mas de linguagem matuta naquela dimensão que só o Guimarães Rosa professava, como Patativa de Assaré e tantos artista populares de raiz. Antonio Miranda

Música culta: 11 óperas; 11 antífonas; 4 galopes estradeiros; 1 concerto de violão e orquestra; 1 concerto para piano e orquestra - composto e a ser partiturado; 1 pequeno concerto para sax alto e piano - composto e partiturado;1 sinfonia - quase toda composta; 12 peças para violão-solo. As composições para violão na maioria já estão partituradas.

Cancioneiro: Um caderno de oitenta canções, sendo que a maioria delas já se encontram gravadas e uma pequena parte inédita.

Óperas: Bespas Esponsais Sertana - São cinco trágicos que se encontram nos seguintes estágios: A Carta - ópera com 4 cenas, compostas e partituradas;A Casa das Bonecas - composta e 30% partiturada; Faviela - toda composta e nada partiturada; O Peão Mansador - composta e a ser escrita; Os Poetas são Loucos (mas conversam com Deus) - composta em partes; Auto da Catingueira - composta, partiturada e gravada em disco.

Página oficial do cantautor:  http://www.elomar.com.br/biografia.html

 

“Cumo a cigarra e a furmiga
Vô levano meu vivê
Trabaiano pra barriga
E cantano inté morrê
Venceno a má fé e a intriga
Do Tinhoso as tentação
Cortano foias pras amiga
Parano ponta c´as mão
Como a cigarra e a furmiga
Cantqano e gaîano o pão”


“Ô Zefinha
Veja esse vale além
Seco de tristeza
Se enche de beleza
Com todas criatura
Quando a chuva vem”

 

TIRANA

Inriba daquela serra passa u'a istrada rial

Entre todos qui ali passa uns passa bem ôtros mal

Apois lá moraum ferrêro ferradô de animal

Qui sentado o dia intêro no portêro do quintal

Conta istoras de guerrêros

De cavalêros ligêros

Do Rêno de Portugal

Anda mula ruana

Qui a vida tirana

Foi dexada por Deus

Dêrna de Adão

Pra quem pissui os tére

Aqui na terra

Pra quem nada pissui

Te pru ladrão

Das coisas de minha ceguêra aquela qui eu mais quiria

Formá u'a tropa intêra e arribá no mundo um dia

Cabeçada de u'a arrôba vinte campa de arrilia

Cruzeta riata nova rabichola e peitural

E arriça fazeno ruaça

A tripa na bôca da praça

Do Rêno de Portugal

Destá mula ruana

Na vida tirana

Ela é fela e mais dura

Qui a lei

Nóis inda vai xabrá

Pinga de cana

Jabá e rapadura

Mais o rei

Cuano saí lá de casa dexei os campo in fulô

A lua já deu treis volta só a buneca num voltô

Mais prá quê tanta labuta corre corre e confusão

Quanto mais junta mais dana é tribusana é só busão

Oras qui na vida in ança

O pobre cristão só discansa

Dibaixo d'um tampo de chão

Para mula ruana

Dexa de gana

Qui a vinda do tropêro

É só u'a veis

Assusta mêrmo a vida

Assim tirana

É pura buniteza

Foi Deus quem fez

 

 

O RAPTO DE JUANA DO TARUGO

Enfrentei fosso muralha e os ferros dos portais

Só pela graça da gentil senhora

Filtrando a vida pelos grãos de ampulhetas mortais

D'além de trás os Montes venho

Por campos de justas honrando este amor

Me expondo à Sanha Sanguinária de côrtes cruéis

Enfrentei vilões no Algouço e em Senhores de Biscaia

Fidalgos corpos de armas brunhidas

Não temo escorpiões cruéis carrascos vosso pai

Enfreado à porta de castelo

Tenho meu murzelo ligeiro e alazão

Que em lidas sangrentas bateu mil mouros infiéis

Ô Senhora dos Sarsais

Minh'alma só teme ao Rei dos reis

Deixa a alcova vem-me à janela

Ó Senhora dos Sarsais

Só por vosso amor e nada mais

Desça da torre Naíla donzela

Venho d'um reino distante, errante e menestrel

Inda esta noite e eu tenho esta donzela

Minha espada empenho a uma deã mais pura das vestais

Aviai pois a viagem é longa

E já vim preparado para vos levar

Já tarda e quase que o minguante está a morrer nos céus

Ó Senhora dos Sarsais

Minh'alma só teme ao Rei dos Reis

Deixa a alcova vem-me à janela

Ó Senhora dos Sarsais

Só por vosso amor e nada mais

Desça da torre Joana tão bela

Naíla donzela, Joana tão belas

 

