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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto e biografia extraído de http://rebra.org/

 

GILMA LIMONGI BATISTA

 

Durante sua carreira acadêmica, vem atuando no magistério, como professora das línguas vernácula e estrangeiras, tanto em universidades particulares quanto federais e estaduais, bem como em instituições governamentais. Como conferencista, pronunciou palestras em Congressos sobre o processo de ensino e aprendizagem com abordagem instrumental, área em que se tornou especialista e na qual defendeu dissertação de Mestrado na Pontífica Universidade Católica de São Paulo.

Por haver sido premiada em concursos literários ou por convites, participou de quatro Antologias entre poesias, contos, crônicas com publicação em jornais e revistas. Como ficção brasileira, publicou o ramance "O céu por entre a renda caprichosa das folhas da Amazônia".

 

Atualmente reside em Brasília - DF, onde é membro do Sindicato dos escritores de Brasília. Nascida e criada em Manaus, a escritora amazonense discorre predominantemente sobre a mitologia amazônica, como na recriação da lenda do boto - fêmea. É militante da utopia da defesa do verde entremeado de apavoradas vitórias-régias.

 

Prefere pensar que, na busca pelo seu muiraquitã da felicidade, trocou a Hiléia pelo cerrado de solidão, embora, mesmo lá, continue a gritar para o nada de ninguém, o seu slogan eterno: "SALVEM AS VITÓRIAS-RÉGIAS". Gosta de assumir-se como uma folha que silenciosamente, só chora.

 

 

O RESGATE DA PALAVRA: I Antologia do Sindicato dos Escritores do DF.  Brasilia:     Thesaurus, 2009. 156 p. ISBN 978-85-7062847-3  

 

 

 

Amazônia: colorida metáfora — queimada

 

Nós, os verdadeiros moradores do sol, raramente estranha­mos o calor. Sabemos como viver a quentura, tirar vantagem de sua ardência, cheiramos o sol. Qualquer temperatura abaixo da queimação vira inverno.

 

Sentimos falta do suor escorrendo, pingando das sobrance­lhas, gostoso mesmo é chorar de calor muitas lágrimas de amor. Para muitos, estraga não só as comidas como o humor, ruminam o tempo todo da inabitabilidade do sol, descon­forto da roupa colada ao corpo, fica tudo grudado... Hoje nem a quentura é a mesma, aumentou tanto!

 

Amazónia Azul, Verde, Pan-Amazônia, Amazónia Legal, tem Ilegal ou em toda ela o é? Quantas afinal? Questão de linguagem ou simples questão de adjetivos? Será que para o mundo, a Amazónia é tão - somente uma metáfora? Quei-mada-colorida.

 

Querem mesmo é botar a mão nela, transformá-la num lo­teamento lucrativo minúsculos de lotes de mil metros qua­drados, três dias rio acima e treze dias rio abaixo, sabe-se lá até onde ou quando; como se fosse possível partir, repartir, quebrar, diluir, dividir, derrubar, replantar, lotear e esmiga­lhar uma metáfora!

 

Ela se sente como se estivesse traindo o verde. Ofereceu à humanidade beleza, grandeza, nobreza. Recebeu metáforas: Impacto ambiental, desenvolvimento sustentado, sustentá¬vel, mais metáforas rio abaixo...

Pelo menos são belas. Pois diante de outras, a razão sucum-be, diante da feiúra e pobreza. Elas quebram os recortes dos rios e das matas, para tentar reconstruí-los, ( mapeamento por satélite) cheio de buracos esfumaçados, fumegando de ódio e de dor.

 

Fico imaginando quando queimarem tudo, quando restarem apenas clareiras de tocos pretos, troncos de fraturas expos-tas, não há metáfora que resista ao apocalipse. A poeira e a fumaça trarão o cheiro insuportável do horror. Só pulmão estourado por toda a parte, não poder mais reclamar, muito menos respirar. Nem nós nem o resto do planeta, acima ou abaixo do Equador.

 

Em vez de internacionalizar a Amazónia, vamos amazoni-zar o mundo?

 

Entre a cobiça de todos e a indiferença comum, posso dei-xar-me devorar lesamente, ou gritar: deixem a Amazónia em paz, para viver seu reflexo de infinito em seus cenários encantados.

 

Como se fosse possível alguém ouvir um grito perdido den-tro da selva ou afogado no meio do rio...

 

 

         Página publicada em julho de 2020

 

 

 


 

 

 
 
 
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