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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

HEIMAR VERAS

 

Nasceu em Manaus, Amazonas.

 

 

BALADA DA CIDADE FLUTUANTE

 

O Rio Negro galopa a paisagem
morta e viva, viva e morta
dos flutuantes encharcados de tragédias. 

 O DESEMPREGO  O ROUBO   O CÁRCERE
— Vai, home, percura cumida, home.
— Mulé, toma o dinheiro qui arrumei.
— Entrou aí, o ladrão entrou aí, pega. 

 A NECESSIDADE   O DESBRIO   A VERGONHA
— Não, mamãe, ele é um monstro.
— Qui importa, não temo roupa nem vida.
— Eu era criança, minha mãe obrigou 

O AMOR   O CIUME   O CRIME

— Vi um cabra aqui cuntigo, mulé.
— Foi Zé Anavaiada, o terror da puliça,
— Zé, pruquc mataste o marido dela. 

O Rio Negro galopa a paisagem
morta e viva, viva e morta
dos flutuantes encharcados de tragédias. 

A FOME   A FEBRE   A MORTE
— Dorme, fiinho, num tem arlimento.
— Mãinha, num quelo durmir, quelo cumer.
— Socorro, tá frio, acordou morto. 

 O FRACASSO   O DESGOSTO   A COVARDIA
— Me dá uma dose, peste, vou virá bicho.
— Virgulino, a puliça segue teus fio.
— Coitado de Virgulino, suicidou-se ontem. 

 O DESEJO   A IGNORÂNCIA   O PECADO
— Mamãe, tu tá pecando cumigo assim.
— Meu filho, gosto de ti como home.
— Arre diabo, os dois ficaram como cachorro. 

 A MISÉRIA   A PRECE   O CHORO
— Dorme, fiinho, esquece teu estômago.
— E o papai? Adonde tá o papai?
— Não chora, ele tá inda na prisão. 

O Rio Negro galopa a paisagem
morta e viva, viva e morta
dos flutuantes encharcados de tragédias.

 

(Poema extraído de  -  http://catadordepapeis.blogspot.com/)

 

 

 

 

 

MELLO, Anisio.  Lira amazônica - Antologia. Vol. i        São Paulo: Edição Correio do Norte, 1970.   286 p.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Meu pensamento caminha, trôpego,
A estrada imane e ínvia do tempo.
Aquele caminho núbio que dantes percorri.
Passa por sepulcros de meus idílios transatos
Sem ao menos querer relembrar um deles.
E eu atribulado pelo langor enervante do arquejo
Deixo-o parar ao lado de um túmulo sem flores,
no exórdio desta senda incomensurável, intransitável.
Ali minh´alma ajoelha-se e com estertor profundo
Faz uma eufemia em sufrágio de seu trespasse.
É o meu primeiro amor que ali está sepultado.
Ele fora levado ao jazigo funéreo do tempo
Quando chegara o epílogo de nosso derriço.
— Volta, pensamento, deixa-o dormir seu sono,
Pois nunca mais o será ressuscitado.
—Meu primeiro amor o tempo já levou-o!
E com lamúrias ruidosas volto à realidade.

(Em “O Jornal”, 21-10-62, Manaus)

 

 

 

 

 

FRUTO DO PECADO

Após a oração, encolhida ao cantinho da cama,
Pergunta a criança à mãezinha que triste ora:
“Mamãe, me responda, se a senhora me ama,
Por que meus colegas têm pai e eu não tenho agora?”

E não tendo resposta, a criança grita e clama:
“Mamãe, me diga, se é que a senhora me adora”.
E a mãezinha, com as mãos no rosto, exclama:
“Filho vá dormir, seu pai volta, não foi embora”.

 

“Como, quando eu era pequeno dizia que volta,
Já estou grande e a senhora diz a mesma história”,
Frisa a criança do canto da cama, com revolta.

E a mãe finda a oração, baixa o rosto enfadado,
e chorando abraça o pobre filho, merencória,
Dizendo: “Meu filho, errei na vida, você é o meu pecado”.

 

                   (Do “Jornal de Comércio”, Manaus, 1-11-63)

 


 

 

 

Página publicada em novembro de 2020


 

 

 
 
 
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