MÁRIO YPIRANGA MONTEIRO
Mário Ypiranga Monteiro (Manaus, 23 de Janeiro de 1909 — Manaus, 8 de Julho de 2004) foi um advogado, escritor e professor amazonense conhecido por sua grande contribuição pelo estudo da História do Amazonas[1].
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Em 1924 ingressou pela segunda vez no Ginásio Amazonense Pedro Segundo (a primeira vez foi em 1922 como aluno ouvinte), concluindo o curso em 1930. Foi no Ginásio que sua vocação para as letras despertou, ao redigir dois jornais manuscritos e datilografados (os quais se encontram no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas) e ali fundou com outros colegas o grêmio estudantil Pedro Segundo, que editava o jornal O Estudante. Já nos dois últimos anos do Ginásio começou a colaborar em revistas forâneas, do tipo Fon-Fon, O Malho, onde publicou contos regionais ilustrados.
Ao deixar o ginásio foi percorrer os rios Negro e Branco, durante dois anos, e mais tarde seria nomeado professor primário do Grupo Escolar Monsenhor Coutinho, de Borba. Regressando a Manaus trabalhou nos jornais Correio de Manaus, Voz do Operário (ambos fechados pela polícia), Doze de Agosto e a revista Vitória Régia, de sociedade com seu colega Francisco Benfica. Foi revisor e redator dos jornais A Nação, Jornal do Comércio, O Jornal, A Luta Sociale Diário Oficial. Deixou este para ingressar como professor titular da cadeira de Geografia Geral, no Colégio Estadual, no qual se aposentou em 1964.
Em 1955, sendo instalado o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), foi convidado pelo então diretor Olímpio da Fonseca, para preencher o quadro de pesquisadores de campo. Recebeu uma bolsa de estudos para pesquisas históricas em Portugal, principalmente no Instituto Histórico Ultramarino. O material pesquisado foi trazido em forma de microfilmes e entregue ao Instituto. Ainda como membro do INPA, na gestão de Djalma Batista, publicou as seguintes pesquisas de campo: Antropogeografia do Guaraná, O Sacado, Morfologia dinâmica fluvial e Folclore da Maconha.
Em concurso de títulos para a Faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras da Universidade do Amazonas, ganhou a cadeira de Literatura Amazonense, da qual se aposentou alguns anos depois. Dono de uma vasta obra, a maioria localizada na imprensa diária, alguns chegam a dizer que Mário possuía mais de duzentas obras, sendo 16 ainda inéditas.
Participou de muitas entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, Academia Amazonense de Letras, Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e a National Geographic. Seu trabalho de pesquisas Alimentos Preparados à Base de Mandioca foi premiado pelo Instituto Brasileiro de Folclore e recebeu prêmios pelos livros Roteiro do Folcore Amazônico e Teatro Amazonas também. [Texto extraído da Wikipedia]
MONTEIRO, Mario Ypiranga. Dona ausente. Poema. Manaus 1929-1930. Manaus, 1940. Manaus: Imprensa Ofcial do Estado do Amazonas, 1981. 43 p soltas conservadas em envelope. Ilustrações de Amilde Pedrosa, 1946. 12 sonetos escritos no final da década de 20, sofreram algumas alterações para publicação, com o título de Filigranas, no Jornal do Comércio, sob o pseudônimo Chester.
V
— Olho a tarde que finda... A espessa bruma
vela os contornos da paisagem queda
e as horas vão tecendo, uma após' uma,
sobre o meu tédio um pálio gris de seda.
As flores que colhi morrem exalmas,
hastis dobrados nos bocais das jarras.
(É assim que morrem, pelas tardes calmas,
os poetas, os lírios e as cigarras...)
Flutua a solidão aqui em tomo
onde somente o pêndulo assinala
breve, monótono, insistente e somo,
a ausência dela nesta pobre sala.
IX
— já se calaram todas as cigarras
No bucolismo dessas horas quedas.
Não vibram mais orquestrações bizarras
Pelo silêncio bom das alamedas.
Amo-a demais. Às vezes sua ausência
a saudade deplora e eis-me a chamá-la
para que traga azul a esta querência
e um pouquinho de sol à minha sala.
Vem dela a minha glória e é dela o cheiro
De mocidade, que pelo ar se estrela.
Duvido que haja rosa em seu canteiro
Que cheire tanto como a carne dela.
XVII
— Faz-se tão ermo o meu silente asilo
na tristeza envolvente destes ermos
que os lírios e as cigarras, por senti-lo,
parecem todos de Saudade enfermos.
Unge a paisagem, como um óleo santo,
a mágoa deste Ocaso que me unge...
Essa Hora roxa me comove tanto.
como a saudade que a minha alma punge.
Página publicada em abril de 2012
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