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POESIA AMAZONENSE
MAX CARPHENTIER
Max Carphentier Luís da Costa, nasceu em Manaus a 29 de abril de 1945. Advogado, bancário e escritor, é membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, da Academia Amazonense de Letras, do Clube da Madrugada e da União Brasileira de Escritores, do Amazonas. Tem sangue e tradição de poeta, herdados naturalmente de Hemetério Cabrinha, seu avô, um dos autores a espera de estudos. Fonte da biografia: http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/serie_memoria/61_literatura.php
CARPHENTIER, Max. A Palavra de Tudo. Manaus: Sejamos Luz, 2017. 139 p. ilus. Capa e projeto gráfico:Lo Ammi Santros.Prefáci: Marcos Frederico Kruger. ISBN 978-85-92738-06-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
VOLÚPIAS DA PANELA
— Nunca me vejam fria, eu sou mais quente do que o fogo que amo e que me cumpre. Panela sou, a dama da cozinha, a que vive feliz do amor fervente que exulta em carnes, vegetais, aromas.
Vinde até mim, espigas desterradas
Vinde até mim, ó carnes desgarradas a terra e o céu em caldeiradas lindas!
Vinde até mim, ó camarões aflitos, que vos repousarei em iguarias. Ó ostras talvez grávidas de pérolas, eu tenho cochas para as vossas conchas! Lulas e polvos, provisões do mar, mostrai em mim que sois bênçãos do abismo.
Alegrai-vos, tubérculos sepultos, porque em sopa e pudim vos ressuscito! Grãos que dançais nos campos, derramai-vos em mim que sou feliz de oferecer-vos a transpirar canções que ouvis dos pássaros.
De alumínio ou de barro, a minha tampa
MEMÓRIAS DE UMA ROSA
— Como Rosa que sou, mulher do Lírio,
Eu de amarelo, lembro de uma festa em que me depuseram entre os seios da amada, e ouvi que um coração bate um pouquinho mais por um amor que chega do que por um que parte Um frémito inventei de tal maneira, que no momento aéreo mais feliz das taças uma gota caiu sobre meus lábios-pétalas,
Recordo-me de branco sobre o túmulo
Vesti-me de vermelho em tarde de Sevilha
Resumo-me na flora: estrela vegetal. intérprete da alma e da matéria, tanto digo de Deus quanto do homem. E vivo de morrer a cada instante que me arranca de mim para cumprir-me.
CARPHENTIER, Max. Tiara do verde amor. Tríplice coroa de sonetos. Manaus: SCA/ Edições Governo do Estado, 1988. 130 p. 14,5x21 cm. Apresentação: Antonio Carlos Vilaça. Capa e ilustrações de Van Pereira. Texto e ilustrações impressos na cor verde. Col. A.M. (EA)
DA MANDIOCA
A COROAÇÃO DA ANUNCIAÇÃO Fontes de vida que os vão salvando,
CARPHENTIER, Max. Quarta esfera. Manaus: Casa Editora Madrugada, 1975. 143 p. 14,5x21 cm. Menção honrosa no Concurso Prêmio Estado do Amazonas 1968. Capa: Aluísio Sampaio. Ilustrações: CARPHENTIER, Max. Quarta esfera. Manaus: Casa Editora Madrugada, 1975. 143 p. 14,5x21 cm. Ilustrações: Van Pereira . J. Maciel e Afrânio Castro. Retrato do autor: bico de pena de J. Maciel. Col. A.M. (EA)
22 o quartzo não geme, colhe
CARPENTHIER, Max. Orfeu do Nazareno. Manaus, AM: Imprensa Oficial, 1983. 95 p. 14,5x21,5 cm. Introdução: Jean-Leon Jaurés. Capa: Jair Catanhede. Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.
O SENHOR É INVOCADO NO DELTA DO PARNAÍBA
I
O Parnaíba abre no oceano um leque de cidades, aquática hipotenusa entre o deserto e a selva. Esse rio, que já foi o Grande dos Tapuias, tece o cocar de praias do seu delta e no talvegue acolhe esses vestidos que as dunas secam no varal dos ventos. Esse é o rio do gado olhando as ondas como capim de sal crescerem e se acabarem próximo de onde o arroz levanta o ouro de relâmpagos verdes sobre a terra. Aqui também há o homem e a nova lei assegurando o sínodo das garças, a permanência da vida em suas mínimas ternuras, do concerto das rãs à ronda dos jacus.
II
Esse é o rio de "Parnaíba, Norte do Brasil" e sua praça colonial de mercadores de charque, e da Tutóia esquina dos alíseos, nau fenícia que ao mar fende com as suas bujarronas palmeiras enfunadas. Esse é o delta do mestre Egeu, buril do sertão, com suas fortes madonas da caatinga talhadas na madeira; o delta da Francisca da Conceição, mestra na conceição de anjos e bichos de igual barro, oleira de vocação glorificada entre as paredes de taipa.
III
Guardai do mal, Senhor, essas águas e terras, e animais e pescadores e caminhos que ainda têm o ritmo próprio das coisas que evoluem em pa/j Inspirai as mãos de Egeu e de Francisca e mais as mãos rendeiras da lagoa do Sobradinho, que entretecem os fios dessa carícia plena de humildade. Assim também, Senhor, as bordadeiras da ilha de Santa Isabel, essas que sabem converter o sisal nos ideogramas das toalhas oradas pelas mãos Nesse delta, Senhor, o teu cajado reúne os homens, cereais e quilhas, e o rio, que o vento lava e as ilhas tange.
CARPHENTIER, Max. O Sermão da Selva. Manaus, AM: Edição da UBEAM, 1979. 56 p. ilus. 15,5x22 cm. Ilustrações e capa de Jorge Palheta. "Editado sob os auspícios da União Brasileira de Escritores do Amazonas." Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.
(fragmentos)
E a selva terá sempre, contra a fome, Selva de cujos vasos o branco sangue de látex (...)
Página publicada em fevereiro de 2012; ampliada em abril de 2017. Ampliada em nov. 2018.
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