| ANTONIO ENILDO FRANÇA & ELISABETE ALVES DE  SOUSA FRANÇA   (Salvador, Bahia,  Brasil, dezembro de 1986)      FRANÇA, Antônio Enildo &  FRANÇA, Elisabete Alves de Sousa.  Delírios  a quatro mãos por 
                    Antônio Enildo França e Elisabete Alves de Sousa França.   Salvador, BA: Odeam, 1986.  79 p.     Ex. bibl.  Antonio Miranda.  Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito, em 2021. ANTONIO ENILDO FRANÇA   A M A D E U S
 Genialmente clássico,
 Wolfgang Amadeus Mozart
 recebe o clarão divino,
 e presentea-nos com as Sinfonias nos.  25  e 40
 — obras de grandeza transecular, universal.
 
 “Elvira Madigan”
 é sua musa no. 21º. Concerto.
 E a sua “Flauta Mágica” do amor,
 faz-lhe escrever na pauta,
 o jupteriano romantismo sinfônico.
 
 Sonhando em “Serenade”,
 o Príncipe dos Compositores
 realiza o Concerto no. 12
 para os Apóstolos do Paz,
 que o seguem maravilhados,
 ao contagiante som, da “Marcha Turca”.
 
 Salzburg envaidecida,
 concebe de suas entranhas artísticas,
 aquele virtuose Mestre da Sinfonia Concertante
 — a celebrar nos céus,
 as “Bodas de Fígaro”.
 
 Salvador,  30/07/1985;
 Publicada no jornal  “IC”, em 1985.
 
   A MORTE DOS SAVEIROS   Brisa que dengosamente sopra,eriçando as triangulares velas
 amplamente abertas,
 para o bailar poético
 dos multicores cisnes
 — nas águas plácidas,
 da baía de Todos os deuses e Santos.
 
 Câmeras abertas em milimétrica percepção,
 focalizando dramaticamente
 o crepuscular brilho Paraguaçu
 dos históricos e frutíferos Saveiros
 (elo  de ligação, entre o Recôncavo
 e  a soteropolitana gente),
 gemendo nas cordas e mastro
 o canto e desencanto,
 da nossa Mãe d´´Agua
 — que chora as lágrimas ressentidas
 desses numerosos mestres navegantes,
 com o advento do “progresso” contemporâneo.
 Salvador, 16 de setembro de 1986
 — DIA INTERNACIONAL DA PAZ.
 
                    POESIA  ANATÔMICA
                para Noel Rosa
 Arteralmente pressionado,
 Encontro-me ante as crateras e
 abismos,
 do meu corpo submerso
 Em arquipélagos sanguíneos
 —Molhando o rosto.
 
 Anti-corpos motociclistas,
 Dão voltas retroativas
 No mortal globo,
 De substância ocular.
 
 Batalhões de microbióticos,
 Entrincheiram-se nas concavidades
 celulares
 — Fagulhas enzimáticas, explodem
 no ar.
 E neurônimos mensageiros,
 Levam a minha rendição.
 
 Veias entrançadas,
 Sufocam-me o grito.
 Sinto que vou morrer;
 Já não não tenho fôlego
 — É o fim de tudo.
                Salvador, 12/12/1975     COXILHAS                      ao povo gaúcho   Quando canta o Minuano,cala-se a Natureza
 —  que se gela de pavor —;
 e trêmula, escuta-o.
 
 Vento-Sul, cerrado
 Pampa de aurora nevasca.
 Coxilhas, horizontes boiadeiros
 no mate-chimarrão.
 
 Prendas formosas — aldeãs,
 uva, maçã — brotos
 em pomares frutificados
 de vinho e paixão.
 
 Boleadeira — rodopio farroupilha,
 Poncho e Cana-Verde
 —  sapateado Malambo —,
 Bombachos em “Farrapos”, Tchê,
 nascente do Arroio-Chuí.
 
 Salvador, agosto 1975
 Publicado no jornal “Reflexo” em 1981
 
                 ELISABETE  ALVES DE SOUSA FRANÇA Natural  de Jequié, Bahia, Brasil, reside em Salvador desde 1976,
 sendo casada há 10 anos com Antônio Enildo França.
 Professora, artesã, poeta social em tempo integral.
      DESMATAMENTO     A natureza,está triste.
 O desmatamento, é constante:
 As florestas já não têm
 aquele ar de realeza;
 desnudas e decepadas,
 tornaram-se feias, desérticas.
 
