POLLYANNA FURTADO
(1981)
é paranaense radicada no Amazonas. Formou-se em Letras e especializou-se em Linguística pela Universidade Federal do Amazonas. É aluna de Mestrado em Letras - Estudos Literários (UFAM) e professora do ensino fundamental. Lançou os livros de poemas f metais e A margem da luz (edição do autor, 2007) e o ABC da Floresta Amazônica com Thiago de Mello (Conhecimento, 2008). A autora participou de eventos de literatura no Brasil e no exterior.
De
FURTADO, Polyanna.
Simetria do caos.
Rio de Janeiro: 7Letras, 2011. 80 p.
ISBN 978-85-7577-740-4
OS OLHOS
No meio da colina dourada,
havia milhares de olhos
de tons e formas distintas.
O branco ovo de pedra
brilhava um verde esmeraldino,
•escondendo o viço nas brutas rochas.
Uma mina de gemas, ágatas,
rubis de fosco brilho
escondidas na montanha rochosa.
Minas secretas,
segredos do mundo.
Olhos sólidos e vívidos
miravam-me do alto
da montanha de livros.
TEMPOS
A terra dos viajantes
em tempos perdidos
surgiu e desmoronou
a muralha de pedras
castas.
Heterogênica atitude
essencial.
A excelência cobre
de virtudes
o vil sinistro
da obra inacabada.
Cansado de tanta
nostalgia
por rudes tempos
de eventos ineficazes.
A PRAÇA
Distribuição de indigentes
ignorados pela intransigência.
Ignota discrepância
de uma singular civilização.
Desmedidos, censurados em larga instância,
de uma força dividida, em dissipação.
Expressão desenganada e corrompida,
de um povo desiludido pela ganância.
No ácido da ferida,
absorvidos pela ânsia.
Jaz um grito:
dissolvam-se os parâmetros,
recomponha-se o veredicto.
OS OLHOS
No meio da colina dourada,
havia milhares de olhos
de tons e formas distintas.
O branco ovo de pedra
brilhava um verde esmeraldino,
•escondendo o viço nas brutas rochas.
Uma mina de gemas, ágatas,
rubis de fosco brilho
escondidas na montanha rochosa.
Minas secretas,
segredos do mundo.
Olhos sólidos e vívidos
miravam-me do alto
da montanha de livros.
FURTADO, Polyanna. Fractais. Manaus: 2008. 29 p. (reimpressão) “Edição independente” 11x16 cm. Col. Bibl. Antonio Miranda (EA)
sublíme
A multiplicidade de imagens poliossêmicas
e aliterações não preenchem o vácuo
da insignificância retórica de ioda falácia
que preenche os espaços dos jornais e
revistas
as inúmeras notícias contidas e
contaminadas
nas entranhas da opinião pública
toda signifícância impregnada
de sofismo deliberado
mastigados e impulsionados
pelas ondas dos satélites
e a fugacidade das informações
que não compete com as limitações
do cérebro biológico
e a seletividade da memória humana
das pessoas que vivem em zonas
urbanas e não sabem o que fazer
com a caótica concatenação de imagens
e sons dos meios de comunicação.
COLETÂNEA DE POESIAS – PRÊMIO SESC DE POESIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 2008. Brasília. DF: Serviço Social do Comércio do Distrito Federal SESC DF, 2008. 185 p. Ilus. fotos dos poetas e do júri.
S. O. S.
A chuva e o som do vento
meus ouvidos contemplam.
Os olhos ouvem o silêncio
no tempo que pertence.
O silêncio desse vasto mundo,
desse tempo mudo.
No florescer da floresta,
revigora e regenera
a vida dos seres rastejantes.
Na imensidão da floresta,
invade no infinito...
a vida eterna dos seres saltitantes
habitando a paisagem,
na visão selvagem.
Sublimes seres flutuantes,
ceifando a vida dos seres navegantes.
Num círculo simbiótico
de uma cadeia irreversível.
Até que Curupira proteja,
até que Deus dê um destino definido.
Há extinção de árvores, há fuligem...
Humos vitalícios regeneram e revitalizam,
enquanto o ser humano
invade o vasto e degenera
cada quilômetro da biosfera,
destruindo o verde,
aspirando ao verde do papel.
Página publicada em outubro de 2011, ampliada e republicada em abril de 2014.
Página ampliada em agosto de 2020
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