 


***

Edição especial com duas caixas de proteção, uma rústica e dentro outra, branca, ambas com o título “      ELOMAR: cancioneiro ”, contendo :16 livros e livretos com a obra poético musical do compositor:

 

         ELOMAR.[Elomar Figueira Mello ].   Cancioneiro.  Belo Horizonte: DUO Editorial, 2008.  60 p + folhas s. p.   25 x 35 cm.  Capa dura, com sobrecapa papel Couchê 170 f/m2. . Miolo papel Offset 120 g/m2. Coordenação editorial: Marcela de Queiroz Bertelli. Patrocínio:          Petrobras, Ministério da Cultura, etc.  ISBN 978-85-61205-02-7.  No.

Inclui também 14 Cadernos de Partituras:

. 1. O Violeiro- O Pidido – 4º canto de “O Auto da Catingueira” – Zefinha – Incelença pro Amor Retirante.  19 p.  25 x 35 cm.      No. 

. 2. Joana Flor das Alagoas – Cantiga de Amigo – Cavaleiro do São Joaquim.  11 p.  25 x 35 cm.  No.

. 3. Na Estrada das Areias de Ouro – Acalanto – Retirada – Cantada.  12 p.  25 x 35 cm.  No.

. 4. Canção da Catingueira – Arrumação – a Meu Deus um Canto Novo – Na Quadrada das Águas Perdidas – A Pergunta – do auto “O Tropeiro Gonsalin”.  16 p.  25 x 35 cm.  No.

. 5. Deserança – Chula no Terreiro – Campo Branco.  16 p. .  25 x 35 cm.      No. 

. 6. Parcelada – fragmento do 5º. canto de “O Auto da Catingueira” – Função – Noite de Santo Reis.  16 p.  25 x 35 cm.  No.

. 7. Cantoria Pastoral – O Rapto de Juana do Tarugo – Canto de Guerreiro Mongoió – Cantiga de Escárnio.  11 p.  25 x 35 cm.  No.

. 8. Clariô – do 5º.  Canto de “O Auto da Catingueira” – Dassanta – fragmento do 1º. canto de “O Auto da Catingueira”.  15 p.  25 x 35 cm.  No.

. 9. Curvas do Rio – Tirana – do auto “O Tropeiro Gonsalin”  - Puluxias – do auto “O Tropeiro Gonsalin” – Louvação – fragmento do 5º. canto de “O Auto da Catingueira”.  16 p.  25 x 35 cm.  No.

. 10. Cantiga do Estradar – História de Vaqueiros.  15 p.  25 x 35 cm.  No.

. 11. Favela – fragmento da ópera “Faviela” – Seresta – O Cavaleiro da Torre. 16 p.   25 x 35 cm.  No.

. 12. Um Cavaleiro na Tempestade – O Peão na Amarração – Homenagem a um Menestrel – Gabriela – 2º. canto de “O Mendigo e o Cantador”.  19 p.  25 x 35 cm.  No.

. 13. Naninha – 6º. canto de “O Mendigo e o Cantador” – Corban – 70. canto de “O Mendigo e o Cantador” – Incelença para um Poeta Morto – 4º. canto de “O Mendigo e o Cantador”.  11 p.   25 x 35 cm.  No

. 14. Cantiga do Boi Encantado – Loas para o Justo – Balada do Filho Pródigo – fragmento do no. 2 de “Antiphonia Sertani”.  15 p.  25 x 35 cm.  No

 

Notas & Letras   Elomar: cancioneiro.  57 p. + Índice das Letras. 25 x 35 cm.  No 

 

DESERANÇA 

Já não sei mais o que é fazer contas
Até já perdi as contas
Dos cantos dos rios das contas
Que meu peito, amor, cantou
Perdido de amor por ti
Já nem me lembro quantas cantigas
Quantas tiranas, amiga,
Na viola padeci
Também não sei mais quantos foram
Os luares que passaram
Pelo vão dessa janela
Vieste de longe eras tão linda
Como se hoje lembro ainda
A mansitude da manhã
Foi tua vinda amiga vã
Dói-me no peito ao relembrar
Já não tem jeito a vida é vã
Qui diserança ó minha irmã
Mas apesar de tudo desfeito
De tanto sonho morto qui num tem mais jeito
Tombando a ladeira
Já pela descida
Na tarde da vida
Rompo satisfeito
Foste na jornada
A jornada perdida
Meu amor pretérito mais que perfeito
 

 

Página ampliada e republicada em outubro de 2019

 

 


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