OMAR DIAS
Nasceu em Manaus (Amazônia).
Membro de Grêmio Gregório de Matos, Manaus.
Tem poesias esparsas em jornais de Manaus e Belém.
MELLO, Anisio. Lira amazônica - Antologia. Vol. I São Paulo: Edição Correio do Norte, 1970. 286 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETO AO SEU BILHETE
“Tu que és minha vida, que eu adoro
e hei de adorar até morrer, aceita..." . . .
e escreveste com a fina mão, desfeita
em beijos mil, que aos poucos rememoro. . .
Foi um bilhete assim. . . Quase o decoro,
tanta a ternura ingênua que o enfeita;
pequeno e leve. Uma ilusão perfeita
bailando em frisos pelo o azul sonoro. . .
Agora. . . quando o tempo é tão amargo,
que deixou sobre mim sombra e embargo,
lua presença, de aromas, recoloro;
e vou junto a um quebranto todo meu,
reler o que, a tua mão fina, escreveu:
"Tu que és minha vida, que eu adoro..."
(Com dedicatória "Ao Serafim".
CIRCUITO
diurnos e esfíngicos
peixes circunspectos
através do aquário contemplamos
lá fora
a humanidade cismática e
indecifrável
há sempre um segredo
para tudo
e uma resposta
para nada.
NOVO EXÓRDIDO
Ao que me diz nos grotões da batalha:
"É gelado o existir, e esse riso tirano
trás, no abismo da face, o fragor do oceano
que a tremer, orquestral, as lendas agasalha!
o que num destro te palpitou do humano: Ao que disser depois: "Em silêncio, retalha o horizonte do amor, o queixume do arcano a gerar nova senda onde bebe orvalho!
Devo como em surdina, esta cisma sonora de poder num segredo, enclausurando aurora, ter no lilás do amor o chispar do oceano!
De poder, no horizonte que me irrompe o peito,
aflorar feito sons, na paisagem desfeito,
quando em sombra surdir o que me faz Humano!
(Publicado com dedicatória ao seu tio Raimundo
Mesquita Dias).
Página publicada em novembro de 2020
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