MIGUEL DE SOUZA
Miguel de Souza (nascido em 8 de agosto de 1969) é jardineiro há 25 anos em Manaus.Tem um livro publicado (Poemais) e mantém um blog(miguelsouza.36.blogspot.com.br)
SOUZA, Miguel de. maximínimas. sonetos sobre aforismo. Miguel Ferreira de Souza. Rio de Janeiro: Autografia, 2018. 68 p. 14 x 21 cm. ISBN 978-85-518-1291-4 Ex. bibl. Antonio Miranda
"Prisioneira do corpo, a alma vive em guerra com o carcereiro."
Carlos Drummond de Andrade
I.
Nascer é estar na prisão da matéria!
É travar uma guerra todo dia,
com esse carcereiro sem folia,
autor de grandes traduções funéreas.
Abandonar as horas deletérias,
e fazer parte da fisionomia
crepuscular, com toda autonomia,
e fundir-se também com a bactéria.
É trazer em seu peito a sentença,
é curvar-se também ante a presença
do sempiterno Autor, o carcereiro.
E saber que a matéria tem origem.
E da alma que mais parece vertigem,
qual mesmo será o seu paradeiro?
*
"O amanhecer é uma festa para convidados que estão dormindo”
- Carlos Drummond de Andrade
II.
Enquanto todos dormem justo sono,
a natura prepara linda festa!
O sol, aos poucos se manifesta,
e ornamenta o horizonte de cromo.
O arco-íris não o deixa no abandono,
e esparrama no cimo, como fresta,
as sete cores que ninguém contesta,
para saudar do mundo, o grande Dono.
Enquanto todos dormem nas alcovas,
a natura trabalha... Eis aí a prova,
para o dia que logo vem surgindo.
E esses primeiros arrebóis solares,
espalham-se por todos os lugares,
para a alegria dos que estavam dormindo.
*
Não é difícil ser amado por duas pessoas; difícil é amar as duas.”
- Carlos Drummond de Andrade
III.
Nunca amei, ao mesmo tempo, duas vezes,
se Deus só me concedeu um coração.
Assim como a Eva foi a eleita de Adão,
já tive a minha musa por uns meses.
Mas, ao longo da vida, nos revezes
dela, feito um abandonado cão
Fiquei. Agora, agarrado à solidão,
quais solitários gatos siameses,
estou. Mas, ser amado em dose dupla,
não sentiria, eu sei, nenhuma culpa
por isto. E as duas, eu não as amaria.
Sei que se trata de algo impossível,
pois, amá-las, ao mesmo tempo, é incrível!
Já sou compromissado co' a poesia.
PÉRGULA LITERÁRIA VI. 6º. Concurso Nacional de Poesias “Poeta Nuno Álvaro Pereira.” Valença: Editora Valença, 2004. 202 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
REFORMA AGRÁRIA
Aquela terra num abandono
Parece não ter dono!
Mas não foi bem assim...
De repente houve a guerra
Por um pedaço de terra
Que todos queriam, sim!
De repente houve a batalha
Para o começo da insônia
Lá pelas bandas de Rondônia.
E por mais que a terra valha
Não adianta essa luta
Essa terrível disputa
Que pelo Brasil se espalha!
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/amazonas/miguel_de_souza.html
Página ampliada e republicada em janeiro de 2024.
Página publicada em novembro de 2018
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