|   Foto e  biografia:wikipedia       ÁLVARO REIS   (1880 – 1932)     Álvaro  Borges dos Reis (Paramirim, 31 de julho de 1880 – Salvador, 6 de julho de 1932) foi um poeta, escritor, editor e  médico-legista brasileiro.[1] Dentre sua obra destaca-se a  publicação da coletânea Musa Francesa, em 1917, coletânea de 99  poemas simbolistas franceses, que traduziu, sendo esta talvez a  primeira edição de uma obra do gênero no país.   Gênero literário:  Romantismo, Simbolismo e Parnasianismo.     Obra  literária: Estudantinas (1904); Pátria (1914); Musa Francesa (1917); Lusitânia (1922); Beijo das Raças  (1923).       
                    
                       SINOS
 Tal ao bater no  pêndulo sonante,
 Do  sino o bronze num gemido,
 À  ressonância do metal ferido
 No  silêncio da torre culminante.
 
 Num  triste canto de saudade ungido,
 Ao  palpitar do coração vibrante,
 Todo  o meu se desperta soluçante,
 Suspenso  à torre do meu sonho erguido!
 
 E  os sons se perdem... trêmulos lamento
 Na  merencória paz do descampado,
 Á  cinza do crepúsculo nevoento...
 
 Perdem-se...  e logo o coração, vibrado
 Pelas nervosas mãos do Sentimento
 Sineiro d´alma plange, redobrado.
                 D. BRANCA   
                    Branca, da alvura cisneal de um lírio,Da alvura lirialdeum cisne régio!
 Da brancura ideal, do alvor egrégio
 Da  alma visão castíssima do empíreo!
 
 Branca,  da alvura imácula da neve!
 Da candidez de prece sacrossanta
 Que  de uns lábios de monja pura e santa,
 Branca e serena para o céus se  eleve!
 
 Branca  da alvura de um luar de prata,
 Da  brancura lustral da lua cheia!
 Da  espuma branca na deserta areia
 Que  a onda gemendo, lânguida desata!
 
 De  nuvem branca em céu de primavera,
 Sob  o lugar, ao sol do meio-dia!
 Da  brancura intangível, fugidia,
 De  alma visão e esplêndida quimera!
 
 Chama-se  Branca, até no nome, alvura!
 Mas  um contraste este nivor desmancha...
 Pois  se ela tem, oh peregrina mancha!
 Olhos  azuis e cabeleira escura!
 
 Ah!  D. Branca, és divindade ou fada?
 Deus,  da natura, símbolo criou-te:
 O  céu nos olhos, no cabelo a noite.
 E  em tudo mais, esplêndida alvorada!
 
 
 
   Página publicada em  fevereiro de 2020     
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