Foto e biografia: wikipedia
ALEILTON FONSECA
Aleilton Santana da Fonseca (Firmino Alves, 21 de julho de 1959) poeta, ficcionista, ensaísta, e professor universitário.
Aleilton Santana da Fonseca, nasceu em Itamirim, local hoje conhecido como Firmino Alves, passou a infância e a adolescência em Ilhéus-Bahia, cursou até o primeiro ano do segundo grau, começou a escrita ainda quando estudante do segundo grau, e era leitor assíduo de poemas, romances e crônicas. Publicou seus primeiros textos em jornais.
Em 1977, ingressou na Escola Média de Agropecuária Regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), a EMARC - Uruçu, onde se formou em técnico agrimensor, mas nunca foi buscar o diploma. Neste mesmo ano tem começado a publicar os primeiros contos e poemas no Jornal da Bahia, de Salvador, tendo vencido três vezes o Concurso Permanente de Contos, passou também a publicar no Suplemento A Tarde/Novela, no Jornal A Tarde. Passou assinar a coluna "Entre Aspas", no Jornal da Manhã [desambiguação necessária]. Aos 18 anos, sai a sua primeira entrevista no Jornal da Bahia, quando apresentado por Adinoel Motta Maia, como um novo escritor que surgia no Sul da Bahia, neste mesmo ano venceu o prêmio de contos da Editora Grafipar, do Paraná. No ano de 1979, ingressou no curso de letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA), e se transfere para Salvador, organizou o primeiro livro de poesia, e recebeu menção honrosa no curso Prêmio Literário da Universidade Federal da Bahia, em 1980. Foi selecionado para abrir a série de poesia da "Coleção dos Novos, da Fundação Cultural do estado da Bahia.
Começou a lecionar português no ensino fundamental, criando uma oficina literária, muitas das produções eram publicadas em murais, em coletâneas e em suplementos nas infanto-juvenis, de jornais como por exemplo o JOBA, do extinto Jornal da Bahia. tem concluído o curso de letras passando a lecionar Literatura e língua portuguesa. Em 1984 passou a ser professor do Curso de Letras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia transferindo-se para a cidade de Vitória da Conquista, publica o livro de poema "O espelho da consciência". Em 1988, especializa-se em literatura brasileira, ao ingressar no Mestrado em Letras, na Universidade Federal da Paraíba, fixa com a família em João Pessoa.
Publicou o primeiro livro "Movimento de Sondagem", através da Fundação Cultural da Bahia, em 1981, e recebeu entre outros a atenção de Carlos Drummond de Andrade, que logo escreveu-o uma carta de incentivo, e também tem recebido a atenção de Rubem Braga, que publicou dois de seus poemas na coluna "A Poesia é Necessária", na Revista Nacional, semanário que circulava encartado nos principais jornais das capitais.
É membro da União Brasileira de Escritores (UBE) - São Paulo e do PEN Clube do Brasil.
Em 1996 retorna a Salvador, onde fixa residência e concorre ao certame Prêmios Culturais de Literatura, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, com o livro Jaú dos Bois, e fica entre os vencedores no 3 ° lugar, e é publicado pela Relume Dumará, do Rio de Janeiro, em 1997. Em 2001 publicou o livro de contos "O desterro dos Mortos", nesse ano recebeu o Prêmio Nacional Herberto Sales, da Academia de Letras da Bahia, com o livro "O canto da Alvorada", publicado em 2003. Em 2003leciona como professor convidado na Universidade Artois (França), faz palestras e apresenta trabalhos nas universidades: Sorbonne Nouvelle, Nanterre, Artois, Rennes, Toulouse Le Mirail, Nantes, e ELTE (Budapeste), tem participado de diversos eventos universitários e culturais em vários estados do pais. O livro "O canto da Alvorada" ganha a segunda edição em 2014, pela Editora José Olympio. No ano de 2005 co-oganiza (com o escritor Cyro de Mattos) o livro "O Triunfo de Sosígenes Costa": estudos, depoimentos, antologia (Ilhéus: Editus, Feira de Santana, UEFS Editora, 2005), recebeu o Prêmio Marcos Almir Madeira 2005, da União Brasileira de Escritores.
Foi homenageado pelo Lycée des Arènes, com uma exposição de trabalhos de alunos sobre o livro "Les Marques du Feu", em Toulouse (França), ao completar 50 anos, na Bahia foi homenageado pela IL-UFBA, com um seminário crítico, em 2009. Recebeu pela Academia Brasileira de Letras a Medalha Euclides da Cunha, como um dos destacados de livros e conferências sobre Os Sertões, pois Aleilton Fonseca publicou neste ano o livro O Pêndulo de Euclides, com repercussão na imprensa e nos meios literários.Nesse mesmo ano, o romance "Nhô Guimarães" foi adaptado para o teatro e encenado em Salvador e outras cidades.
Em 2013 recebeu o título de Professor de Honor de Humanidade, da Universidade del Norte, em Assunção (Paraguai). Em 2014, recebeu a Comenda Luiz Vaz de Camões, outorgada pelo Núcleo de Letras e Artes de Lisboa, no Gabinete Português de Leitura da Bahia, e também recebeu a Comenda do Mérito Cultural, categoria Júnior, outorgada pelo Governo do Estado da Bahia. Seus livros tem sido estudados em cursos de graduação e pos-graduação, contando com algumas dissertações de mestrado e teses de doutorado concluídas ou em andamentos.
IARARANA – revista de arte, crítica e literatura. Salvador, Bahia.
No. 4 – 2000. Ex. bibl. Antonio Miranda
As formas do barro
Eu sinto as formas do barro
esculpidas em minhas mãos:
o cheiro molhado de argila
umedece as minhas palavras
e o sol que vem do passado
revela um segredo guardado.
A mão direita abre um risco
no ar e os dedos modelam
a argila num mergulho vertical.
A esquerda recebe a dádiva
e juntas compartilham o corpo
medido em areia e argila e água.
O verbo nas mãos se enconcha
e se eleva e risca o ar em curva
e sobre o vazio da forma passa
e se choca com a madeira boca,
a direita alça o arco de arame
e as aparas se despem da massa.
Assim se repete a procura
em novo corpo que se enforma:
vira-se a forma sobre a mesa
de trabalho do artesão,
e, feito o último asseio de areia,
dois poemas brotam no chão.
Mais dois, sobre dois e mais dois,
os montes de argila se multiplicam.
E o oleiro, ciente de sua ciência,
contempla as paredes do futuro,
que hoje, por certo, ainda abrigam
os seus sonhos riscados nos muros.
Sondagem
No exercício da palavra,
ressuscito de meus naufrágios
e construo novos
barcos:
encho-os de sorrisos
que satisfazem aos desavisados.
E pois,
sol após sol,
singro o mar que não sei
e adio o suicídio
que nunca cometerei.
Carta urbana
Des'que aportei na medúsica urbe,
espreitam-me, por carta, os amigos.
Estou para lhes rimar umas linhas,
(e eis que agora as alinho)
em tempo, em vias, no torvelinho:
discursos por engenhar,
livros por ler,
filhos por criar,
textos por escrever.
As horas destecem os dias
e vão numa passeata ágil,
águas sem tréguas em agonia
}como lágrimas em naufrágio.
Nas veias da esfinge tremedonha
não se decifra a turba que passa:
cada face é a imagem que se sonha
entre seres e sinas e sinais e fumaça.
Página publicada em junho de 2019
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