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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

JACOB  OHANA

 

Nasceu em Belém, no dia 16 de outubro de 1942. A partir de 1943 passou a residir em Manaus, onde realizou seus estudos. Publicou os primeiros textos na página literária do Clube da Madrugada, tornando-se um de seus colaboradores. Advogado, funcionário do Banco do Brasil, atuou na Cacex desde 1970, já no Rio de Janeiro. Depois trabalho na Secretaria de Comércio Exterior – Secex/MDIC. Professor de comércio exterior e palestrante dedicado. Amazonense, tem fortes laços com as iguarias e costumes das regiões Norte e Nordeste, que se fazem presentes em seus trabalhos. Obra poética: Cotidiano das ruas e dos entes, (poesia) 1998; Armadilhas para Esaú (contos – Literis Ed. – Rio – 2003); Meu segundo cadillac (romance – Livraria Internacional – Rio – 2004). Jacob faleceu em 2008. Fonte: http://cargueirodeletras.blogspot.com.br

 

OHANA, Jacob.  Cotidiano das ruas e dos entes.    s.l. : Edição do Autor, 1998.  79 p.  14x20,5 cm.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação da família de Francisco Vasconcelos.

 

         SONETO DO CACHIMBO

Barroco trombone
inversa retorta
vulcão que comporta
migalhas de fumo

Versão indecisa
de mastro sem barca
minúscula arca
de flauta sem som

Efusa corola
de vício e madeira
que à boca desperta

Cadinho que funde
auréolas de nuvens
no ecúleo de cinzas

 

         SAPOTIZEIRO

 Te visito, passado, poalha antiga,
diviso o teu semblante conhecido,
nas réstias onde a luz já fez cristais
— O tempo expõe a arte e a natureza
em alegorias de mármore.

O preço é o peso que retorna
do lustre carcomido
a angústia presa à luz.

As raízes de seda de tuas árvores
dizem as cerdas, os líquens
de árvores antigas,
pastoras de outras gerações,
geratrizes do ocaso que a contempla.
Tempos diuturnos
ninhos de sanhaçu
nos rufos batem o azul
das asas.

 

         ESPERA

Te insinuas, às vezes vens concreta,
ou apenas deserta a sombra engana;
de ti contrasta a luz que não te afeta
posto que o corpo ela própria afana.

Te insinuas. As mãos na porta aberta,
preenches a um tempo os meus espaços
na pressa de chegar que torna incerta
as linhas irreais de tantos traços.

Vens adversa como a pomba em fuga
e raramente pousas com clareza
como se indo já voltando fosses.

Assim é que em ti nada perdura
enquanto forem a dúvida e a certeza
o início e o fim das tuas luzes.

 

Página publicada em abril de 2017

        

 

 


 
 
 
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