 Estão matando a natureza.
 Já não sabemos mais,
 onde vive o uirapuru.
 Não sei também,
 como viverá o homem.
 — Quem vier, verá.
 =======   INADAPTAÇÃO   As horas não passam:É como se a vida
 Estivesse parada;
 Mas eu sei que a vida não para.
 Eu fui quem parou.
 No tempo e no espaço,
 Nessa roda viva
 Que é a vida.
 Eu não engrenei.
 Não passei nenhuma marcha completa;
 Ainda estou engatada.
 Na primeira.
           Remanso, 19 de julho de 1983     EUFORIA    Céu nublado,anunciando chuva.
 Chuva milagrosa,
 sonhada e tão querida.
 É como se fossem
 gotas de ouro,
 caindo em abundância
 sobre os lares miseráveis.
 
 Todos contentes,
 e a terra seca
 da caatinga,
 está embriagada
 de tanta chuva.
 Escuto um mavioso som.
 É o grito de euforia,
 da terra!
 
 Publicado no livro  “Poetas brasileiros  de Hoje
 — 1986”, da Shogum Arte.
     CLARÃO DE VAGALUMES  Eu  quero fazer
 Um samba
 Bom de pé
 Ver crioula gingando
 Sem parar
 Um samba
 Que fale de Pelé
 De Zico e de Mané
 E de viola ao luar
 Mesmo que não tenha lua
 Em noite escura
 Com vagalumes
 Iluminando o seu caminho
 Até chegar à casa grande
 Da fazenda do Moinho
 Onde negros outrora
 Capoeira jogavam
 Afiavam os facões
 Para cana cortar
 Ou quem sabe
 Em dia de festas
 O “MACULELÊ” dançar.
           Remanso, 21 de Julho de 1983   EM BUSCA DO SOL. ANTONIO  ENILDO FRANÇA -  EVERALDO OLIVEIRA SANTOS  – MIGUEL NASCIMENTO.   [sl.,  sem editora, sem data de impressão]  Capa  e ilustração: Miguel Dantas.  77 p. Ex. doado pelo livreiro Brito
  
 GRILHÕES — Para Castro Alves —
   Vozes amordaçadas — algemas —,E correntes nos calejados pés.
 Pelourinho decepando corpos,
 Dorso nu — ferro abrasante.
 
 Grilhões  — entrelaços opressores,
 Degradação humana, fétidos porões.
 Naus assassinas no cruzar
 dos  bravios mares,
 Braços para o alto
 — Clamor de Justiça.
 
 Albatroz — pássaro da Liberdade
 Ouve os gemidos cativos,
 E reza o hino do sofrimento!
     VERSOS CAÓTICOS         aos amigos José Renato, Neuza, Ézel e  Rosencília.
 
 Cristais  de gelo desprendem-se
 Das galerias incrustadas
 Nos paradigmas vitelinos
 Que aceleram a
 materialização eletrônica, sintética.
 
 Icebergs bifurcadores e eclipsantes
 Quebram-se ao contacto pleural
 De naus colombianas,
 Quando se desponta o Novo Mundo.
 
 Cancioneiros atômicos,
 Detectam raios ultra-sensoriais
 Em receptores betanianos
 — Maravilha da concepção organo-boreal.
 
 Vilipendiados nessa ressaca genética,
 Plutônios saltimbancos
 Injetam-nos códigos encefálicos,
 Obrigando-nos obviamente,
 A hiperbolizar
 contingentes inteiros de gametáforos.
 
 — Como também, dimensioná-los
 Para averiguações clarividentes
 —  alienígenas —
 Dos benévolos mirápodes pré-diluvianos.
 
 Aparelhos vulcânicos,
 Racham as paredes
 De nossas elocubrações organogramaticais,
 E expõem as vistas espiãs,
 Segredos bacilares
 Deste processo mili-micropredatório, inadiável.
 
 — Fonte onde nos banhávamos idiossincrasicamente,
 Inspirando-nos assim,
 a compor líricas maquinações duodenais.
 
 Endemias cronologicamente violáceas,
 Aspiram vapores fuliginosos, heráldicos,
 Do Festival Parafernallium
 — Grandeza teopsimsetafisiocadencial!
 
 Asas de morcegos,
 Evaporam-se nos sistemas odoríferos,
 Quantificando os energúmenos e anfibiópterosq2
 palacianos.
 
 E por que as fotossínteses hidrominerais,
 Estão a depor do seu áureo trono
 As legendárias pontuações
 —  teleguiadas por catapultas ordinais —
 Salvador,05  a 06.01.76
 
 
     Página ampliada e republicada em janeiro de 2022. * VEJA E LEIA  outros poetas da BAHIA em nosso Portal:
 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html   Página publicada em agosto de 2021 
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