TENREIRO ARANHA
(1769-1811)
BENTO DE FIGUEIREDO TENREIRO ARANHA, filho de Rasimundo Tenreiro e de D. Tereza Joaquina Aranha, nasceu a 4 de setembro de 1769 na vila de Barcelos, antiga Comarca do Rio Negro. Ficando órfão aos 7 anos, foi entregue a um tutor que o fez aprender as primeiras letras. Mais tarde, amparado pelo Vigário Geral, José Monteiro de Noronha, matriculou-se no Convento de Santo Antônio, transferindo-se, a seguir, para as aulas dos Padres Mercedário, onde desenvolveu seu talento.
Em virtude de dificuldades financeiras, não lhe foi possível seguir para Coimbra a fim de completar seus estudos.
Foi diretor de Oeiras, vila de índios, onde era muito respeitado, abandonando este cargo por ter sido nomeado escrivão da Alfândega do Pará. Por injustiças políticas, afastou-se de suas funções, voltando à sua vida no campo. Admitido para a Mesa Grande do Pará, foi confirmada sua vitaliciedade pelo Príncipe Regente D. João. Faleceu a 11 de novembro de 1811.
Bento de Figueiredo Teneiro Aranha(1769-1811). Obras Literárias, publicadas por seu filho em 1850.
À MAMELUCA MARIA BÁRBARA*
(assassinada porque preferiu a morte á
mancha de adultera)
Se acaso aqui topares, caminhante,
Meu frio corpo já cadáver feito,
Leva piedoso, com sentido aspeito,
Esta nova ao esposo aflito e errante.
Diz-lhe como de ferro penetrante
Me viste, por fiel, cravado o peito,
Lacerado, insepulto, e já sujeito
O tronco feio ao corvo altivolante.
Que de um monstro inumano — lhe declara
A mão cruel me trata desta sorte;
Porém que alívio busque a dor amara,
*Versão com atualização ortográfica.
Extraído de: OLIVEIRA, Alberto. Os Cem melhores sonetos brasileiros. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos,1941 p. 228 p. 13x19 cm.
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LINS, José dos Santos. Seleta literária do Amazonas. Prefácio de Arthur Cézar Ferreira Reis. (Com notas Biobliográficas). Manaus, AM: Edições Governo do Estado do Amazonas, 1966 . 366p. (Série Raimundo Monteiro, volume V) 14,5x20,5 cm. Ex. Bibloteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.
A UM PASSARINHO, QUANDO O AUTR SOFRIA VEXAÇÕES
Passarinho, que logras docemente
Os prazeres da amável inocência,
Livre de que a culpada consciência
Te aflija, como aflige ao delinquente.
Fácil sustento e sempre mui decente
Vestido te fornece a Providência;
Sem futuros prever, tua existência
É feliz, limitando-se ao presente.
Não assim, ai de mim! porque sofrendo
A fome, a sede, o frio, a enfermidade,
Sinto também do crime o peso horrendo.
Dos homens me rodei a iniquidade,
A calúnia me oprime, e, ao fim tremendo,
Me assusta uma espantosa eternidade.
(Do livro "Panorama da Poesia Brasileira",
Vol. I, Era Luso-Brasileira).
SONETOS. v.2.Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, s.d. 151 - 310 p. 16,5 x 11 cm. ilus. col. Editor: Edson Guedes de Moraes. Inclui 171 sonetos de uma centena de poetas brasileiros e portugueses. Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETO III
Não vence o General, que na batalha
Só mostra brios em trazer bordados
Ricos telizes, elmos emplumados,
Luzentes armas, e lustrosa malha.s
Mas sim aquelle, que fiel trabalho
Em inspirar magnânimo aos soldados
O puro amor da glória, despresados
Os fúteis dons que a mão do tempo talha.
Assim Coutinho ilustre, que vestido
Vem de uniforme simples e ligeiro,
Fama nos dá, e exemplo esclarecido.
Honra-te, ó Terço desde já primeiro,
Que, se em Souza outros tem Chefe subido,
Tu o contas também por companheiro.
Página ampliada em abril de 2017; Página ampliada em novembro de 2019.
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