Retrato por Hermann Winterhalter
DOMINGOS BORGES DE BARROS
(Visconde da Pedra Branca)
(1780-1855)
Domingos Borges de Barros, primeiro e único barão e visconde de Pedra Branca, (Salvador, 10 de outubro de 1780 — 20 de março de 1855) foi um advogado, escritor, diplomata, político e principalmente senhor de engenho brasileiro. Cursou direito na Universidade de Coimbra. Foi deputado às Cortes de Lisboa em 1821. Foi senador do Brasil Imperial entre 1833 e 1855. Domingos foi o pai da Condessa de Barral, preceptora da Princesa Isabel.
Como diplomata tratou com Carlos X da França e seu ministro Chateaubriand o reconhecimento da Independência do Brasil, foi também encarregado de acertar o casamento de D. Pedro I com a princesa D. Amélia de Leuchtenberg. Era Grande do Império, agraciado com a grã-cruz da Imperial Ordem de Cristo, dignitário da Imperial Ordem da Rosa. Era historiador, sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e poeta. Fonte: wikipedia
TEXTES EN FRANÇAIS
OLIVEIRA, Alberto de. Página de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Livrria Garnier, 1929? 419 p. 11,5x18 cm. capa dura. Impresso em Paris por Imp. P. Dupont. “ Alberto de Oliveira “ Ex. bibl. Antonio Miranda
(com atualização ortográfica:)
O BEIJO
Não há quem dizer-me possa
Qual o sabor de teus beijos;
Se houvesse, a inveja matara
Meus frenéticos desejos.
E se um beijo de Marília
Já me fez esmorecer,
Como provarei teu beijo,
Sem que me sinta morrer?!
Mas se teu beijo é gostoso,
Como certifica amor,
Expire a vida no beijo,
Deixando na alma o sabor.
Nunca pedi um beijo;
Pedido, que gosto tem?
Do amor o que não é dado,
É frio, não sabe bem.
O coração leve aos olhos
A expressão do desejo;
Os lábios aos lábios levem
Toda a delícia do beijo.
É nessa muda linguagem
De inteligência amorosa,
Que de amor vive escondida
A parte mais saborosa.
Esconder o que mais quero,
Fora enganar mesmo a mim;
Se eu te pedir beijo oculto,
Nunca me digas que sim.
O beijo, dado escondido,
Desacredita a que o dá;
E se é doce ao que recebe,
É uma doçura má.
Se o beijo é sinal de paz,
Como pode ser de amor?
Amar é vier em guerra,
Entre delírios e dor.
O que puder, em teus lábios,
O beijo saborear,
Contra amor, e a sorte peca,
Se a mais quiser aspirar.
O beijo, dado escondido,
Toma do crime a feição;
Pode fartar o desejo,
Mas não farta o coração.
Beijo, que deixa remorso,
É veneno em taça de ouro;
É na pureza do amor
Deixar cair um desdouro.
Amor é franco; e se afeta
Gostar do misterioso,
São diáfanos mistérios
Velando o mais deleitoso.
Não são disfarces de Venus,
Nem seu modo encantador,
O que ao puro amor contenta;
É a delícia de amor.
Consulta teu coração;
Se ele pode amar assim,
Sou todo teu.. Se não pode,
Não queiras nada de mim.
TEXTES EN FRANÇAIS
DOMINGOS BORGES DE BARROS
VICOMTE DE PEDRA BRANCA
POÈMES FRANÇAIS D´ÉCRIVAINS BRÉSILIENS. Choix et notes biographiques de Luz Annibal Falcão – Président de l´Alliance Francaise de Rio. Préface de Francis de Miomande. Pèrigueux, France: L´Atelier de Pierre Fanlac, Près Tour de Vésone, 1967. 118 p. 14,5x19,5 cm. Inclui poemas de autores brasileiros escritos originalmente em francês.
La langue française jouissait déjà d'un grand pres¬tige au Brésil au xvnv siècle et les encyclopédistes ont eu une influence marquée sur ceux qui rêvaient d'indépendance nationale. Un de nos écrivains de l'époque allait aussi écrire en français.
Domingos Borges de Barros, Vicomte de Pedra Branca, né dans la « fazenda » São Pedro à Bahia en 1779, fit ses études secondaires à Lisbonne puis à l'Université de Coimbra, où il reçut son diplôme de licencié. En 1801, il publiait une traduction des poèmes de Parny et les années suivantes des traductions du grec, du latin, du français (Voltaire, La Fontaine, etc.). En 1806, il alla à Paris, où il dut se cacher lorsque Napoléon envahit le Portugal et où il travailla à un dictionnaire français-portugais, édité à Paris en 1812. Il avait dû partir à New-York en 1810. Revenu au Brésil, tenu pour suspect, il fut arrêté en 1811. En 1813, il publie à Rio la traduction du « Mérite des Femmes » de Gabriel Legouvé. Le Brésil devenu indé¬pendant en 1822, Pedra Branca est nommé par l'Em¬pereur chargé d'affaires à Paris en 1823. Elu Sénateur en 1826, il ne vint siéger au Sénat qu'en 1833. Il mourut retiré dans ses terres en 1855.
Le poème que vous allez lire date de 1817. Il a été inspiré à l'auteur par une traduction des « Luziades » de Camoês, qui avait été faite par Le Mazurier, secré¬taire de la Société Académique des Sciences de Paris. Notre Vicomte trouva cette traduction si mauvaise qu'il exhala son indignation dans des vers qu'il adressa à Delille. Celui-ci avait traduit le « Paradis Perdu » de Milton, que Pedra Branca appelle l'Homère anglais. Ce Delille qu'il interpelle n'est autre que le bon abbé Delille, célèbre par sa traduction des « Géorgiques » de Virgile et que Voltaire sacra grand poète. Aujour¬d'hui, on le trouve bien ennuyeux.
Quoi qu'il en soit, Delille eût été bien empêché de traduire Camoès à son tour pour la bonne raison qu'il était mort depuis quatre ans lorsque Pedra Branca écrivit ce poème irrité:
A. M. DELILLE (1817)
(Au sujet d'une mauvaise traduction des « Luziades », de Camoens, par M. Le Mazurier, secrétaire de la Société Acadé-mique des Sciences, etc.).
Illustre Camoens que j'aimai dès l'enfance,
Honneur de ta patrie et du nom portugais,
Qu'as-tu fait, ô ciel ! à la France ?
De ses beautés au moins respecte quelques traits,
Toi qui crus lui donner une double existence
Perfide traducteur français !
Des efforts malheureux d'une telle imprudence
Toi seul peut le venger, qui de l'Homère anglais
Traças l'exacte ressemblance.
Delille, je t'appelle à de nouveaux succès ;
Mais, ô destin fatal ! tu gardes le silence
Et laisses Camoens en paix !
Página publicada em julho de 2015; página ampliada em agosto de 2016.
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